País terá de pagar o excesso de emissão de poluentes em 2012
Em 2007, Portugal ultrapassou em 8% o limite estabelecido pelo protocolo de Quioto, relativamente à emissão de gases de efeito de estufa, apesar de ser o "país desenvolvido que teve a meta mais branda", diz ao DN Francisco Ferreira, vice-presidente da Direcção Nacional da Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza. Para 2008-2012, Portugal conseguiu negociar um aumento de 27% da emissão de gases em relação a 1990 , mas as metas deverão ser ultrapassadas. Por isso, o País está a preparar-se para desembolsar vários milhões em mecanismos que compensem o excesso de poluição e que estão previstos no próprio protocolo.
De acordo com os dados disponibilizados pela União Europeia, e analisados pela Quercus, as emissões de gases em Portugal estavam 35% acima do ano base de 1990, quando tinha sido imposto a Portugal um acréscimo máximo de 27%. Este facto coloca Portugal entre os maiores incumpridores, de que são exemplos a Irlanda e a Espanha. Francisco Ferreira justifica este desvio com o facto de Portugal estar muito pouco desenvolvido em 1990 sendo, por isso, expectável um grande aumento. Por outro lado, "ultrapassámos a barreira dos 27% à custa de políticas erradas, como as tomadas no sector dos transportes", frisa.
Os dados agora conhecidos mostram que as emissões de gases ascenderam a 80,2 milhões de toneladas, ou seja, oito toneladas por pessoa e por ano. Para a Quercus , estes dados mostram que Portugal está a ter dificuldades em respeitar as metas de Quioto, apesar da redução de 5% em relação a 2006, ano em que a poluição já ia em 40%.
Se entre 2008 e 2012 a média de emissões ultrapassar a meta, Portugal terá de "adquirir emissões a outros países ou investir em mecanismos de desenvolvimento limpo", ajudando países subdesenvolvidos a reduzir a sua poluição. A grande mais-valia do País tem sido a aposta nas energias renováveis. Em 2008, estas já representavam 38,1% do total, refere a Quercus, citando os dados da Direcção-Geral de Energia e Geologia. Isto significa que a produção de energia eólica subiu 42% de um ano para o outro, compensando a redução de 30% da produção hídrica, justificada com o facto de 2008 ter sido um ano seco.
Com piores resultados está a área do transporte rodoviário, porque se aposta demasiado na construção de mais vias, incentivando o uso do carro em vez de meios mais amigos do ambiente. "É contraditório que apostemos nas energias renováveis para depois construir pontes e auto-estradas", conclui o mesmo responsável. in Diário de Notícias, 17 de Março de 2009
FOTO: a construção da nova ponte sobre o Tejo irá incentivar o uso do transporte particular
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