quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

A Liga dos Amigos do Jardim Botânico deseja um Feliz Natal e um Bom Ano Novo.

Com os melhores cumprimentos,

Manuela Correia

LIGA DOS AMIGOS DO JARDIM BOTÂNICO

Rua da Escola Politécnica, 58

1250-102 Lisboa Tel./Fax: 21 392 18 28




O JARDIM BOTÂNICO está no 2012 WORLD MONUMENTS WATCH

«Sobreiro já é a Árvore Nacional»

A partir desta quinta-feira, o sobreiro é a Árvore Nacional de Portugal, depois de um projecto de resolução aprovado, por unanimidade, na Assembleia da República e de uma petição pública com 2291 assinaturas. A petição para consagrar o sobreiro (Quercus suber) como um dos símbolos do país foi lançada em Outubro de 2010 pelas associações Árvores de Portugal e Transumância e Natureza. Hoje, passado pouco mais de um ano, o sobreiro conquistou o hemiciclo. “A partir de agora, abater um sobreiro não será apenas abater uma árvore protegida, mas sim, um símbolo nacional”, disse ao PÚBLICO o deputado socialista Miguel Freitas, relator do projecto. “O consenso total na Assembleia da República foi muito importante”, acrescentou. O sobreiro é espécie protegida pela legislação portuguesa desde 2001. Mas essa protecção não foi suficiente para travar a regressão da árvore em território português, motivada por “práticas erradas, nomeadamente de mobilização de solo que danificam as raízes, e doenças ou a combinação das duas situações”, salientou Miguel Rodrigues, da associação Árvores de Portugal. Além disso, “a lei que protege o sobreiro está constantemente a criar situações de excepção para empreendimentos que permitem o abate de árvores”.

Miguel Rodrigues adianta que, depois da criação de um logótipo simbólico, será estudada a criação de uma “plataforma de trabalho que abranja tudo o que tem a ver com o sobreiro, desde associações a câmaras, universidades, indústrias e Estado. Actualmente não há integração de conhecimentos para suprir as necessidades”. O sobreiro, árvore mediterrânica com mais de 60 milhões de anos, ocupa uma área de cerca de 737.000 hectares dos mais de 3,45 milhões de hectares de floresta em Portugal, segundo o último Inventário Florestal Nacional, de 2006. Hoje é responsável por 10% das exportações nacionais. “De momento, a cortiça é um dos produtos mais importantes da economia nacional”, salientou o deputado Miguel Freitas.

Mas a sua importância não se esgota na cortiça. “Esta árvore representa o montado, um dos ecossistemas mais importantes da Europa e as espécies ameaçadas que dele dependem”, acrescentou. in Público, 22.12.2011 Helena Geraldes

domingo, 18 de dezembro de 2011

Concerto na Igreja do Menino Deus: 20 Dez 21H - MAGNIFICAT

Programa para o concerto de 20 de Dezembro de 2011 às 21h:

Eurico Carrapatoso: “Magnificat em Talha Dourada”

Grupo Vocal e Instrumental Olisipo
Angélica Neto - Soprano
Grupo Vocal Olisipo
Elsa Cortez e Mónica Monteiro – Sopranos
Maria Luísa Tavares e Susana Moody – Contraltos
Sérgio Peixoto e João Sebastião – Tenores
Armando Possante e Hugo Oliveira – Baixos
Grupo Instrumental Olisipo
Tiago Neto - Violino I
Ana Margarida Sanmarful - Violino II
Teresa Fernandes – Viola
Teresa Rombo – Violoncelo
Marta Vicente - Contrabaixo
António Carrilho - Flauta I
Sofia Norton - Flauta II
Jenny Silvestre – Cravo

IGREJA DO MENINO DEUS - Largo do Menino Deus

APOIO: Patriarcado de Lisboa, Congregação de São José de Cluny, Teatro Nacional de São Carlos, URBANOS – Division of Fine Arts, Solar do Castelo/Hotéis Heritage Lisboa, Palácio Belmonte

ENTRADA LIVRE

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Petição "Lisboa e o país precisam do Cinema Odéon"

Petição "Lisboa e o país precisam do Cinema Odéon", em boa hora lançada por um conjunto de personalidades a quem não é indiferente a alteração profunda e irreversível deste magnífico edifício infelizmente bastante desprezado pela CML. No entanto é uma verdadeira jóia da cidade, mas que permanece abandonada desde os anos 90 e se mantém desconhecida, e esquecida, da maior parte das pessoas. A petição está disponível para subscrição no sítio:


Por favor, subscreva-a e divulgue-a pelo maior número possível de amigos de Lisboa e do seu património. Obrigado.

O Nosso Bairro: CINEMA ODÉON

Figuras públicas assinam petição em defesa do património da cidade

Carrilho e Jorge Silva Melo assinam petição para salvar Cinema Odeon

Por Ana Henriques in Público

O ex-ministro da Cultura Manuel Maria Carrilho é um dos signatários de uma petição destinada a impedir a transformação do Cinema Odeon, em Lisboa, num recinto comercial. A câmara emitiu recentemente um parecer prévio favorável sobre o projecto, que prevê a manutenção da fachada e de alguns elementos interiores considerados mais marcantes, como o tecto de madeira e o frontão do palco. No caso dos emblemáticos varandins metálicos rendilhados do edifício, a solução encontrada pela família proprietária do cinema passa pela construção de réplicas. A ideia é que no recinto funcionem várias lojas viradas para a cultura, como uma livraria de primeiras edições e uma loja de discos especializada em música contemporânea. Os planos aprovados pela câmara contemplam também uma sala de exposições, uma leiloeira de arte, uma enoteca e uma loja gourmet, além de um parque de estacionamento subterrâneo. Os signatários da petição, que reúne nomes como Raquel Henriques da Silva, Jorge Silva Melo e o arquitecto José Manuel Fernandes, instam o Governo e a autarquia a encontrarem "uma solução para o Cinema Odeon que dignifique a cidade, o país e o património", em vez de aceitarem a transformação do recinto "em centro comercial e estacionamento". Se não for possível a manutenção do cinema, ao menos que não se destrua o miolo do edifício, pede-se na petição pública.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Caderno dos Amigos do Botânico

O «Caderno dos Amigos do Jardim Botânico» é um óptimo presente de Natal!

Produção: Serrote para a Liga dos Amigos do Jardim Botânico
Impressão: tipografiaTiragem: 1000 exemplares numerados
Dimensões: 12 por 7 cm
Papel: reciclado (liso)
Preço: 4 euros

Não percam a oportunidade de adquirir um ou mais exemplares, pois a edição é limitada. As receitas da venda deste caderno de notas serão investidas em melhoramentos no jardim. Ofereça um presente de Natal que, para além de ser um objecto especial, ajuda o Jardim Botânico! Nas próximas 2ª feiras de Dezembro poderá dirigir-se à sede da LAJB, onde teremos muito gosto em recebê-lo(a). Também é possível enviar à cobrança. Se está interessado em comprar, ou vender, escreva para amigosdobotanico@gmail.com

Graças à colaboração de alguns espaços comerciais, o nosso Caderno também se encontra para venda nos seguintes locais em Lisboa:

Zeppelin - Rua da Rosa 40 (Bairro Alto)
Loja de História Natural - Rua do Monte Olivete, 40 (Princípe Real)
Livraria Carpe Diem - Rua de O Século, 79
Tsuru - Rua da Esperança 24 (Madragoa)

Temperamento -Rua da Madalena 182B

sábado, 10 de dezembro de 2011

JARDIM BOTÂNICO: «protejamos o nosso jardim!»

Sabia que o paraíso cabe entre o Príncipe Real e a Avenida da Liberdade? Um Éden de 4,2 hectares com uma vegetação luxuriante, com 1493 espécies e a primeira estufa de criação de borboletas da fauna ibérica? Um refúgio na cidade, um transformador de CO2, um espaço idílico para piqueniques, leituras demoradas e sestas deliciosas? e se lhe disséssemos que o nosso Jardim Botânico foi seleccionado para a World Monuments Watch, uma organização dedicada à preservação de lugares da herança cultural de todo o mundo? Um aplauso! Protejamos o nosso jardim.


in Guia CONVIDA, Bairro Alto & Príncipe Real, Nov. 2011 - Maio 2012, pág. 25

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O Nosso Bairro: «Príncipe Real Live»

Revitalizar a cidade. Príncipe Real Live anima noites lisboetas

Esta é já a 6.ª edição deste evento que promete criar o conceito de bairro “cool” em época natalícia

Desde a Praça do Príncipe Real, passando pela Rua da Escola Politécnica, até à Rua D. Pedro V, animação não irá faltar na cidade de Lisboa. Nos dias 8, 9 e 10 de Dezembro cerca de 30 lojistas irão ter as portas abertas até às 23 horas, ao mesmo tempo que estarão a decorrer diversas iniciativas de cariz cultural. Esta iniciativa tem como principal objectivo dinamizar a zona, promovendo-a como o melhor bairro para passear, fazer compras e viver.Nas ruas estará montada a iluminação nos troncos das árvores do Jardim na Praça do Príncipe Real, onde também será colocada uma árvore de Natal de grandes dimensões, que pretende ser um sinal de esperança, esculpida pelo artista plástico Alexandre Bobone. Para celebrar esta época – conotada tradicionalmente com família, partilha e união – será realizada uma angariação de peças de vestuário para bebés e de bens de primeira necessidade, como produtos alimentares para a associação sem fins lucrativos RISO (Rede Integrada de Solidariedade Social), que apoia a população da freguesia de Mercês.

