quarta-feira, 30 de junho de 2010

«Plano de Pormenor do Parque Mayer e do Jardim Botânico de Lisboa é analisado hoje»

«A Câmara de Lisboa discute hoje a aprovação da proposta do Plano de Pormenor do Parque Mayer, Jardim Botânico e zona envolvente.

O documento prevê a construção de parques de estacionamento subterrâneos e até 1700 lugares de espectadores no Capitólio, no Teatro Variedades e num novo auditório. Desenvolvido com base no projecto do arquitecto Aires Mateus, que venceu o concurso de ideias lançado para o local, o plano prevê obras de alteração e reabilitação na zona habitacional histórica, incluindo em imóveis de valor patrimonial "elevado", "relevante" ou "de referência". Esta excepção em relação ao que ficou estabelecido no plano de urbanização da Avenida da Liberdade deve-se, segundo a autarquia, ao objectivo de não prejudicar a dinâmica da reconversão com regulamentos demasiado "proteccionistas".

Na área abrangida estão definidas também várias zonas para uso turístico, reservado a empreendimentos com um "padrão mínimo de qualidade" de quatro estrelas. Apesar de algumas alterações "de carácter programático e de pormenor", a proposta final não inclui mudanças "de fundo" face aos termos de referência que já estiveram em discussão pública.

Para a área da Universidade de Lisboa e do Jardim Botânico, o plano propõe a realização de projectos autónomos de recuperação do Museu da Ciência e História Natural e do Observatório Astronómico. Define também a criação de uma zona lúdica infantil, a construção de novos acessos e percursos pedonais e dois parques de estacionamento subterrâneos, um dos quais com 200 lugares. Junto à entrada da Rua do Salitre, no alinhamento da Rua Castilho, será construído um "novo grande edifício" com "vocação de museu ou centro interpretativo" do jardim e que poderá ter cafetaria, livraria e uma loja do museu.

Algumas obras previstas no Plano de Pormenor foram já alvo de contestação pela Liga dos Amigos do Botânico, que considera o documento "muito nefasto". A Liga protesta contra o abate de árvores para a construção de parques subterrâneos, contra a demolição de estufas e a destruição de troços da cerca pombalina. A associação alerta ainda para os perigos de aumentar a altura dos edifícios na Rua do Salitre, o que teria um "efeito de muro" em todo o perímetro do jardim, impedindo a circulação de ar. "Esta alteração microclimática levaria à perda de espécies, que não suportarão as novas temperaturas, diminuindo a diversidade do jardim e o seu efeito amenizador no clima da Lisboa histórica", garante a Liga.»

(in Público)

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