sábado, 31 de janeiro de 2009

As ÁRVORES e os LIVROS: Juan Jiménez

- Detive-me com uma árvore
e ouvi falar as árvores.

- E muito tarde, ontem à tarde,
ouvi-me a falar às árvores.

Juan Jamón Jiménez

FOTO: árvores na colina da Acrópole em Atenas (Dezembro 2008)

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Bruxelas inicia acção contra Portugal devido a poluição atmosférica

Bruxelas, 29 Janeiro de 2009 (Lusa) - A Comissão Europeia decidiu hoje intentar uma acção contra Portugal e outros nove Estados-membros por incumprimento da norma comunitária de qualidade do ar em relação a partículas de suspensão perigosas.

O executivo comunitário explica que a acção vem na sequência da entrada em vigor, em Junho de 2008, da nova lei comunitária sobre qualidade do ar, que permite aos Estados-Membros solicitar, em determinadas condições e em relação a determinadas partes do país, um prazo suplementar limitado para respeitar a norma aplicável, desde 2005, para as partículas em suspensão perigosas.

Bruxelas diz que em Junho do ano passado enviou um pedido de informações aos 10 Estados-membros que ainda não respeitam os valores-limite, em vigor desde 1 de Janeiro de 2005, relativos a essas partículas, denominadas "PM10", não tendo estes notificado pedidos de prazos suplementares para cumprir as normas em todas as zonas de qualidade do ar em que os valores-limite são excedidos.

Além de Portugal, a Comissão iniciou acções também contra Alemanha, Chipre, Eslovénia, Espanha, Estónia, Itália, Polónia, Reino Unido e Suécia.

Bruxelas indica que em causa, no conjunto dos 10 Estados-membros, estão "casos de excedência dos limites que afectam 83 milhões de pessoas em 132 zonas diferentes de qualidade do ar". As partículas em suspensão perigosas, emitidas essencialmente pela indústria, pelo trânsito e pelo aquecimento doméstico, podem provocar asma, problemas cardiovasculares, cancro do pulmão e morte prematura, lembra a Comissão Europeia.

FOTO: Avenida da Liberdade em 1960 numa fotografia de Armando Serôdio. Actualmente é um dos eixos urbanos mais poluidos da UE, ultrapassando todos os limites legais.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Belém: Obras no Porto de Lisboa ameaçam Jardim das Cerejeiras Japonesas

Escavações estão a danificar o espaço verde recuperado há um mês

O Jardim das Cerejeiras Japonesas, junto ao Museu de Arte Popular, em Belém (Lisboa), está mais uma vez ameaçado - primeiro foi a falta de verbas da câmara municipal que obrigou a Associação de Amizade Portugal-Japão (AAPJ) a retirar as 181 árvores, que secaram por falta de manutenção; agora são as obras da Administração do Porto de Lisboa (APL), que estão a danificar o espaço verde, inaugurado em 2005."

As escavações começaram no sábado e temo que já tenham destruído o sistema de rega subterrâneo", denuncia Leonilda Alfarrobinha, directora da associação. A AAPJ garante não ter sido informada sobre a realização desta obra e, ao confrontar o Porto de Lisboa, esta não foi capaz de esclarecer todas as suas dúvidas: "Falei com um responsável da APL que explicou não existir autorização escrita para se fazer estes trabalhos."

Ângelo Mesquita, director municipal de Ambiente Urbano da Câmara de Lisboa, por seu turno, contou ao DN que a autarquia foi informada das obras que têm como finalidade ligar os esgotos do novo hotel da Doca do Bom Sucesso à rede de saneamento: "Penso que haverá um compromisso da APL em reparar todos os estragos após o fim dos trabalhos." O DN tentou confirmar esta informação junto da APL mas, até à hora de fecho desta edição, não obteve qualquer esclarecimento.