Nas principais lojas e galerias destas ruas, irão decorrer exposições de arte, pintura, jóias, música ao vivo e momentos de degustação. Por exemplo, na loja Same Same Silver, na Rua da Escola do Politécnica, estará patente a exposição fotográfica “Caxemira – vida tecida” acompanhada de Masala Chai (chá de especiarias). No Orpheu Caffé, na Praça do Príncipe Real, irão decorrer diversas exposições de arte, enquanto que no espaço Munete – Interiores, Lda. será inaugurada a loja de mobiliário e objectos vintage de nome Sótão, com um serviço de cocktail e música jazz, no dia 8, às 19 horas.

Esta acção surgiu em 2008 com o evento “D. Pedro V está vivo”, realizado na Rua D. Pedro V, tendo sido uma ideia de Marcela Brunken, dona do Fabrico Infinito. A Eastbanc (promotora do evento actual), estendeu esta criação até à Rua da Escola Politécnica e criou então o conceito “Príncipe Real Live”.

A iniciativa decorre duas vezes por ano e, nesta edição em específico, a organização pretende voltar às raízes dos habitantes de Lisboa, recordando o Natal de épocas passadas, quando as compras eram feitas em comércio de rua e quando ainda mal se ouvia falar de centros comerciais.

Nestes dias, os visitantes poderão participar em actividades nos mais variados tipos de negócio, desde lojas de moda, design, livrarias, joalharias, lojas de decoração, floristas, garrafeiras, chocolatarias, casas de gelados, antiquários, uma casa de chá francesa e uma farmácia.
(in jornal «i»).

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Concerto: Igreja do Menino Deus 10 Dez 21h

Concerto no âmbito das Comemorações dos 300 ANOS da IGREJA do MENINO DEUS, dia 10 de Dezembro, sábado, às 21H:

«Pérolas da Música Antiga»

G.PhTelemann

Sonata em Ré menor, de Essercizii Musici nº 4/7, TWV 41: d4

Affettuoso/Presto/ Grave/ Allegro

J. S. Bach

Suite em Som Maior, BWV 1007 (violoncelo solo)

Prélude/ Allemande/ Courante/ Sarabande/ Menuet I & II/ Gigue

G. F. Händel

Sonata em Dó Maior , Op. 1, No. 7, HWV 365
Larghetto/Allegro/Larghetto/A Tempo di Gavotta/ Allegro

C.P.E. Bach

Sonata em lá menor, Wq 132 (flauta solo)
Adagio/ Allegro/ Allegro Assai

J. J. Quantz

Sonata em Ré Maior, QV 1:47
Cantabile ma com affetto/ Allegretto di molto, ma fiero/ Vivace

OS MÚSICOS DO TEJO
António Carrilho – flauta de bisel
Paulo Gaio Lima – violoncelo
Marcos Magalhães – órgão

Concerto de entrada livre.

IGREJA DO MENINO DEUS - LARGO DO MENINO DEUS – LISBOA

Transportes: eléctricos 12 (Praça da Figueira), 28 e autocarro 737 (Praça da Figueira-Castelo)

APOIO: Patriarcado de Lisboa, Congregação de São José de Cluny, Teatro Nacional de São Carlos, Palácio Belmonte, URBANOS - Division of Fine Arts

Quando um homem cria paraísos devemos chamar-lhe "jardineiro de Deus"

Gulbenkian e Centro Nacional de Cultura celebraram ontem o paisagista Gonçalo Ribeiro Telles. Colegas do ensino e da política, alunos e amigos quiseram honrar o mestre e, sobretudo, o homemGonçalo Ribeiro Telles falou no fim, como compete ao homenageado. Com o auditório 2 da Gulbenkian cheio, com muitas pessoas de pé, o arquitecto paisagista a quem muitos chamam "mestre" admitiu o desconforto: "Nunca estive tão envergonhado para falar." Deram-lhe a palavra depois de um dia de testemunhos de alunos, discípulos, amigos e companheiros de vida política, uns monárquicos, como ele, outros não. "Conhecemo-nos no combate à ditadura e é curioso que, sendo ele um monárquico e eu um republicano dos sete costados, a nossa empatia tenha sido imediata", lembrou Mário Soares já na recta final do encontro Gonçalo Ribeiro Telles - Um Homem de Serviço, que a Gulbenkian e o Centro Nacional de Cultura (CNC) organizaram ontem em Lisboa. Pensador e político com um sentido cívico inultrapassável, defensor da liberdade e do direito à originalidade de ideias, disseram muitos dos oradores, Ribeiro Telles é, sobretudo, "uma pessoa extraordinária", sublinhou Soares: "Quando se fala do Gonçalo, há o problema dos afectos. Admiramo-lo pela sua verticalidade, pela sua obra, pela sua coragem, mas, mais do que isso, temos-lhe um afecto enorme pela pessoa que ele é.

"Aos 89 anos, o político que foi membro da Aliança Democrática (AD), governante e deputado, fundador do Partido Popular Monárquico (PPM) e do Movimento Partido da Terra, ou o arquitecto paisagista a quem devemos as reservas agrícola e ecológica nacionais, os jardins da Gulbenkian (com António Viana Barreto) e o Amália Rodrigues, sente que tem ainda uma palavra a dizer. "Quero ser útil ao momento presente", dissera ao PÚBLICO antes da intervenção final. E ser útil hoje é falar do despovoamento do mundo rural, da morte lenta das cidades, da "paisagem que é ainda um problema", porque os políticos, desinformados, continuam a dizer que querem defender os ecossistemas e a achar, ao mesmo tempo, que um eucaliptal é uma floresta: "Eles não sabem que nos eucaliptais não cantam os passarinhos e na floresta sim." O que é que lhes falta para saber olhar para o território? "Andar a pé, conhecer o país inteiro, as pessoas", responde este homem para quem "é mais fácil deixar marcas na paisagem do que nas pessoas".

Saber falar com as pessoas é uma das qualidades deste paisagista afável e atento, garantiu o comentador político Luís Coimbra. E, para o provar, contou uma história dos tempos da AD. Andavam na estrada em campanha eleitoral quando Ribeiro Telles desapareceu. Como todos estavam já à espera para entrar nos carros, Coimbra decidiu ir procurá-lo.

Mais bosques e mais hortas

"Chovia muito e eu fui dar com ele à porta de uma vacaria, a explicar aos agricultores que era melhor deixar os animais à solta no pasto do que alimentá-los com rações", lembrou Coimbra, com quem o arquitecto paisagista se cruzou pela primeira vez em meados dos anos 60. Para ele, Ribeiro Telles é um "político falhado" a quem reconhece "convicções firmes" e uma liberdade de pensamento inegociável. Porquê um político falhado? Coimbra esclarece: porque, apesar de ter razão, "as suas ideias para um desenvolvimento sustentado de Portugal ficaram para trás", por falta de inteligência de governos e governantes. É precisamente a inteligência que falta a muitos que António Barreto, Guilherme d"Oliveira Martins e Eduardo Lourenço elogiaram neste homem de família, professor e cidadão que tem formado gerações através do exemplo e defendendo sempre "o ambiente como uma causa total", disse Augusto Ferreira do Amaral, dirigente do PPM.

Avesso aos jogos partidários, o paisagista tem sido essencialmente, segundo Freitas do Amaral, "um homem bom", que encarou a política como acto de cidadania e "a ecologia como a causa de uma democracia reformista". Se Portugal cumprisse a "excelente legislação" que Ribeiro Telles ajudou a fazer, defendeu o professor de Direito, "sem violações e sem excepções superiores à regra, seria incomparavelmente melhor".Teria, certamente, mais "lugares de paz e sossego, mais bosques e hortas", garantiu o sociólogo António Barreto, que foi seu colega de Governo, numa comunicação intensa, em que não se cansou de falar da independência de Ribeiro Telles e da sua paixão pela cidade. "Homem generoso e doce, mas firme", disse-o várias vezes Barreto, vê em cada espaço verde desperdiçado e em cada ribeira destruída uma derrota. Voz activa na sociedade portuguesa há mais de 50 anos, Ribeiro Telles foi muitas vezes ignorado, acrescentou o sociólogo, mas o tempo deu-lhe razão. E teve um raro privilégio, concluiu Barreto: "Realizou um dos grandes sonhos dos homens cultos - fez jardins.

