in PÚBLICO, 8 de Junho de 2008, por Ana Machado
«Galopim de Carvalho redirecciona acusações do reitor da universidade para as tutelas políticas»
«O geólogo Galopim de Carvalho e o físico Fernando Bragança Gil, antigos directores dos museus de História Natural e de Ciência da Universidade de Lisboa, que formam o núcleo museológico da Politécnica, acusam o reitor da Universidade, António Nóvoa, de estar a "apontar baterias aos museus que dirige" e de "não ter em conta as recomendações" de quem conhece os museus no âmbito da requalificação do espaço, incluído no concurso de ideias do Parque Mayer.
Em resposta a uma Carta Aberta, subscrita por mais de 200 assinantes, o reitor confessa "dificuldade em compreender como se chegou a uma situação de incúria e de abandono", no núcleo museológico, que reconhece como "o mais importante património histórico-universitário, museológico e ambiental da cidade". O reitor incute responsabilidades sobre o estado do espaço a "incapacidades e incompetências, de uma lógica de protecção de pequenos interesses e de protagonismos pessoais (...)", e a uma "completa ausência de visão estratégica." E conclui lembrando que a requalificação do espaço da Politécnica, cujos museus e Jardim Botânico, espaços de investigação e divulgação científicas, foram eleitos "prioridades centrais do mandato".
Em documento assinado a 26 de Maio, Galopim de Carvalho e Bragança Gil acusam os sucessivos governos da "situação de abandono consentida "do núcleo museológico e lembram que nos seus mandatos, (1984/2003), denunciaram em vão a situação.
"O reitor confessa a sua dificuldade em compreender como se chegou a uma tal situação de incúria e abandono. Convém aqui lembrar que o autor deste desabafo foi vice-reitor no último mandato do Prof. José Barata Moura. (...) Ninguém lhe ouviu uma voz a denunciar essa mesma situação", afirmam os subscritores. Rejeitando as acusações, Galopim de Carvalho e Bragança Gil denunciam ainda a própria Faculdade de Ciências, que "esqueceu a casa que lhe deu berço" e de onde só saiu na década de 70 para o complexo do Campo Grande, mas onde ainda permanece com algumas unidades de investigação."
A quem se dirige o reitor quando apela à capacidade de indignação? E contra quem? Contra os responsáveis destes museus, ou contra os políticos que nos têm tutelado? Parece-nos que em vez de apontar as suas baterias aos museus que tutela, o magnífico reitor devia apontá-las com idêntica frontalidade aos sucessivos governos que nunca quiseram ou souberam ouvir", remata o documento.»
FOTO: parte do Arboreto do Jardim Botânico visto do Parque Mayer; à direita, fachada de tardoz do Capitólio.
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