Os trabalhos, a cargo do Porto de Lisboa, acontecem um mês depois de a AAPJ ter substituído as cerejeiras secas por novas árvores: "Estávamos na fase final da recuperação do jardim quando fomos surpreendidos com esta obra", desabafa Leonilda Alfarrobinha, lembrando que a APL e a autarquia investiram mais de 200 mil euros naquele espaço verde. E mesmo que a Administração do Porto de Lisboa compense os prejuízos resultantes da obra, isso não é suficiente para garantir a sobrevivência do Jardim das Cerejeiras.

Ângelo Mesquita diz que a manutenção do espaço verde por parte da câmara pode estar comprometida, uma vez que a AAPJ não consultou a autarquia durante o processo de replantação das cerejeiras: "Desconhecemos se as espécies são compatíveis com as condições climatéricas daquele local e, caso isso se verifique, não poderemos assegurar a conservação do jardim." in Diário de Notícias, 29 de Janeiro de 2009

FOTO: Um Jardim de Cerejeiras Japonesas mortas? Agosto de 2007.

Plano de Pormenor para o Parque Mayer vai abri-lo à cidade

in Diário de Notícias, 29 de Janeiro de 2009

Operação urbanística. No Verão a proposta de Plano de Pormenor para o Parque Mayer e edifícios da Universidade de Lisboa na Rua da Escola Politécnica deverá entrar em fase de discussão pública. Ontem a sua elaboração foi aprovada pelo executivo municipal.

Oposição questionou a viabilidade financeira. O tempo começou a contar. Ontem a Câmara de Lisboa aprovou os termos de referência (as linhas com que o arquitecto se cose) para a elaboração do Plano de Pormenor do Parque Mayer. Manuel Aires Mateus, o arquitecto vencedor do concurso de ideias promovido no ano passado pela autarquia da capital, tem agora 180 dias para elaborar uma proposta preliminar e posteriormente o plano de pormenor na sua versão definitiva. "Vamos abrir o Parque Mayer à cidade", disse ao DN.

Feitas as contas, o documento estará pronto para discussão pública no Verão. "É uma abordagem muito contida", disse a vereadora Helena Roseta a propósito das ideias que ontem foram apresentadas durante a reunião pública do executivo municipal. "Apesar de tudo, as coisas correram como deve ser. Foi feito um concurso de ideias, apurou-se um número restrito de propostas e destas foi escolhida a vencedora. Para o Capitólio, os procedimentos foram igualmente transparentes já que a solução encontrada também saiu de um concurso", sublinhou a representante do movimento Cidadãos por Lisboa.

Helena Roseta aproveitou a oportunidade para lembrar que "durante anos o Parque Mayer foi um sorvedouro de dinheiros públicos", referindo-se, por exemplo, aos 2,5 milhões de euros em honorários que a autarquia pagou ao arquitecto Frank Gehry pelos estudos que elaborou e que acabaram por não ser aproveitados. Sublinhe-se a propósito que Manuel Aires Mateus deverá receber 150 mil euros pelo trabalho. Este conhecido projectista que também é responsável, em co-autoria, com Frederico Valsassina pelo projecto do edifício do Largo do Rato, aponta a abertura do recinto do Parque Mayer à cidade como um dos aspectos estruturantes da solução que apresentou. "A criação de novas ligações do Parque Mayer à Rua do Salitre e à Praça de Alegria fazem dele mais um pedaço de cidade, apesar de este espaço continuar a ser uma zona recatada", sublinhou.

O Plano de Pormenor que abrange além do Parque Mayer os edifícios da Universidade de Lisboa (Museus da Politécnica e Jardim Botânico) prevê a construção de um hotel com 100 quartos, atrás do edifício do Capitólio, um teatro com cena à italiana e capacidade até 600 espectadores e a possibilidade de remodelação do Variedades. "A revista terá sempre lugar neste novo Parque Mayer", disse ao DN Aires Mateus que destacou igualmente a extensão do coberto vegetal como um factor determinante para a articulação do Parque Mayer com o Jardim Botânico.