"Jardins que são tentativas de paraíso, lembrou Eduardo Lourenço, defendendo que o paisagista é um "poeta da relação com a Terra", um "utopista novo": "Gonçalo Ribeiro Telles é uma mistura do ecologista-mor que foi Francisco de Assis com o botanista maravilhoso e romancista fantástico que foi Jean-Jacques Rousseau." Para que não restassem dúvidas, o ensaísta fez questão de explorar este paraíso que o arquitecto foi trabalhando e falou da paisagem como se ela fosse a cara humana que a natureza nos reenvia. "Sempre tentámos criar com as nossas próprias mãos o paraíso", insistiu o ensaísta. Ribeiro Telles tentou tanto e tão bem que merece um título especial - Lourenço chamou-lhe "o jardineiro de Deus". Por Lucinda Canelas in Público

UNESCO: barragem do Tua tem "impacto irreversível" no Património Mundial

Relatório de missão consultiva realizada em Abril deste ano já foi remetido ao Governo de Passos Coelho em Agosto, mas permanece no silêncio dos gabinetes

O Comité do Património Mundial da UNESCO considera que a construção da barragem de Foz Tua tem um "impacto irreversível e ameaça os valores" que estão na base da classificação do Alto Douro Vinhateiro como Património Mundial. Esta é uma das conclusões do relatório da missão consultiva que, a solicitação do Governo português, visitou o local no início de Abril e que aponta ainda para outros impactos negativos e graves do empreendimento. O documento foi produzido pelo Icomos, uma associação de profissionais da conservação do património que é o órgão consultivo daquele comité da UNESCO.

O relatório, a que o PÚBLICO teve acesso, foi concluído em finais de Junho e remetido ao comité, que o enviou depois para as autoridades portuguesas já em Agosto, por protocolo diplomático, via Ministério dos Negócios Estrangeiros, mas permanece ainda no segredo os gabinetes, não sendo conhecida qualquer reacção ou resposta do Governo. Além de analisar os impactos e as consequências do avanço da obra para a área de paisagem classificada como património da humanidade, o relatório critica também duramente o comportamento das autoridades portuguesas. A este propósito sublinha que, durante todo o processo de análise e aprovação do projecto da barragem, o Estado português não adoptou os procedimentos a que está obrigado perante a UNESCO no âmbito da classificação obtida há dez anos, que se cumprem já no dia 14 deste mês.

"Cremos que as orientações da UNESCO, recomendando "relatórios específicos e estudos de impacto de cada vez que ocorram circunstâncias especiais", não foram seguidas, já que "toda a informação deve ser fornecida o mais rapidamente possível e antes da tomada de decisões que se possam tornar difíceis de reverter", para que o comité possa participar na procura de soluções que assegurem a completa preservação dos valores protegidos", lê-se no documento.

Quanto às conclusões, o relatório não deixa também margem para dúvidas: "Tendo em conta a proposta do Estado com vista ao desenvolvimento da barragem de Foz Tua localizada na paisagem cultural do Alto Douro Vinhateiro, não podemos deixar de concluir que terá um impacto irreversível e ameaça o valor excepcional universal [que é o fundamento da classificação da UNESCO].

"Apesar dos esforços das autoridades portuguesas e da EDP (a dona da obra) para minimizar os impactos, através de várias alterações ao projecto, o relatório nota que nunca os estudos de avaliação "levaram em conta os impactos nos bens culturais protegidos". Por isso, conclui, "não se pode considerar que a revisão dos planos respeite a paisagem do Alto Douro que foi inscrita na lista do Património Mundial". O relatório socorre-se do próprio projecto da obra para referir que o vale do Tua "tem um alto valor ecológico e cenográfico" associado aos parâmetros culturais e biofísicos que caracterizam a estrutura dinâmica da região, o que leva irremediavelmente à conclusão de que "tudo isto contribui para que o avanço do projecto tenha um impacto adverso e irreversível nos valores de autenticidade e integridade e interesse universal" da região.

Classificação em risco

O pedido para a vinda de uma missão consultiva por parte do Estado português insere-se no âmbito das suas obrigações perante a UNESCO, deduzindo-se do teor do relatório que terão sido invocados vários argumentos a favor da ideia de não violação dos valores da classificação como Património Mundial. Um deles seria o de que o efeito da intervenção seria idêntico ao da construção das outras barragens já existentes ao longo do Douro. Um argumento que é liminarmente rejeitado, já que "o passado não é um meio adequado para justificar acções presentes". Já quanto à invocação de que a obra está já fora da área classificada - fica no limite -, a conclusão é de que "afecta inteiramente os valores Património Mundial".

Outro argumento era o do reduzido impacto visual face às características daquela zona do vale do Tua, mas o relatório considera que, mesmo concordando com a ideia, o conjunto da barragem e das restantes estruturas, incluindo as linhas para o transporte de energia, representam um impacto fortemente negativo. Quanto ao facto de o projecto ter sofrido várias alterações e incluir uma série de medidas para mitigar e compensar os impactos ambientais, a conclusão é a de que essa não é a questão que importa analisar: "O que é preciso saber é antes se a barragem deve ser construída.

"Outro dos argumentos utilizados pelo Estado português terá sido o de que a barragem será uma construção "elegante e de escala monumental" - a EDP divulgou recentemente que encomendou ao arquitecto Souto Moura o projecto da central hidroeléctrica -, mas a conclusão é a de que "representa um forte impacto para a Região do Alto Douro Vinhateiro, que pode implicar a perda do seu valor excepcional universal e uma séria ameaça para a sua autenticidade e integridade".

A este respeito refira-se que nos últimos anos se registaram dois casos em que a UNESCO retirou a classificação de Património Mundial. O mais recente foi o centro histórico da cidade alemã de Dresden, em 2009, devido à construção de um viaduto. Cerca de um ano antes, também a foi retirada a classificação a um sítio natural do emirado de Omã. Aqui foi o próprio Estado árabe a pedir a saída por causa da exploração de petróleo no local.

No caso do Tua, tudo indica que o relatório que está agora na posse do Governo será analisado durante a próxima reunião anual do Comité do Património Mundial da UNESCO, que costuma realizar-se em Junho ou Julho. Isto, se até lá não forem adoptadas medidas para alterar a situação. Por José Augusto Moreira in Público

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

CONTRA A BARRAGEM DE FOZ TUA

PROTESTO CONTRA A BARRAGEM DE FOZ TUA - Marquês de Pombal junto à EDP 6 de Dezembro Terça, ás 10 horas. NÃO VAMOS PERDER ESTA OPORTUNIDADE DE RECLAMAR PELA PROTECÇÃO DOS INTERESSES DO NOSSO PAÍS!!

Sabes que:

- Se o Programa Nacional de Barragens avançar, isso irá implicar um acréscimo de pelo menos 10% na factura da electricidade, sem qualquer benefício para a generalidade dos cidadãos;

- Se o Programa Nacional de Barragens avançar, irá custar aos consumidores e ao... Estado (ou seja a todos nós) entre 16 000 e 20 000 milhões de euros (perto de 2000€ por português);

- O que iríamos ganhar em termos energéticos com novas barragens é quase nada (0,5% da energia do País com todo o Programa, correspondendo Foz Tua a uns míseros 0,1%);

- A construção da barragem de Foz Tua terá consequências sociais graves e contribuirá para o despovoamento da região, já empobrecida, do Vale do Tua;

- Vão ser destruídos valores com um potencial turístico e patrimonial inestimável, nomeadamente o Vale e a linha do Tua;

- O impacte ambiental destas novas grandes barragens é impossível de compensar e irreversível, pela degradação da qualidade da água, destruição de solos agrícolas, de paisagens únicas e de ecossistemas raros;

- O investimento em projectos de eficiência energética custa 10 (dez) vezes menos por kWh produzido do que o investimento em novas barragens;- Parar a barragem de Foz Tua agora é 30 (trinta) vezes mais barato do que deixá-la avançar e pagar a posteriori os custos de uma electricidade inútil e caríssima;

- Sendo certo que a hidroelectricidade é uma parte importante do mix energético nacional, já temos hoje 67 grandes centrais hidroeléctricas, 10 das quais equipadas com sistemas de bombagem; muitas barragens existentes estão a ser ou podem vir a ser reequipadas para maior produção;

NÃO PRECISAMOS DE BARRAGENS NOVAS. Vamos dizer à EDP que não permitimos a DESTRUIÇÃO DO NOSSO PATRIMÓNIO E DA NOSSA IDENTIDADE através da construção de mais uma barragem inútil , sem quaisquer beneficios energéticos, sociais, ambientais ou financeiros para o país! Não queremos matar a centenária Linha Ferroviária do Tua, quer pelo seu valor patrimonial, quer pela importância para a mobilidade local, quer pelo excelente potencial de desenvolvimento turístico que representa. Junta-te a nós no dia 6 de Dezembro, pelas 10h, junto à EDP no Marquês de Pombal, para protestar ruidosamente contra o Plano Nacional de Barragens e contra a destruição de mais um rio e um vale que pertence a todos. NÃO VAMOS PERDER ESTA OPORTUNIDADE DE RECLAMAR PELA PROTECÇÃO DOS INTERESSES DO NOSSO PAÍS!!

