No passado mês de Junho deu-se início à demolição deste antigo prédio de habitação dos finais do século XIX. Hoje já nada sobrevive. Nem a fachada foi aproveitada. Todas as cantarias cuidadosamente esculpidas, balaústres de porcelana, gradeamentos de ferro artístico, tudo foi desfeito, triturado, esmagado pelo camartelo. E como é habitual, também o logradouro arborizado foi destruído.
E quais são as razões da opção "nova construção" em vez da "conservação"? Porque se quer construir um novo prédio de habitação com lugares de estacionamento subterrâneo. E para cumprir este hábito insustentável, sacrificou-se mais um edifício e logradouro com interese patrimonial e ambiental. O antigo logradouro, permeável e vivo, é agora uma garagem em cave, impermeável e morta.
As cidades sempre se construiram sobre as ruínas do passado. Mas o Homem de hoje já não pode repetir esse ciclo milenar. Vivemos numa época de crise ambiental. Estamos a consumir os recursos naturais do Planeta de forma insustentável. É urgente mudar. Reciclar os edifícios que já existem e assim evitar construções novas.
Página a página, estamos a desfazer o grande livro da história da arquitectura e do urbanismo da capital. Uma história única mas em rápido processo de erosão. Cada demolição e impermeabilização de logradouro contribui para a degradação do Ambiente da capital.
A LAJB lamenta a morte deste vizinho do Jardim Botânico. Lisboa ficou culturalmente e ambientalmente mais pobre com o desaparecimento deste testemunho do Bairro Barata Salgueiro.
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