FOTO: Maqueta da proposta vencedora para o Plano de Pormenor.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

O Mercado dos Museus e o Ensino Superior

Encontro ICOM - Formação para os Museus

O MERCADO DOS MUSEUS E O ENSINO SUPERIOR
Formação Académica e Integração Profissional

Dia 6 de Fevereiro de 2009

Centro de Congressos da EXPONOR - Auditório B4

Programa, Call for Papers, informações: www.icom-portugal.org

FOTO: pormenor da Ficus Macrophylla na Classe do Jardim Botânico

PROJECTO PIONEIRO: inaugurada a primeira instalação mundial de reciclagem de cortiça

Quercus entrega 12 toneladas de rolhas para inauguração da primeira instalação mundial de reciclagem de cortiça
A Quercus entrega amanhã para reciclagem as primeiras 12 toneladas de rolhas de cortiça recolhidas no âmbito do projecto Green Cork, iniciativa que inaugurará a primeira instalação mundial de reciclagem de resíduos de cortiça, no Norte do país.

Um total de 12 toneladas de rolhas de cortiça vão ser entregues pela associação ambientalista Quercus nas instalações da Corticeira Amorim, em Mozelo, Santa Maria da Feira, onde a partir de amanhã passará a “funcionar a primeira unidade licenciada para reciclagem de cortiça, a nível mundial”, disse à agência Lusa o presidente da Quercus, Hélder Spínola.

O responsável explicou que o projecto Green Cork começou em Junho do ano passado, com a colocação de contentores para a recolha de rolhas de cortiça – 'O Rolhinhas' – nos hipermercados Continente, tendo depois sido alargado para alguns hotéis, restaurantes, bares e centros comerciais.Hélder Spínola lembrou que, graças à iniciativa, as rolhas de cortiça poderão ser “utilizadas para o fabrico de outros produtos aglomerados, como isolamentos, juntas de dilatação, pavimentos, revestimentos”, entre outros. Além de ser o primeiro programa de reciclagem que “permite financiar programas de recuperação e conservação da natureza” e a “optimização dos circuitos pré-existentes dos parceiros do projecto”, também possibilita que todas as verbas sejam “aplicadas na reflorestação das florestas com árvores autóctones, entre as quais o sobreiro”, referiu.

Projecto-piloto em Portugal
“É pago um valor pelas rolhas. Nós pegamos nesse dinheiro e aproveitamo-lo para financiar parte do programa Criar Bosques, Conservar a Biodiversidade, e na gestão de habitats onde existem espécies importantes e que necessitam de actividades de conservação”, precisou Hélder Spínola. O dirigente da Quercus sublinhou o “grau de inovação” da campanha, lembrando que até agora todas as verbas obtidas nas iniciativas de recolha para reciclagem no país “eram aplicadas no próprio sistema de reciclagem”. Segundo Hélder Spínola, este programa funcionará como projecto-piloto em Portugal e “posteriormente será alargado a outros países da União Europeia”.

O responsável adiantou que a Quercus também já entrou em contacto com as direcções regionais de educação para que o programa possa vir a ser desenvolvido nas escolas portuguesas.“Esperamos que as escolas adiram à iniciativa, porque são sempre espaços com grande importância pedagógica, onde os alunos e professores podem trazer as rolhas de casa”, afirmou. Lusa, 20 de Janeiro de 2008

FOTO: Sobreiro nos arredores de Évora

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Seminário: Património Científico Português

No próximo dia 28, quarta-feira, tem lugar a primeira sessão de seminários dedicados ao Património Científico Português, uma iniciativa do Museu de Ciência da Universidade de Lisboa e do Centro de História das Ciências da mesma universidade.

Estes seminários dedicados ao conhecimento, divulgação e perspectivas futuras das colecções, arquivos e espaços edificados à memória da investigação e do ensino das ciências em Portugal, terá como tema de abertura O Património do Museu Nacional de História Natural: Zoologia, Botânica, Mineralogia e Geologia, e conta com as intervenções de Maria Judite Alves, Ana Isabel Correia e Liliana Póvoas, do MNHN.