Um protesto: GEOTA, QUERCUS, LPN e COAGRET

domingo, 4 de dezembro de 2011

«Nove razões para chumbar este plano do Parque Mayer»

Nove razões para chumbar este plano do Parque Mayer

Opinião

4 Dezembro 2011 Edição Público Lisboa

O Plano de Pormenor do Parque Mayer, Jardim Botânico e Zona Envolvente está para aprovação na Assembleia Municipal de Lisboa. Um plano de pormenor para esta zona é uma oportunidade única de inverter a tendência negativa e de abandono de algumas das áreas abrangidas pelo plano. Infelizmente muita da oportunidade do plano não foi ainda aproveitada. Assim importa chumbar esta versão na assembleia municipal e devolvêlo à câmara para que esta o reformule.

1. O Plano de Pormenor do Parque Mayer tem pouca qualidade, sendo que algumas das lacunas (quer ao nível dos elementos em falta, quer ao nível do conteúdo dos mesmos) só foram colmatadas após chamadas de atenção da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, outras entidades e de algumas das participações em sede de discussão pública;

2. Alguns dos estudos que acompanham o plano de pormenor são vagos, algo aliás reconhecido por diversas entidades em sede da conferência de serviços. O estudo hidrogeológico só foi feito posteriormente à discussão pública, e após diversas críticas de associações profissionais, associações cívicas e cidadãos terem questionado a ausência deste estudo;

3. A Câmara de Lisboa assumiu que áreas que hoje estão impermeabilizadas com parques de estacionamento e ocupações legais e ilegais de logradouros devem continuar a ser impermeabilizadas, desenhando e propondo novos arruamentos (um arruamento paralelo à Rua do Salitre e outro à Rua da Alegria). O plano opta por não aumentar a permeabilização de parte da sua área, e continuar a permitir mais impermeabilização, como são exemplos os edifícios recentes na Rua do Salitre. O aumento de impermeabilização é claramente contrário às ideias e valores de referência de impermeabilização de logradouros definido no actual e no futuro plano director municipal;

4. Crê-se que a criação de novos arruamentos no interior do quarteirão pouco deve trazer de novo e essencial à zona, dada a sua pouca atractibilidade e grandes diferenças de declive. Seria preferível melhorar as ruas existentes que fazem a ligação entre a parte baixa (Parque Mayer) e a parte alta (Rua da Escola Politécnica);

5. O plano propõe novas edificações praticamente encostadas ao muro do Jardim Botânico. O plano não possui normas de protecção a este recém-classificado monumento nacional, nomeadamente através da criação de uma zona de desafogo e protecção ao mesmo;

6. A versão final do plano abdica, positivamente, dos dois novos edifícios que anteriormente propunha para o Jardim. No entanto, não propõe alternativa, evitando reorganizar e repensar os usos e funções do edificado existente;

7. O plano de pormenor não tem nem um programa de execução, nem um plano de financiamento. Apenas existe uma estimativa dos custos por metro quadrado. Não sendo claro como e quando será executado o que consta do plano;

8. Também não constam quaisquer mecanismos de perequação compensatória de benefícios e encargos, entre os diversos proprietários na área do plano de pormenor. Disto resulta que o elo mais fraco ( Jardim Botânico) continuará num estado de declínio, principalmente por falta de fundos para obras, seja de recuperação, seja simplesmente de manutenção. Não consta da proposta do plano qualquer vínculo com receitas de impostos ou outras receitas que contribuam para um fundo de recuperação do Jardim (que urge ser criado), nem existência de uma estimativa global dos valores que o referido fundo deve ter em conta no seu dimensionamento;

9. Conforme admitido nos debates da discussão pública, o modelo actual de financiamento/ gestão do Jardim Botânico não funciona. A Universidade de Lisboa não tem conseguido inverter o declínio do jardim, e a Câmara de Lisboa não quis ser mais que um actor secundário no Plano de Pormenor do Parque Mayer, não aproveitando as potencialidade de fazer um plano de pormenor para esta área.

João Belard Correia

Engenheiro do Território

Homenagem ao Arquitecto Ribeiro Telles

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

«contra o fecho da carreira 18 dos eléctricos»

Caros Amigos,

Foi lançada a petição online: «contra o fecho da carreira 18E dos eléctricos.»

http://www.peticaopublica.com/?pi=P2011N17080

Pedimos o favor de lerem, assinarem e divulgarem.
Não faz sentido nos dias de hoje "matar" os eléctricos, verdadeiros ícones da cidade de Lisboa para além de serem meios de transporte colectivo não poluentes e amigos do ambiente.

Obrigado.

Foto: eléctrico na Praça do Comércio no início do séc. XX, pelo fotógrafo Paulo Guedes (1886-1947). Arquivo Municipal de Lisboa.

Homenagem ao Arquitecto Ribeiro Telles

Justa homenagem ao Arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles. Uma iniciativa da Fundação Gulbenkian e do Centro Nacional de Cultura

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Praga das Palmeiras nos jardins de Lisboa

Praga das Palmeiras nos jardins de Lisboa
Informação sobre prevenção e tratamento
O Jardim Botânico da Universidade de Lisboa, preocupado com o rápido alastramento de uma praga das palmeiras provocada por um insecto, apela ao conhecimento da sintomatologia e sugere algumas medidas preventivas e de tratamento.

O Jardim Botânico produziu um folheto sobre esta questão, que sugere diversas medidas que visam o controle e erradicação desta parga, e que devem ser tomadas com carácter de urgência em todas as plantas e áreas afectadas.

A praga das Palmeiras é provocada por um insecto em expansão em Portugal. Não afecta nem o
ser humano nem os animais. Actua exclusivamente sobre plantas.

O insecto causador é o Rhynchophorus ferrugineus (Olivier, 1790), vernáculo Escaravelho-das-palmeiras, é um escaravelho do grupo dos curculionídeos (gorgulhos), originário da Ásia oriental e Polinésia, tendo-se expandindo para outras regiões ocidentais, Norte de África e mais recentemente também para o sul da Europa. Foi sinalizado no Algarve na segunda metade da década de 2000 onde já provocou avultadas perdas e prejuízos em espaços públicos e privados. Em 2010 foi sinalizado na parte norte da cidade de Lisboa. Actualmente está a devastar palmeiras nos concelhos de Cascais, Oeiras, Moita, Seixal, Palmela e Setúbal. É um insecto de grandes dimensões em adulto, 2-5cm, e também na forma larvar.

Para mais informações consulte o folheto aqui:


Foto: Palmeira das Canárias no Largo das Portas do Sol. Várias palmeiras no centro de Lisboa estão a morrer devido a esta praga. Já se vêm palmeiras mortas na Colina de Santana, bem perto do Jardim Botânico.

domingo, 27 de novembro de 2011

Exposição de Cogumelos e outros Fungos

Entre 1 e 7 de Dezembro o antigo Palmário do Jardim Botânico acolhe a exposição viva de Cogumelos e outros Fungos, que poderá ser visitada entre as 10:00 e as 17:00. Inauguração no dia 30 de Novembro às 17 horas.

Foto: cogumelo na Serra de Sintra

sábado, 26 de novembro de 2011

«Câmara manda averiguar reclamo ilegal»

O vereador Sá Fernandes, responsável pela publicidade exterior na Câmara de Lisboa, ordenou anteontem a "averiguação imediata do processo de licenciamento" de um reclamo que está instalado na cobertura do Hotel Vintage, na zona de protecção do Jardim Botânico. Conforme o PÚBLICO noticiou nesse dia, o dispositivo em causa não é o que foi aprovado pela autarquia em Novembro do ano passado, contra o parecer do Igespar, mais sim um outro, luminoso, rotativo e de grandes dimensões, montado ilegalmente há perto de dois anos e que foi chumbado pelos serviços da autarquia. A empresa dona do hotel tem como administradores dois antigos vereadores do PS, Margarida Magalhães e Tomás Vasques. in Público, J.A.C.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

«As razões do chumbo pelo Igespar»

As razões do chumbo pelo Igespar
Liga dos Amigos do Jardim Botânico reclamou


As razões apontadas pelo Igespar para chumbar várias vezes a pretensão da Sycamore prendem-se com a proximidade do Jardim Botânico e coincidem com as preocupações expressas junto da câmara e do Ministério da Cultura pela Liga dos Amigos do Jardim Botânico. No parecer que fundamenta o despacho de "não-aprovação" do projecto que foi licenciado pela Câmara Municipal de Lisboa, o Igespar diz que "a sua eventual aceitação criará um antecedente que, a repetir-se e proliferar nesta zona da cidade, inevitavelmente contribuiria para uma forte poluição visual e descaracterização da área protegida". O parecer defende ainda a retirada do painel da cobertura e a sua colocação na fachada. Contactado pelo PÚBLICO, o porta-voz do vereador Sá Fernandes afirmou que, segundo os serviços camarários, a solução licenciada "respeita as condições postas pelo Igespar". A Sycamore, que foi instada pelo Igespar a retirar o reclamo da cobertura em Dezembro do ano passado, mas não o fez, não respondeu às perguntas do PÚBLICO. J.A.C.

