Todas as obras no Jardim Botânico de Lisboa, espaço que reabre oficialmente
nesta quinta-feira, estão licenciadas pelas autoridades competentes, diz a
Reitoria da Universidade de Lisboa, depois de acusações de intervenções
“ilegais” e “medíocres”.
A Liga dos Amigos do Jardim Botânico divulgou na quarta-feira uma carta
aberta ao reitor da Universidade de Lisboa, entidade que tutela o espaço, onde
acusa a falta de “parecer obrigatório e vinculativo” do Instituto de Gestão do
Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar) para as intervenções. "Após
décadas sem investir no restauro, requalificação e gestão do Jardim Botânico, a
Universidade de Lisboa decidiu agora intervir de modo superficial neste
Monumento Nacional", escreve a Liga, exemplificando com as obras na fachada do
Museu Nacional de História Natural e da Ciência. A instalação de estruturas
metálicas perfurantes em toda a fachada, para colocação de telões, "danificou-a
irremediavelmente".
Numa nota divulgada ontem à noite, a Reitoria da
Universidade de Lisboa garante que todas as obras, “desde a demolição definitiva
das casas em ruína junto ao Picadeiro (edifício classificado) até à fixação de
telas na fachada principal do museu, foram devidamente autorizadas e licenciadas
pelas autoridades competentes”.
Além disso, informou que já está
constituído um grupo de trabalho conjunto com o Igespar para “acompanhamento das
intervenções futuras” e que está a ser constituído o grupo de trabalho que vai
elaborar o Plano de Salvaguarda do Jardim Botânico.
Este foi só um
primeiro passo na verdadeira requalificação do espaço, no meio da cidade de
Lisboa. Para já foram arranjados “alguns caminhos e escadarias que estavam em
muito mau estado”, reforçaram-se e pintaram-se pontes e gradeamentos, repôs-se o
ciclo da água e espécies aquáticas nos regatos e num lago, demoliu-se a
construção de plástico, “inaceitável”, que servia para as entradas no jardim,
retiraram-se os carros da entrada do jardim, na Alameda das Palmeiras, fez-se a
limpeza de valetas, bancos, depósitos do lixo e foi aberto um espaço de descanso
para os visitantes, diz a Reitoria.
A Liga dos Amigos do Jardim acusou as
obras de “medíocres”, “inadequadas” e de serem "totalmente ineficazes na
resolução dos reais problemas que afectam o Jardim Botânico". Na carta,
salienta-se que o jardim “não é um simples parque urbano ou espaço verde comum”,
mas um lugar “protegido pela Lei do Património Cultural” e identificado como
sítio de “valor histórico, artístico e científico do mais alto grau”.
A
Reitoria garante que “os trabalhos de limpeza e conservação não introduziram
qualquer alteração no jardim e destinaram-se, também, a proteger as colecções e
espécies existentes”. “A Universidade de Lisboa continuará a valorizar o Jardim
Botânico, no limite das suas possibilidades”, disse a reitoria, lembrando que
este é um “tempo de grandes dificuldades”.
Para o futuro será recuperado
o edifício do Observatório Astronómico e está prevista a criação de um gabinete
para “promover a ligação dos cidadãos ao Jardim Botânico”. Quanto à Liga, este
movimento diz-se "inteiramente disponível para todo e qualquer esclarecimento e
colaboração cívica que contribua para a salvaguarda do Jardim Botânico de
Lisboa".
Esta tarde, a partir das 18h15, será realizada a sessão pública
de reabertura do espaço.
2 comentários:
Conheço um prédio com uma fachada similar em que foi necessário há alguns anos atrás perfurar a fachada para passar um cabo da TVCABO quando a ligação era ainda feita por cabo.
Resultado: a partir desse dia a humidade começou a entrar assim como o bolor e infiltrações, a fachada ficou com um aspecto lastimável...
Estaremos aqui para presenciar o mesmo?
Para conhecimento.
http://www.youtube.com/watch?v=ynpk-tBamEI&feature=relmfu
Com os melhores cumprimentos.
Luis Canhoto
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