A partir das 17h, no Auditório Manuel Valadares. Entrada Livre

FOTO: Busto de Garcia de Orta na antiga Biblioteca da Escola Politécnica

Professor Bragança Gil (1928-2009)

Faleceu no passado sábado de manhã, dia 24 de Janeiro de 2009, aos oitenta e um anos, Fernando Bragança Gil, eborense, Professor Catedrático jubilado, da Universidade de Lisboa, fundador e ex-director do Museu de Ciência da mesma Universidade. No sábado, a partir das 17h00, a Basílica da Estrela acolheu o seu corpo. O funeral saiu no domingo às 17h45 para o cemitério do Alto de São João onde foi cremado às 19h00.

A Liga dos Amigos do Jardim Botânico lamenta profundamente a sua partida.

FOTO: Lochroma coccineum, na Classe do Jardim Botânico

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Exposição OLHARES: Mariana D'Aboim Inglez

Integrado nas comemorações dos 130 anos do Jardim Botânico, do Museu Nacional de História Natural, foi inaugurado no dia 11 de Novembro, a exposição “Olhares” - esculturas de ar livre realizadas pelos alunos recém licenciados em escultura da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. As obras encontram-se integradas por todo o espaço do Jardim e podem ser vistas até 11 de Março.

Horário da exposição: de 2ª a Domingo, entre as 10h00 e as 18h00.

FOTO: obra de Mariana D'Aboim Inglez, sem título, no Arboreto.

domingo, 18 de janeiro de 2009

As ÁRVORES e as CASAS: Kinoka no Ie

WOOD DWELLERS

Twenty-nine Japanese families have found their version of happiness by creating their own idyll in a Tokyo suburb. Together with eco-architect Akinori Sagane they have built Kinoka no Ie, a community development in Machida-shi in the south of the city. It’s a 21st-century alternative to the hippy commune: eco-logically sound, but without the home knits and tie-dye. Sagane found the land, advertised for buyers and then organized the group’s purchase of the plot. Residents own their apartments – which range from 45 to 80 sq m – and each has a share in the rooftop vegetable gardens.

Non-toxic materials were used wherever possible and chemicals avoided at all costs. Even the concrete was mixed with filtered water. Over the course of two years of planning, discussion and seminars on everything from sustainability to eco-DIY, residents contributed their voices to the design. (…)

Decisions that affect all the residents are made together, and everyone takes it in turns to tend to the public areas. "The best part about living here is the sense of community,” says Nakabayashi, whose top-floor apartment has a balcony overlooking the gardens. “We all got to know each other during the time the development was being planned.” Now they exchange vegetables, look after each other’s children and share cars and bicycles. They all pitched in on waterproofing the exterior: instead of coating the timbers with chemicals, they used an old Japanese technique to scorch the wood and seal it.

Kinoka no Ie (literally “Wood-flavoured House” looks bucolic – the gardens are bursting with vegetables and flowers, children play together and doors are unlocked. But behind it is the challenge of building pratical urban homes while sticking to ecological principles.

“It is not easy to make a community like this in the city,” says Sagane. “But we’ve shown it’s possible. One of the residents is 100% self-sufficient in rice and vegetables, while the rate of self-sufficiency in Tokyo is less than 3%.”

Sagane, whose studio Ambiex is based in Tokyo, has spent two decades trying to persuade people to live in a more environment conscious way. “People have a hard time accepting that a little mould is better than a house full of chemicals,” he says. “Japanese are meticulous and don’t like the slight changes tha happen with woods. Japanese houses usually only last for 30 years and then they just become toxic waste.”

The hard slog is paying off. Sagane has built three eco-projects in the past 10 years and one more are at the planning stage. (…) Sagane’s work has been focused on city projects, but he’s now turning his attention to rural Japan. “There’s this illusion that only people who live in the countryside lead eco-friendly lives,” he says. “But the reality is they usually drive, use agri-chemicals and live in houses full of chemical substances. I think the city and the countryside can influence each other.” Sagane plans to take his work nationally from 2009 and he’s in talks with a prefab construction company about producing an eco-house. “I’m aiming to build houses that last 300 years,” he says. “They don’t need to have major repairs and the running costs are cheap. That should make people happy.”