«Reclamo luminoso viola licença municipal e parecer do Igespar mas a câmara nada faz»

O reclamo que está no local não é o que foi licenciado, contra o parecer do Igespar, mas o que foi chumbado

Por José António Cerejo in Público

A Câmara de Lisboa aprovou uma coisa, mas o que lá está é outra, e bem diferente - algo que o Igespar e a própria autarquia haviam chumbado antes. Mais: aquilo que a câmara aprovou, com o pretexto de que o Igespar também o havia aprovado, foi, afinal, igualmente indeferido por este serviço do Ministério da Cultura. Mais ainda: uma responsável camarária apercebeu-se do logro e mandou abrir um processo de contra-ordenação, mas ele nunca foi por diante. O que lá está é um dispositivo publicitário de grandes dimensões, luminoso e rotativo, que anuncia a presença de um hotel de cinco estrelas. Lá - na cobertura do edifício que ocupa o gaveto da Rua do Salitre com a Rua Rodrigo da Fonseca, a poucas dezenas de metros do Jardim Botânico, monumento nacional.

Acabado de construir no início de 2010, o Hotel Vintage, propriedade da empresa Sycamore, do grupo Carlos Saraiva, foi de imediato dotado do reclamo que se mantém na sua cobertura e cujo pedido de licenciamento não tinha sequer entrado na câmara à data da sua colocação. Entregue em Maio de 2010, o pedido incluía uma certidão onde constavam os nomes de Margarida Magalhães e de Tomás Vasques como administradores da Sycamore. A primeira tinha sido vereadora do Urbanismo no tempo de João Soares, eleita pelo PS, e vereadora na oposição durante o mandato de Santana Lopes. O segundo ocupara o lugar de chefe de gabinete de João Soares e tinha sido igualmente vereador do PS no quadriénio seguinte.

Face ao projecto, que lhe foi enviado pelo município, o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar), cujo parecer é vinculativo pelo facto de o edifício se situar na Zona de Protecção do Jardim Botânico, não hesitou em chumbá-lo. Logo de seguida, sem passar pela câmara, a empresa submeteu um novo projecto ao Igespar, que o voltou a reprovar em Agosto. Já em Outubro, e depois de ser informada pela autarquia de que o seu pedido de Maio ia ser indeferido, a Sycamore entregou um projecto alternativo, que enviou em simultâneo ao Igespar, e que previa um painel estático (não-rotativo) e mais pequeno. Ao mesmo tempo informou a câmara de que esta solução já tinha tido "aprovação informal" do Igespar, aguardando a "formalização do deferimento" por esse instituto.

Sem esperar pela resposta do Igespar e remetendo para o seu parecer inicial, que havia indeferido o primeiro projecto e nada tinha a ver com aquele que estava em apreciação, a câmara aprovou este último a 16 de Novembro. Oito dias depois, porém, o Igespar rejeitou o mesmo projecto, considerando que a única solução aceitável passaria não pela colocação do painel na cobertura, ainda que mais pequeno, mas pela sua colagem, sem o suporte de 1,5 metros em que ele assenta, na fachada do hotel.

Já em Fevereiro deste ano a câmara remeteu à Sycamore as guias para pagar, em 30 dias, as taxas devidas, mas no processo não há qualquer documento que prove o pagamento, tal como devia haver se ele tivesse sido feito. No mês seguinte a chefe da Divisão de Qualificação do Espaço Público, Rosália Moreira, mandou abrir um processo de contra-ordenação contra a Sycamore, considerando que o dispositivo instalado era ilegal. O despacho não diz porquê, mas a olho nu vê-se que o que lá está é o anúncio rotativo montado ilegalmente no início de 2010 e não o reclamo estático e mais pequeno licenciado nas circunstâncias descritas.

Rosália Moreira, que o PÚBLICO não conseguiu ontem contactar, deixou entretanto as funções que desempenhava e tudo indica que o processo de contra-ordenação nunca chegou a ser instaurado. Em contrapartida, os serviços de fiscalização municipal estiveram no local no fim de Agosto e atestaram, por escrito, que o reclamo está "em conformidade" com a licença emitida. O reclamo é o mesmo que lá está há quase dois anos e roda, roda, sem parar.

Nota da LAJB: pedimos por várias vezes à CML o desmonte desta estrutura ilegal mas em quase dois anos nenhuma acção foi tomada. Ficamos agora a saber que isso não aconteceu apenas por falta de vontade política.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

novo livro: ÁRVORES DO PARQUE NACIONAL DA PENEDA-GERÊS

FAPAS lança novo livro: ÁRVORES DO PARQUE NACIONAL DA PENEDA-GERÊS

No ano do 40º aniversário do Parque Nacional da Peneda-Gerês, também o Ano Internacional das Florestas, o FAPAS acaba de editar o livro ÁRVORES DOPARQUE NACIONAL DA PENEDA-GERÊS, da autoria de Miguel Dantas da Gama.

Idealizado para ser mais do que um guia sobre as árvores autóctones do único parque nacional português (inclui anotações históricas, dados de distribuição, fichas técnicas e de identificação), são nesta obra retratados os exemplares que, pela sua idade, porte e maior raridade, se encontram entre os mais representativos da vegetação arbórea desta área protegida. A descrição das mais de 30 espécies nativas é antecedida por uma introdução sobre bosques naturais em que elas ocorrem, nomeadamente os carvalhais. ÁRVORES DO PARQUE NACIONAL DA PENEDA-GERÊS é também um contributo para a preservação da vida selvagem deste espaço natural, na medida em que valoriza verdadeiros ícones vivos do seu património, alertando por outro lado, paraos efeitos dos fogos sobre exemplares tão valiosos como são alguns teixos e azevinhos.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

«Defesa e gestão do Jardim Botânico discutidos com World Monuments Watch»

As estratégias de salvaguarda e a gestão do Jardim Botânico, em Lisboa, vão ser abordadas na terça-feira numa reunião entre uma representante do World Monuments Watch e a Plataforma em Defesa do Jardim Botânico.

No âmbito da selecção do local para o Observatório Mundial de Monumentos (WATCH 2012), a plataforma irá reunir-se com Norma Barbacci, directora de Programas para a América Latina, Espanha e Portugal da organização World Monuments Watch (WMF).
Numa lista anunciada publicamente em Outubro, em Nova Iorque, o Jardim Botânico foi seleccionado para poder integrar a mais importante organização privada dedicada à preservação de lugares culturais de todo o mundo.

Através da sua lista bienal World Monuments Watch, a WMF (www.wmf.org) indica quais os perigos que ameaçam os lugares com significado histórico, artístico e arquitectónico e ajuda a angariar fundos para a salvaguarda dos monumentos.

Os locais são seleccionados, entre várias candidaturas apresentadas, por peritos mundiais, incluindo representantes da UNESCO e do ICOMOS (Internacional Council on Monuments and Sites).

O mais recente membro da Plataforma em Defesa do Jardim Botânico é o GEOTA - Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente -, que assim faz elevar para 15 as organizações não governamentais que pedem o chumbo do Plano de Pormenor do Parque Mayer na Assembleia Municipal de Lisboa.

Para a plataforma, “cada vez mais a sociedade civil levanta a sua voz a pedir genuína proteção, requalificação e sustentabilidade a longo prazo deste jardim classificado Monumento Nacional”.
O Jardim Botânico da Universidade de Lisboa foi fundado em 1873 e inaugurado em 1878 e nos seus 4,2 hectares tem coleções de várias plantas em perigo.

in Lusa / Destak 21 11 2011

World Monuments Fund reúne em Lisboa com "Plataforma Em Defesa do Jardim Botânico"

A Arquitecta Norma Barbacci, Directora de Programas para a América Latina, Espanha e Portugal da organização WORLD MONUMENTS FUND com sede em Nova Iorque, vai estar em Portugal durante esta semana. No âmbito da inclusão do Jardim Botânico de Lisboa no Observatório Mundial de Monumentos (WATCH 2012), a "Plataforma Em Defesa do Jardim Botânico" irá reunir com Norma Barbacci, na 3ª feira, dia 22 de Novembro para estudar estratégias de salvaguarda e boa gestão do Jardim Botânico.

Reunião da "Plataforma em Defesa do Jardim Botânico" com Norma Barbacci:

Dia 22 de Novembro de 2011 às 13h30m na sede da APAP - Associação Portuguesa dos Arquitectos Paisagistas (Calçada do Marquês de Abrantes 45 - 1º Direito - Lisboa).

A reunião contará com a presença do Patrono da candidatura do Jardim Botânico ao WATCH de 2012, o Arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles.

A reunião será seguida de uma Conferência de Imprensa às 15h30m.

