Ribeiro Telles considera que plano para o Parque Mayer põe Jardim Botânico em risco
Associação de paisagistas contra privatização de espaço público para comércio e habitação
Os planos da Câmara de Lisboa para o Parque Mayer e zonas adjacentes põem em risco o vizinho Jardim Botânico, diz a Associação Portuguesa dos Arquitectos Paisagistas. Uma posição que é subscrita pelo decano dos paisagistas portugueses, Gonçalo Ribeiro Telles: "Condeno o plano de pormenor do Parque Mayer, porque ele condiciona muito a existência do jardim.
"Em causa está a construção que a autarquia quer permitir em redor do recinto verde, classificado recentemente como monumento nacional. Para a associação de paisagistas, o plano "altera a luz, as vistas e a circulação de brisas entre o Jardim Botânico e a Avenida da Liberdade". Tão ou mais grave, "modifica a circulação da água superficial e subterrânea".
"As colinas, mas também a zona ribeirinha e os vales de Chelas, avenidas da Liberdade e de Ceuta estão a ser uniformizados com construções em altura, destruindo a identidade, a estética e a saúde de Lisboa, comprometendo fortemente o funcionamento dos sistemas naturais e tendo como consequência o acentuar das cheias, a concentração de poluição e os abatimentos de pavimento nas zonas baixas", disse ontem a presidente da Associação de Arquitectos Paisagistas, Margarida Cancela d"Abreu, numa intervenção que fez na Assembleia Municipal de Lisboa.
O facto de uma segunda versão do plano já não contemplar um novo edifício para acolher os visitantes do Jardim Botânico não faz baixar de tom as críticas dos paisagistas. Gonçalo Ribeiro Telles, que preside à assembleia geral da associação, afirma que se identifica com todas elas. "O plano propõe a privatização parcial de um espaço hoje público para comércio e habitação", descreve Margarida Cancela d"Abreu, acrescentando que as suas preocupações "não são estéticas e subjectivas", relacionando-se antes com a qualidade de vida e a segurança da cidade.
O plano devia ter sido ontem votado na assembleia municipal, mas como as comissões especializadas deste órgão ainda não emitiram parecer sobre ele o debate foi adiado. A associação dos arquitectos paisagistas defende a delimitação imediata da zona especial de protecção do Jardim Botânico e a elaboração do respectivo plano de salvaguarda. in Público, 9 Novembro 2011
Sem comentários:
Enviar um comentário