In MONOCLE, Dezembro 08/Janeiro 09

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

AS ÁRVORES e os LIVROS: Pascoaes

«Sou mais árvore do que se pensa e o lodum é mais homem do que parece.»

Teixeira de Pascoaes

FOTO: Alameda de Lodãos no Miradouro de São Pedro de Alcântara

domingo, 11 de janeiro de 2009

«STRAIGHT AND NARROW»: os micro jardins de Amesterdão


I didn’t exactly expect to find swaying fields of cannabis in the canal-house gardens of Amsterdam but I was surprised by their formality in this famously laid-back city. Then again, their enduring classical designs – so unalloyed in some cases I would have been only mildly surprised to find William III, 17th-century ruler of the Netherlands, later king of England and gardener extraordinaire, strolling about the parterres – made sense given how well adapted they are to Dutch geography and culture.

The Netherlands is a terribly populous country and Amsterdam especially so. Even wealthy residences, such as the waterside houses built for successful merchants and other solid burghers in the capital in the 1600s, tend to be constricted. That paucity of space explains why so many of the 7,000 often beautiful, protected buildings in the capital appear, weirdly, to be tipping towards the middle of the street. In fact, their inclination allowed a pulley – still commonly used today – to be suspended from the gables to transport furniture too bulky for winding, narrow stairwells to the upper storeys. Their gardens, likewise, are typically long and lean and also use contrivances to beat their dimensions – intricate box hedging, water features and statuary that are meant both to make the most of the pinched space and to distract from it.

“Most of the canal-house gardens are only about 7 metres wide by 30-40 metres deep; gardeners have constantly sought solutions to make them not look so narrow,” explains Tonko Grever, curator of the Museum Van Loon, which, with its faded lush furnishings, constipated portraits and formal rose garden after a 1680 design is one of the most convincingly restored of the city’s historic residences. Complex, elegant parterres, designed to be appreciated from the bel étage – the upper reception floor – were meant not only to draw attention from the lack of space in the garden. Such decorations were also favoured for their steely winter looks by well-off families who spent the warmer seasons out of town. Arising first on the sweeping canvas of royal gardens, they were, finally, a visual treat to contrast with the flatness of the Dutch landscape.
I do not want these gardens to sound dour; even when severely clipped they contained quirks. The concentric circular rose beds in the Van Loon garden form, you soon realise, a map of Amsterdam’s canals. The swirling arabesque parterres in a garden on Herengracht look quite antique but they have been there only 15 years, Maarten van den Grinten, a jazz guitarist and one of the four owners of apartments in the house behind who share upkeep of the garden, says: “Ten children have grown up here and in the garden next door; it used to look like a football field. We chose parterres for the low maintenance,” he said with a shrug. “Next door” was reached through a gap in the hedge; many of the gardens I saw were shared in this easy way. Its style was a rare casual contrast like an exemplar of the natural planting subdued for a century or two when the Dutch William, metaphorical clippers in hand, ascended to the English throne.

“How much work do you do on it?” I asked Dorine de Gruyter, the artist owner, wondering if the apparent anarchy was a laborious artifice. “Oh, hardly any,” she said, leading me down a foliage-cramped path to where her knobbly sculptures, inspired by stilt-walking musicians she had met on a recent trip to Cuba, were displayed.

Art leavened the formality of many of the gardens. The classical statuary might have flirted with kitsch but was saved by a Dionysian quality that would have pleased the ancients: a cherub strangling a serpent, a fawn dancing in ecstasy. The modern works set up a dialogue with the venerable formality and symmetry of the planting.

Through the narrow portal of the artist Heather Jeltes’s house, you come first upon a tiny room in which she has installed a draped, candlelit dining scene. You could imagine Vermeer supping in its tenebrous confines. Further back, an even more minuscule courtyard was almost filled by a broad swing set against a trompe l’oeil painting – the illusion barely perceptible – of a trellis and creeping plants.