A PLATAFORMA "EM DEFESA DO JARDIM BOTÂNICO" (15 Organizações)

LAJB - Liga dos Amigos do Jardim Botânico


QUERCUS - Associação Nacional de Conservação da Natureza


APAP - Associação Portuguesa de Arquitectos Paisagistas


AAP - Associação dos Arqueólogos Portugueses


ICOMOS Portugal - Comissão Nacional Portuguesa do Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios


Associação Árvores de Portugal


Associação Lisboa Verde


APSJH - Associação Portuguesa dos Sítios e Jardins Históricos


LPN - Liga para a Protecção da Natureza


OPRURB - Associação de Ofícios do Património e Reabilitação Urbana


Grupo dos Amigos da Tapada das Necessidades


GECoRPA - Grémio do Património


Fórum Cidadania Lisboa


Cidadãos pelo Capitólio


GEOTA - Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente

domingo, 20 de novembro de 2011

Reunião: LAJB e Comissão Permanente de Urbanismo e de Acompanhamento da Gestão da Intervenção na Zona Ribeirinha e Baixa de Lisboa

COMISSÃO PERMANENTE DE URBANISMO E DE ACOMPANHAMENTO DA GESTÃO DA INTERVENÇÃO NA ZONA RIBEIRINHA E BAIXA DE LISBOA

CONVOCATÓRIA
46ª. Reunião (Extraordinária)

Convoco os membros da Comissão para a 46ª reunião a realizar no próximo dia 21 de Novembro de 2011, Segunda-feira, às 18.30 horas, nas instalações da Assembleia Municipal, sitas na Av. de Roma, 14 – P – 4º andar.

Ordem de Trabalhos

Ponto 1 – Audição do Sr. Prof. Doutor António Nóvoa, Reitor da Universidade de Lisboa, sobre a Proposta nº. 452/2011 – “Aprovar a proposta da versão final do Plano de Pormenor do Parque Mayer, nos termos da proposta”.

Ponto 2 - Audição da Sr.ª Dr.ª Manuela Correia, Presidente da Liga dos Amigos do Jardim Botânico (às 20.00 horas).

Assembleia Municipal de Lisboa, em 17 de Novembro de 2011.

O Presidente da Comissão

António Duarte de Almeida

Exposição: Plantas do tempo dos Dinossáurios na Estufa

As Plantas do tempo dos Dinossáurios estão de volta ao Jardim Botânico da Universidade de Lisboa. Inauguração: 23 de Novembro na Estufa da Classe.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

GEOTA associa-se à Plataforma Em Defesa do Jardim Botânico - Já somos 15

O GEOTA - Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, associa-se oficialmente à "Plataforma Em Defesa da Missão do Jardim Botânico". Já somos 15 organizações a pedir o chumbo deste Plano de Pormenor do Parque Mayer na AML. Cada vez mais a sociedade civil levanta a sua voz a pedir genuína protecção, requalificação e sustentabilidade a longo prazo deste jardim classificado Monumento Nacional. Exmo. Vereador Manuel Salgado, basta de afirmar o impossível, reconheça que este plano de pormenor não reune consenso na sociedade civil. É tempo de ouvir os cidadãos, sentar à mesa de trabalho e recomeçar de novo se for preciso.

O GEOTA é uma associação de defesa do ambiente, de âmbito nacional e sem fins lucrativos, em actividade desde 1981.


A LAJB, e todos os restantes membros da Plataforma Em Defesa do Jardim Botânico, agradecem a solidariedade e contibutos do GEOTA.

A PLATAFORMA "EM DEFESA DA MISSÃO DO JARDIM BOTÂNICO"

LAJB - Liga dos Amigos do Jardim Botânico
QUERCUS - Associação Nacional de Conservação da Natureza

APAP - Associação Portuguesa de Arquitectos Paisagistas

AAP - Associação dos Arqueólogos Portugueses

ICOMOS Portugal - Comissão Nacional Portuguesa do Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios

Associação Árvores de Portugal

Associação Lisboa Verde

APSJH - Associação Portuguesa dos Sítios e Jardins Históricos

LPN - Liga para a Protecção da Natureza

OPRURB - Associação de Ofícios do Património e Reabilitação Urbana

Grupo dos Amigos da Tapada das Necessidades

GECoRPA - Grémio do Património

Fórum Cidadania Lisboa

Cidadãos pelo Capitólio

GEOTA - Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente

«Jardim Botânico está em risco de desaparecer» - Gonçalo Ribeiro Telles

«Jardim Botânico está em risco de desaparecer» - Gonçalo Ribeiro Telles

Preocupado. É assim que se encontra Gonçalo Ribeiro Telles, patrono da Candidatura do Jardim ao Fundo Mundial de Monumentos e arquitecto paisagista, em relação ao futuro do Jardim Botânico de Lisboa. Na origem das preocupações do arquitecto está o Plano de Pormenor elaborado pela Câmara Municipal de Lisboa para o Parque Mayer, que pretende construir mais de 25 mil m2 dentro da zona de protecção do Jardim Botânico.

«O Jardim Botânico está em perigo. Toda a paisagem em Portugal está em perigo em nome de um economicismo saloio e barato próprio do século XIX, que tem apenas por interesse a realização de dinheiro a curto prazo».

«A paisagem de Portugal está a correr um grave risco de abastardamento, de desaparecimento e um grave risco cultural. O Jardim Botânico é um marco que vem nos ajudar imenso a tratar a paisagem do resto do país a que todos os portugueses terão hoje e amanhã direito. O desaparecimento da agricultura de índole regional e local por causa da fuga das aldeias, onde não existem condições de vida para a ocupação das melhores terras», apontou numa conferência de imprensa que decorreu à porta do monumento lisboeta.

Opinião corroborada pela Liga dos Amigos do local.

«Este incêndio veio pôr a nu as graves deficiências e abandono a que o Jardim Botânico tem sido votado devido a um insuficiente financiamento e falta de manutenção.»

«A Liga e a Plataforma em Defesa dos Amigos do Jardim Botânico irá fazer tudo, dentro daquilo que são as instituições democráticas nacionais, para que o Plano Pormenor do Parque Mayer (PPPM), no caso de ser aprovado, seja revisto e conceptualmente diferente», afirmou a Presidente e porta-voz da Liga, Manuela Correia. No início desta semana, o Jardim Botânico foi um dos 67 locais distinguidos pelo Fundo Mundial de Monumentos como uma zona a preservar, numa votação que contou com mais de 500 candidaturas.

Parte da recuperação do Mosteiro dos Jerónimos e da Torre da Belém foi realizada com fundos provenientes desta instituição. in A BOLA 12-10-2011

«Jardim Botânico de Lisboa em perigo»

O incêndio que atingiu, na semana passada, um edifício devoluto, contíguo ao Jardim Botânico, em Lisboa, foi um sério aviso. O alerta é da Liga dos Amigos do local, presidida por Manuela Correia.«A Liga e a Plataforma em Defesa dos Amigos do Jardim Botânico irá fazer tudo, dentro daquilo que são as instituições democráticas nacionais, para que o Plano Pormenor do Parque Mayer (PPPM), no caso de ser aprovado, seja revisto e conceptualmente diferente. Não podem ser coisas pontuais. É um conceito, é um plano integrado e de salvaguarda do Jardim Botânico», afirmou a Presidente e porta-voz da Liga, Manuela Correia.

Importa frisar que o PPPM vai ser apresentado a votação ainda esta tarde, numa sessão ordinária da Associação de Moradores de Lisboa.A escolha do Jardim Botânico da Universidade de Lisboa pelo Observatório do Fundo Mundial dos Monumentos é, na opinião de Manuela Correia, um motivo de grande orgulho e esperança para a sociedade e para o País:

«Com esta nomeação há uma nova esperança para o Jardim Botânico. A Universidade de Lisboa tem agora a oportunidade de se aliar a um conjunto de organizações que são detentoras do saber técnico científico para fazer uma candidatura para a recuperação do jardim.»

Das mais de 500 candidaturas, o Jardim Botânico de Lisboa foi um dos 67 locais escolhidos a serem preservados pelo Observatório do Fundo Mundial dos Monumentos. Segundo incêndio da história do Jardim Botânico

O incêndio da passada quarta-feira, dia 5, foi o segundo que atingiu as instalações do Jardim Botânico da Universidade de Lisboa. O primeiro, de maiores proporções, ocorreu em 1978 e destruiu as bibliotecas e o Museu de História Natural. Decorria, na altura, o mandato presidencial do General Ramalho Eanes. in A BOLA, 11 de Outubro de 2011

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

«Câmara afirma que projecto do Parque Mayer prevê salvaguarda do Jardim Botânico»

O vice-presidente da Câmara de Lisboa afirmou hoje que o Plano de Pormenor do Parque Mayer (PPPM) prevê a salvaguarda e valorização do Jardim Botânico, uma das principais preocupações de vários movimentos cívicos na concretização daquele documento.

Na Assembleia Municipal da semana passada, a Associação Portuguesa de Arquitectos Paisagistas (APAP) apelou à suspensão daquele plano, por considerar que não salvaguarda o Jardim Botânico e que pode «acentuar as cheias» na cidade.

O vice-presidente da Câmara de Lisboa, Manuel Salgado, afirma hoje, num comunicado em resposta à APAP, que a «salvaguarda e a valorização do Jardim Botânico, inscritos nos Termos de Referência do Plano, sempre foram objectivos fundamentais e evidenciados ao longo do percurso da elaboração» do plano.

Manuel Salgado recorda que este documento foi «elaborado em estreita colaboração com a Universidade de Lisboa» e que as «alterações introduzidas nas diversas fases do processo procuraram ir ao encontro das preocupações expressas por alguns dos atores envolvidos», propostas que «sempre foram entendidas como mais-valias».

