quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Paisagistas: Plano de Pormenor do Parque Mayer vai acentuar cheias

Paisagistas: Plano de Pormenor do Parque Mayer vai acentuar cheias

Arquitetos paisagistas defenderam hoje na Assembleia Municipal a suspensão do Plano de Pormenor do Parque Mayer, por entenderem que "não salvaguarda o Jardim Botânico e vai acentuar as cheias" em Lisboa.

A Associação Portuguesa de Arquitetos Paisagistas (APAP) apelou hoje, na Assembleia Municipal de Lisboa, à suspensão do Plano de Pormenor do Parque Mayer, por considerar que não salvaguarda o Jardim Botânico e vai "acentuar as cheias" na cidade.

A discussão do Plano de Pormenor do Parque Mayer (PPPM) estava agendada para hoje, mas não se concretizou, uma vez que o documento está a aguardar pareceres da comissão municipal de finanças, disse uma fonte municipal.

No período antes da ordem do dia, a presidente da APAP, Margarida D'Abreu, apelou à "consciência ética" da Assembleia para suspender a aprovação do plano, para que a autarquia possa avançar com a demarcação de uma zona especial de proteção e um plano de salvaguarda do Jardim Botânico - que é abrangido pelo PPPM -, "previstos na legislação dos monumentos nacionais".


"Ameaça para o Jardim, para Lisboa e cidadãos"

A arquiteta alertou que este plano de pormenor vai "acentuar as cheias, aumentar a concentração de poluição e levar a abatimentos de pavimentos em zonas baixas".

Isto porque "apaga uma das colinas de Lisboa" e "fecha e impermeabiliza" aquela área, que agora leva a água a infiltrar-se "antes de chegar à Avenida da Liberdade".

Margarida D'Abreu defendeu que naquela área devia existir uma "elevada área de logradouros e espaços abertos".

Também a presidente da Liga dos Amigos do Jardim Botânico, em representação da Plataforma "Em Defesa da Missão do Jardim Botânico", que junta 14 associações e movimentos, defendeu a "revisão imediata do plano de pormenor", na assembleia municipal.

Manuela Correia recordou que o Jardim Botânico da Universidade de Lisboa "possui uma das mais valiosas coleções de botânica nacionais" e é "um património inegável", defendendo a "preservação deste 'pulmão verde' fundamental" na cidade.

"Mais valia para a gula imobiliária"

"Desde o início (da elaboração do Plano de Pormenor do Parque Mayer) que os cidadãos constatam que o jardim é visto como uma peça acessória ou apenas uma mais valia para a gula imobiliária", afirmou Manuela Correia.

"O plano é uma real ameaça para o jardim, a cidade e os cidadãos. O Jardim Botânico está atualmente em perigo de destruição", avisou.

Na assembleia de hoje, foram aprovadas duas saudações do Bloco de Esquerda e do partido ecologista "Os Verdes" a dar conta da seleção do Jardim Botânico para o observatório mundial de monumentos 2012, pela sua importância de herança cultural e pela preocupação associada à sua conservação.

Esta referência foi feita em outubro, pela organização World Monuments Fund. A Câmara de Lisboa aprovou no final de julho, com as abstenções do PSD e CDS-PP, o Plano de Pormenor do Parque Mayer que, após passar por discussão pública, respondeu, segundo a maioria PS e o PCP, a dúvidas sobre impactos no Jardim Botânico e possibilidades de cheias.

Foto: Vista da Cerca Pombalina do Jardim Botânico junto ao Parque do Salitre (Baudoin Lda) com entrada pela Rua do Salitre 123. Esta anomalia urbana, um parque de estacionamento à superfície junto a um Monumento Nacional, será perpétuado pela CML com a eventual aprovação do PP que irá autorizar este proprietário a construir um estacionamento suterrâneo em cave neste local. O argumento da CML? Este logradouro já está impermeabilizado. Como é possível à CML defender o erro?

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