Leaving the private gardens for the public space of the street, I found evidence of Amsterdammers’ gardening compulsion. Verversstraat, a working-class lane off the tourist trail, is one of the greenest streets in the city. Even a dope-smoking salon had a glorious green archway. Every second houseboat bobbing up and down on secluded Dijksgracht had a higgledy-piggledy plantation. No spare inch is left unplanted – ­literally; you find roses poking up from plots of that size in the pavement.

With the help of the municipality, such kerbside gardens abound. Most are no more than a paving stone wide and I found Welmoed Koekebakker, an artist (yes, another; how does the city’s economy function?) tending one that had grown halfway up her house. My first question was a Londoner’s: “Don’t people steal the plants?” “In 15 years, I’ve had only one or two stolen,” she said. “People donate plants; sometimes I don’t like them. This has become a real gathering place for the neighbourhood.” in Financial Times, 10-1-2009

FOTOS: em Amesterdão os cidadãos podem criar micro jardins em frente aos seus prédios bastando para isso abrir buracos nos pavimentos; esta iniciativa é realizada com o apoio do município.

sábado, 10 de janeiro de 2009

KEW GARDENS: «A NATURAL HISTORY»

Kew Gardens is famous round the world. Its magnificent palm house is an unsurpassed marvel of glass and cast iron architecture, home to tender trees from un-British climates such as Brazil and Madagascar. Its pagoda is more than 130ft high, the tallest and arguably the earliest tribute to Chinese gardens in Europe. Its herbarium of dried and pressed plants is an international wonder, spanning centuries of collected material, which has now jumped into unexpected life, thanks to our new understanding of genetics where DNA can be recovered from dried leaves and flowers even when the original plant has become extinct in nature.

When did Kew’s own past begin? 2009 is being billed as the 250th anniversary and will be celebrated in February by an enhanced version of the Tropical Extravaganza, Kew’s tropical flower and orchid festival, and in August through a photography competition for all comers, who can submit their pictures of any botanical garden in the world. Kew will also be delivering a Darwin Treasure Chest to every primary school in the UK as part of an even bigger project called the Great Plant Hunt, which wants “to help children explore the natural world around them”. Tobacco and poppy-juice are not included.

The date of the 250th anniversary is not calculated from the first surge of gardening on Kew’s site, however. Earlier in the 18th century, the area to the west of London had begun to be landscaped by royalty, especially by the eager Frederick, then Prince of Wales under King George II. Kew was one of a cluster of fine sites along the nearby Thames, which individual royals were laying out as green retreats from the smell and bustle of their residences in the capital. Prince Frederick died from the chill that he caught during a soaking day’s work in his Kew garden but his widow, the energetic Princess Augusta, continued their joint venture on the site and by 1759 had appointed the first specialised head gardener. One of his jobs was to look after her plantings of medicinal plants and herbs and as a result the garden at Kew was first called “botanical”. It is this part of the initiative that modern Kew treats as a foundation date.

Like many keen gardeners, I have admired Kew’s commitment to science but wondered if it has had much of a commitment to the gardening that I love. One of its great projects is its Millennium Seed Bank, which aims to host and save a high proportion of the seeds to be found in partner-countries around the world. Very few of them are much use to gardeners because the majority derive from tropical dry-lands and cannot be grown outdoors.

Kew is committed to “sustainability” but the only “sustainable” garden in Britain would be one full of nettles and ground elder. I admire hybrid plants whereas Kew concentrates on wild forms. I have had a nasty feeling that deep down the scientists have thought that flower gardeners are extravagant and not central to Kew’s botanical purpose.

I have also not envied modern Kew its challenges. It has had to confront crises that could easily have crippled it. They have ranged from the thunder of aircraft using Heathrow airport to Thatcherism at its least forgiving. Even Kew’s famous past began to turn against it: under the famous Hooker family in the Victorian era, the garden was a leader in overseas plant-collecting when botanical display was linked with the power of the British Empire: the empire then fell and the removal of plants by foreigners was attacked as “colonialist”. Above all, the climate has started to warm but heating is still essential in the huge tropical glasshouses. How does such a consumption of fuel relate to modern Kew’s declared scientific mission of encouraging sustainability in plantings around the world?