Quanto à possibilidade de cheias, o também vereador de Planeamento e Política de Solos admite que «se antes da elaboração do estudo de caracterização hidrogeológica e do estudo de monitorização do muro de suporte do Jardim Botânico podia restar dúvidas quanto à circulação da água superficial e subterrânea [um problema apontado pela APAP]», agora com estes documentos as dúvidas foram «claramente dissipadas pelas suas conclusões».Os documentos foram «promovidos e acompanhados» pelo Departamento de Geofísica da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, indica Manuel Salgado.

Além destes estudos, o vice-presidente recorda que «nos termos de a câmara solicitou a realização de um Estudo de Avaliação Ambiental Estratégica» e consultou entidades como a Agência Portuguesa do Ambiente, o Turismo de Portugal, o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade, a Universidade de Lisboa, o Instituto da Água, o IGESPAR, a Inspecção Geral das Actividades Culturais, a Autoridade Nacional de Protecção Civil, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT), tendo as seis primeiras respondido ao solicitado.

«O resultado final desta avaliação - o Relatório Ambiental, documento que faz parte integrante do Plano - foi apreciado e mereceu concordância das entidades envolvidas, nomeadamente através dos pareceres emitidos no âmbito da Conferência de Serviços, convocada pela CCDR-LVT», lembra.

Manuel Salgado considera «surpreendentes as reacções que têm vindo a lume, porque revelam desconhecimento de todo o processo do Plano» de Pormenor do Parque Mayer.«Foi demonstrado que não há qualquer interferência das novas áreas a construir, tanto no Parque Mayer, onde nenhuma construção ultrapassa em altura a cota do muro do Jardim, nem do edifício do Capitólio», afirma, respondendo às críticas.

Também a Plataforma «Em Defesa da Missão do Jardim Botânico», que junta 14 associações e movimentos, incluindo a APAP, defendeu a «revisão imediata do plano de pormenor», na última assembleia municipal. in http://sol.sapo.pt/, 16-11-2011

Dia Nacional da Cultura Científica: 24 Novembro

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

133º aniversário do Jardim Botânico: sem festa mas com muitos amigos

No ano em que o Jardim celebra 133 anos, não podemos, infelizmente, festejar alegremente o seu aniversário. Porque o Jardim nunca esteve tão degradado como o vemos hoje. E porque a sua salvaguarda nunca esteve tão ameaçada como está actualmente pelo Plano de Pormenor do Parque Mayer. Se dúvidas havia, bastou o sofrimento que todos passámos ao vermos, incrédulos, o incêndio do passado dia 5 de Outubro que destruiu parcialmente um canteiro do Arboreto.

Já todos sabem que o Jardim Botânico de Lisboa está doente. Porque não tem um corpo de jardineiros profissionais. Porque não tem estufas de exibição ou de investigação. Porque não tem cafetaria, restaurante ou sequer loja. Porque não tem água suficiente. Porque não é sustentável. O Jardim está quase abandonado, demasiado perto de deixar de ser Botânico. O Jardim está em agonia. E nós, Liga dos Amigos do Jardim Botânico, sofremos com o sofrimento do nosso Jardim.

Mas o Jardim Botânico nunca esteve rodeado de tantos amigos como em 2011. Tem 14 organizações não governamentais portuguesas unidas para defender a sua missão e o seu futuro. O seu destino foi levado a debate na Assembleia da República por vontade de mais de 5 mil cidadãos. E o Jardim Botânico de Lisboa recebeu a atenção da comunidade internacional ao ser seleccionado pela World Monuments Fund para o WATCH de 2012. O Jardim voltou a estar no centro da reflexão sobre o futuro que queremos para a nossa cidade!

Saberão os nossos governantes estar à altura das regras da boa governação e ouvir os cidadãos do país e do mundo?

Feliz Aniversário Jardim Botânico de Lisboa.

Foto: Araucaria columnaris no Arboreto, um dos monumentos vivos do Jardim Botânico

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Ribeiro Telles considera que plano para o Parque Mayer põe Jardim Botânico em risco

Ribeiro Telles considera que plano para o Parque Mayer põe Jardim Botânico em risco

Associação de paisagistas contra privatização de espaço público para comércio e habitação

Os planos da Câmara de Lisboa para o Parque Mayer e zonas adjacentes põem em risco o vizinho Jardim Botânico, diz a Associação Portuguesa dos Arquitectos Paisagistas. Uma posição que é subscrita pelo decano dos paisagistas portugueses, Gonçalo Ribeiro Telles: "Condeno o plano de pormenor do Parque Mayer, porque ele condiciona muito a existência do jardim.

"Em causa está a construção que a autarquia quer permitir em redor do recinto verde, classificado recentemente como monumento nacional. Para a associação de paisagistas, o plano "altera a luz, as vistas e a circulação de brisas entre o Jardim Botânico e a Avenida da Liberdade". Tão ou mais grave, "modifica a circulação da água superficial e subterrânea".

"As colinas, mas também a zona ribeirinha e os vales de Chelas, avenidas da Liberdade e de Ceuta estão a ser uniformizados com construções em altura, destruindo a identidade, a estética e a saúde de Lisboa, comprometendo fortemente o funcionamento dos sistemas naturais e tendo como consequência o acentuar das cheias, a concentração de poluição e os abatimentos de pavimento nas zonas baixas", disse ontem a presidente da Associação de Arquitectos Paisagistas, Margarida Cancela d"Abreu, numa intervenção que fez na Assembleia Municipal de Lisboa.

O facto de uma segunda versão do plano já não contemplar um novo edifício para acolher os visitantes do Jardim Botânico não faz baixar de tom as críticas dos paisagistas. Gonçalo Ribeiro Telles, que preside à assembleia geral da associação, afirma que se identifica com todas elas. "O plano propõe a privatização parcial de um espaço hoje público para comércio e habitação", descreve Margarida Cancela d"Abreu, acrescentando que as suas preocupações "não são estéticas e subjectivas", relacionando-se antes com a qualidade de vida e a segurança da cidade.

O plano devia ter sido ontem votado na assembleia municipal, mas como as comissões especializadas deste órgão ainda não emitiram parecer sobre ele o debate foi adiado. A associação dos arquitectos paisagistas defende a delimitação imediata da zona especial de protecção do Jardim Botânico e a elaboração do respectivo plano de salvaguarda. in Público, 9 Novembro 2011

Assembleia da República: projecto de resolução chumbado

Bloco de Esquerda - Grupo Parlamentar
PROJECTO DE RESOLUÇÃO N.º /XII/1.ª
RECOMENDA A PROTECÇÃO DO MONUMENTO NACIONAL JARDIM BOTÂNICO DE LISBOA

O Jardim Botânico da Faculdade de Ciência de Lisboa, inaugurado em 1878, é um património de inegável interesse do ponto de vista histórico, cultural e científico no coração da cidade de Lisboa, levando todos os anos cerca de 80 mil visitantes a conhecer as suas mais de 1.400 espécies vegetais.

Conta com um banco de sementes que desempenha uma função crucial na conservação de recursos genéticos, detém importantes colecções de herbário, totalizando mais de 235 mil espécies, o que torna este Jardim num local de eleição para o ensino e a sensibilização ambiental, e possui diversas espécies tropicais, oriundas da Nova Zelândia, da Austrália, da China, do Japão e da América do Sul, constituindo uma das mais valiosas colecções botânicas em Portugal.

Conforme descreve o Sistema de Informação para o Património Arquitectónico - SIPA, alojado no site do IHRU, o Jardim tem um “valor cénico e botânico indiscutível, num espaço onde recreio e o lazer se cruzam com o saber. A variedade de espécies demonstra os diferentes microclimas que ao longo do jardim se podem encontrar. Um dos mais importantes espaços verdes da cidade de Lisboa antiga”.

Esta importância está reconhecida desde os anos 70, aquando da homologação do Jardim Botânico como Monumento Nacional, um processo só recentemente finalizado através do Decreto n.º 18/2010, de 28 de Dezembro, do Ministério da Cultura. Neste diploma justifica-se a classificação do Jardim pela “sua relevância pedagógica, a diversidade de espécies, com grande variedade de espécies exóticas, e a qualidade arquitectónica do edifício confinante da antiga Escola Politécnica ou as estruturas de apoio subsistentes no perímetro do Jardim” que “fazem deste espaço monumental um dos mais representativos do património urbano da Lisboa romântica, justificando-se plenamente a sua integral salvaguarda.” O documento refere ainda que a “classificação do Jardim Botânico de Lisboa contribuirá para a preservação do microclima da área, o que constitui condição sine qua non da sua subsistência”.

No entanto, não só esta classificação como Monumento Nacional exclui dos seus limites a Cerca Pombalina, desconsiderando este valor patrimonial, como a proposta de Plano de Pormenor do Parque Mayer, Jardim Botânico e Zona Envolvente, elaborada pela Câmara Municipal de Lisboa e colocada em consulta pública entre 22 de Outubro e 23 de Novembro de 2010, ameaça a salvaguarda e valorização do património e das missões cientifica e pedagógica do Jardim Botânico.