On a garden bench beside spurge plants in mid-winter, I put these doubts to Nigel Taylor, longtime servant of Kew’s best interests and now the director of horticulture, with responsibilities for a garden staff of 150. We had just walked through the big rock garden, object of my critical eye after many years’ experience. I shared my doubts and memories with Taylor. My views were not unfounded because I really know how to put the gardening back into the phrase “botanical gardening”. Most modern directors of such gardens are scientists or even bureaucrats and have little idea about the potential of the outdoor, public side of their enterprise. Kew’s two recent directors have been scientists of exceptional distinction and freely admitted that gardening was really not their expertise. Sir Ghillean Prance is a revered expert on worldwide conservation, particularly famous for his championing of rainforests, and Peter Crane is a scientist of equal distinction who once even proposed that I tell him what to do with the garden as it was not his field. It was after dinner but he was not entirely joking.

My first job was as an outdoor worker in the vast alpine garden of the botanical garden in Munich under the legendary direction of Wilhelm Schacht, a super-hero who had even laid out an alpine garden for the last king of Bulgaria. The Munich garden’s only European equal was and is Edinburgh’s, now back on top form after a wobble from envious bureaucrats in the early 1990s. When I returned to England after a transforming period in German public service I naturally went straight to Kew to compare ideas.

It was autumn 1965 and with youthful eagerness I hunted down a senior employee among the boulders of Kew’s own rock garden. A botanic garden, the expert Allen Paterson remarks in his good new book The Gardens at Kew, may be defined “as a place where a wide range of plants are collected and grown and where they are all labelled, mostly correctly”. In 1965, there were many more labels than alpines on the Kew rock garden. It looked like a graveyard for former cushion plants. The most conspicuous residents were non-alpine cotoneasters hugging the rocks. I asked my senior what hours he worked, explaining that I had worked a 44-hour week for 82 Deutschmarks, beginning with a departmental check-in at 6.45am. “Christ,” he replied, “the Germans had the better of you. Here we take out the wheelbarrow at 8.30am but by the time we get to the rock garden we somehow find a tyre is flat. We go back to find the man who signs out the tyre-pump and by the time we have found him and it, it is time to have our mid-morning break.” The rest of the day went by in such calculated footling and I remember wondering if he was being played by Peter Sellers in a horticultural sequel to the British comedy film I’m All Right, Jack.

Taylor listened to my memories as echoes from a legendary past. In 1984, Mrs Thatcher ruled that Kew could no longer expect full public funding and must learn to stand on its own economic feet. The entrance fee went up from a traditional sixpence to nearer £10. I felt sorry, except for dodgers in the rockery department, and reckoned Kew would sell up. With hindsight, Taylor thinks it was a blessing. Kew could no longer simply “tolerate” its public visitors. The central scientific mission is mostly conducted away from the garden visitors’ gaze but nowadays it needs the entry fees from the garden to meet its costs. The results include realistic workers and unions, scores of volunteers, hundreds of thousands of newly planted bulbs and an excellent display of sculptures by Henry Moore last spring. Visitor figures have shot up and private and corporate sponsors have financed a new multiplication of displays. The garden’s biggest natural threats are no longer bolshy workers. They are the hordes of newly resident ring-necked parakeets, birds that were idolised when they first escaped into wild and warm south Britain but which now strip the buds off too many of Kew’s distinguished trees.

To prove the point, Taylor showed me the new glass-covered alpine house, a gift of businessman Edwin Davies, who made his fortune through an improved design for switches for electric kettles. He should be so proud of the displays of rare alpines when they are in flower without any need for electric heating. As for Kew’s heat-intensive greenhouses, Taylor countered me by observing that people cannot become keen to save the world’s endangered tropical plants unless they can also see them growing locally in cultivation. I am not a gardener who idealises “sustainability” because in Britain, I do not want a garden with nothing but weeds from the hedgerow. So long as Kew does not attack my garden’s range, I will go along with Taylor’s defence of his sweaty palm house.

I will certainly pay to support his new-style workforce. On a corner of the rock garden we found eight workers in shirt sleeves in mid-winter keenly shovelling new soil with spades shaped like the ones I used in Germany. If a big boulder needed shifting they set about it without a thought for the tyres on their barrows. Most of them were eager, muscular females. Happy anniversary, ladies. There is indeed a new source of energy at Kew and we should all pile in to support it. in Financial Times, 9-1-2009

FOTO: a famosa Palm House de Kew.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

AGRADECIMENTO: Fernanda Ribeiro

A pedido de Alexandra Escudeiro, a nossa Coordenadora dos Serviços de Extensão Pedagógica (SEP), divulgamos o agradecimento a Fernanda Ribeiro:
Após estes anos em que a jornalista Fernanda Ribeiro trabalhou, primeiro no Jardim Botânico e depois para o Conjunto dos Museus da Politécnica, agradecemos a visiblidade que nos deu e a comunicação que desenvolveu com o público e dentro da própria instituição. A Fernanda Ribeiro, pela sua passagem aqui fez a diferença. Lamentamos não termos as condições para que continue dignamente connosco.

Bem Haja! Desejamos-lhe as maiores felicidades.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

EXPOSIÇÃO «OLHARES»: Manuel Botelho

Integrado nas comemorações dos 130 anos do Jardim Botânico, do Museu Nacional de História Natural, foi inaugurado no dia 11 de Novembro, a exposição “Olhares” - esculturas de ar livre realizadas pelos alunos recém licenciados em escultura da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. As obras encontram-se integradas por todo o espaço do Jardim e podem ser vistas até 11 de Março.

Horário da exposição: de 2ª a Domingo, entre as 10h00 e as 18h00.

FOTO: obra de Manuel Botelho, sem título, na Classe.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Pedalar para combater mitos e preconceitos

Um ano depois e mais de 2300 quilómetros percorridos de bicicleta, um engenheiro de 35 anos deu como provada a teoria de que a capital é viável para o uso das duas rodas. Ontem, encerrou a sua 'aventura' na Praça do Comércio.

Na Praça do Comércio, o mesmo local onde iniciou o projecto "100 dias de bicicleta em Lisboa" - o trabalho de campo para uma tese de mestrado, já entregue e que deverá ser defendida este mês - Paulo Guerra dos Santos pegou na sua bicicleta e subiu até ao Saldanha, descendo de novo, num dos vários percursos que estudou ao longo deste ano e que diz, "provam ser perfeitamente viável andar de bicicleta em Lisboa".

O projecto tinha dois objectivos: "Perceber porque não se anda de bicicleta em Lisboa, ao contrário do que se passa em muitas cidades europeias" e ainda "o que se tem de fazer para que as pessoas comecem a deslocarem-se mais naquele meio de transporte", contou. Um terceiro objectivo acabou por surgir já no decorrer desta "aventura", que foi "a desmistificação da bicicleta perante a opinião pública, muito com a ajuda dos órgãos de comunicação social".

Numa cidade como Lisboa, em que o automóvel marca o ritmo, "a atitude dos automobilistas face às bicicletas varia entre a tolerância e o respeito". Paulo Guerra Santos diz mesmo que "nunca aconteceu qualquer situação de perigo com carros e sim com peões". O engenheiro recordou ainda que "Lisboa está atrasada em relação a outra cidades como Aveiro, Ovar, Cascais e algumas da Margem Sul do Tejo". "A cidade precisa de um plano integrado de mobilidade, onde sejam criadas condições para que as pessoas optem por este meio saudável e não poluente de transporte", conclui.
in JN, 3 de Janeiro de 2009

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Be the change you want to see in the world

«BE THE CHANGE YOU WANT TO SEE IN THE WORLD»

Mahatma Gandhi (1869-1948)
Everything we do can change the world!
Os Amigos do Botânico desejam um 2009 mais verde!

FOTO: Ficus benghalensis (Índia).