Por exemplo, o Plano de Pormenor prevê:

- O Aumento da altura média dos prédios em redor do Jardim, tornando-o mais quente e seco no Verão, pondo em risco a sobrevivência de muitas espécies e diminuindo a riqueza biológica do Jardim;

- A criação de um percurso pedonal para fazer a ligação da Rua da Escola Politécnica à Rua do Salitre e a uma nova galeria comercial junto ao Parque Mayer, que irá ocupar o lugar de uma estufa, e a subtracção de um corredor do Jardim que tem espécies de elevado valor botânico;

Foram os próprios IGESPAR e Direcção Regional de Cultura de Lisboa e Vale do Tejo (DRC-LVT), no âmbito da conferência de serviços, realizada a 22 de Julho de 2010, a colocar muitas dúvidas relativamente a estes projectos, sem que as mesmas tenham sido resolvidas no documento colocado em consulta pública.

Refere o parecer do IGESPAR, datado de 26 de Julho de 2010, que “o Jardim Botânico, construído na cerca de um antigo convento, possui valor estético, artístico, histórico e científico que importam conservar. Neste sentido, para conservar o carácter e valor culturais do espaço é necessário assegurar os seguintes factores:

1 - A manutenção das condições microclimáticas e de solo;

2 - A manutenção das condições hidrológicas e de drenagem dos solos;

3 - A manutenção das condições de ventilação e insolação;

4 - A manutenção dos elementos e materiais vivos e inertes que compõe o espaço;

5 - A manutenção da estrutura verde e do traçado do jardim, em conjunto com as edificações que o pontuam;

6 - A conservação de uma envolvente coerente com o carácter do espaço no que se refere aos factores ambientais e aos valores estéticos, históricos e artísticos.”. Ora, nenhuma destas condições está assegurada com esta proposta de Plano, nem são conhecidos os estudos que o IGESPAR refere serem necessários.

O parecer da DRC-LVT, de 23 de Julho, refere que as travessias devem ser preteridas ou devidamente fundamentadas porque podem “induzir a situações críticas decorrentes de um aumento de carga neste jardim”, ou que “a proposta de coberturas verdes de uso público condicionado (…) não pode envolver derrube de muros limítrofes, enquanto garantia da identidade deste imóvel”, ou que “a intervenção contempla alterações a nível de áreas e estruturas (…) as quais deverão ser preteridas” em caso de impactes negativos ainda não estudados, ou que a “proposta de estacionamento automóvel subterrâneo deverá ser preterida pelos impactes negativos sobre os valores patrimoniais em presença”. No entanto, estas preocupações não estão expressas na proposta actual.

O Bloco de Esquerda considera que a proposta do Plano de Pormenor desvaloriza o Jardim Botânico de Lisboa nas suas diversas funções e não o salvaguarda enquanto Monumento Nacional, em nada contrariando o abandono e degradação a que foi votado ao longo dos anos. É inaceitável que se pretenda reduzir a área e limites do Jardim, destruir estruturas fundamentais ou ignorar a sua importante missão científica e pedagógica. Aliás, sendo um Monumento Nacional, o Jardim deveria estar sujeito a um Plano de Pormenor de Salvaguarda, como determina a legislação, estabelecendo “normas que sirvam de base ao processo da regeneração das áreas, contrariando a deterioração progressiva destes locais, por forma a que se obtenha a reconstituição das características existentes à época”, o que não acontece no âmbito deste Plano que inclui uma zona territorial mais abrangente.

Acompanhamos, assim, a preocupação dos mais de 4.000 cidadãos que deram entrada na Assembleia da República de uma petição a exigir a revisão imediata deste Plano de Pormenor pela defesa da missão do Jardim Botânico e da sua sustentabilidade ambiental, social e económica a longo prazo.

Assim, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda propõe à Assembleia da República que recomende ao Governo:

1. Assegure a adequada protecção e requalificação do Monumento Nacional Jardim Botânico de Lisboa, ameaçado pela proposta do Plano de Pormenor do Parque Mayer, Jardim Botânico e Zona Envolvente, em fase de aprovação pela Câmara Municipal de Lisboa;

2. Inclua a Cerca Pombalina como parte integrante do Monumento Nacional Jardim Botânico de Lisboa;

3. Promova, junto das entidades competentes, a elaboração de um Plano de Pormenor de Salvaguarda para o Monumento Nacional Jardim Botânico de Lisboa, articulado com o Plano de Pormenor do Parque Mayer, Jardim Botânico e Zona Envolvente, de modo a ordenar, requalificar e promover o cumprimento das missões científicas e pedagógicas do Jardim Botânico, prevendo inclusive garantias financeiras para o seu regular financiamento;

4. Garanta que na Zona Especial de Protecção do Jardim Botânico de Lisboa não sejam permitidas novas construções junto ao muro do Jardim e se mantenha a permeabilidade dos logradouros da zona envolvente (Rua da Escola Politécnica, Rua do Salitre, Rua da Alegria e Calçada Patriarcal).

Palácio de São Bento, 02 de Novembro de 2011
Os Deputados e as Deputadas do Bloco de Esquerda

NOTA: este projecto de resolução foi chumbado em sessão do dia 4 de Novembro de 2011

Aniversário do Jardim Botânico: 133 anos

Paisagistas: Plano de Pormenor do Parque Mayer vai acentuar cheias

Paisagistas: Plano de Pormenor do Parque Mayer vai acentuar cheias

Arquitetos paisagistas defenderam hoje na Assembleia Municipal a suspensão do Plano de Pormenor do Parque Mayer, por entenderem que "não salvaguarda o Jardim Botânico e vai acentuar as cheias" em Lisboa.

A Associação Portuguesa de Arquitetos Paisagistas (APAP) apelou hoje, na Assembleia Municipal de Lisboa, à suspensão do Plano de Pormenor do Parque Mayer, por considerar que não salvaguarda o Jardim Botânico e vai "acentuar as cheias" na cidade.

A discussão do Plano de Pormenor do Parque Mayer (PPPM) estava agendada para hoje, mas não se concretizou, uma vez que o documento está a aguardar pareceres da comissão municipal de finanças, disse uma fonte municipal.

No período antes da ordem do dia, a presidente da APAP, Margarida D'Abreu, apelou à "consciência ética" da Assembleia para suspender a aprovação do plano, para que a autarquia possa avançar com a demarcação de uma zona especial de proteção e um plano de salvaguarda do Jardim Botânico - que é abrangido pelo PPPM -, "previstos na legislação dos monumentos nacionais".


"Ameaça para o Jardim, para Lisboa e cidadãos"

A arquiteta alertou que este plano de pormenor vai "acentuar as cheias, aumentar a concentração de poluição e levar a abatimentos de pavimentos em zonas baixas".

Isto porque "apaga uma das colinas de Lisboa" e "fecha e impermeabiliza" aquela área, que agora leva a água a infiltrar-se "antes de chegar à Avenida da Liberdade".

Margarida D'Abreu defendeu que naquela área devia existir uma "elevada área de logradouros e espaços abertos".

Também a presidente da Liga dos Amigos do Jardim Botânico, em representação da Plataforma "Em Defesa da Missão do Jardim Botânico", que junta 14 associações e movimentos, defendeu a "revisão imediata do plano de pormenor", na assembleia municipal.

Manuela Correia recordou que o Jardim Botânico da Universidade de Lisboa "possui uma das mais valiosas coleções de botânica nacionais" e é "um património inegável", defendendo a "preservação deste 'pulmão verde' fundamental" na cidade.

"Mais valia para a gula imobiliária"

"Desde o início (da elaboração do Plano de Pormenor do Parque Mayer) que os cidadãos constatam que o jardim é visto como uma peça acessória ou apenas uma mais valia para a gula imobiliária", afirmou Manuela Correia.

"O plano é uma real ameaça para o jardim, a cidade e os cidadãos. O Jardim Botânico está atualmente em perigo de destruição", avisou.

Na assembleia de hoje, foram aprovadas duas saudações do Bloco de Esquerda e do partido ecologista "Os Verdes" a dar conta da seleção do Jardim Botânico para o observatório mundial de monumentos 2012, pela sua importância de herança cultural e pela preocupação associada à sua conservação.

Esta referência foi feita em outubro, pela organização World Monuments Fund. A Câmara de Lisboa aprovou no final de julho, com as abstenções do PSD e CDS-PP, o Plano de Pormenor do Parque Mayer que, após passar por discussão pública, respondeu, segundo a maioria PS e o PCP, a dúvidas sobre impactos no Jardim Botânico e possibilidades de cheias.

Foto: Vista da Cerca Pombalina do Jardim Botânico junto ao Parque do Salitre (Baudoin Lda) com entrada pela Rua do Salitre 123. Esta anomalia urbana, um parque de estacionamento à superfície junto a um Monumento Nacional, será perpétuado pela CML com a eventual aprovação do PP que irá autorizar este proprietário a construir um estacionamento suterrâneo em cave neste local. O argumento da CML? Este logradouro já está impermeabilizado. Como é possível à CML defender o erro?