quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Vender um livro raro ou uma parte do jardim para pagar pessoal ou despesas correntes?

Vender uma escultura ou uma pintura para pagar pessoal ou despesas correntes? Quem diz uma pintura diz um Mosasaurus, um astrolábio ou o jardim botânico.

Tentador, sobretudo numa época de cortes nos museus... E infelizmente já aconteceu muitas vezes (até vender edifícios, veja-se o caso chocante em curso do Museu de Zoologia da Universidade de Amsterdão).

Porém, é proibido por todos os códigos deontológicos. E, a partir desta semana, é CRIME nos museus do estado de Nova Iorque - em todos os museus, incluindo universitários.

A lei vem na sequência da venda recente de colecções de arte para cobrir despesas, nomeadamente recuperar os 'endowments' das universidades largamente diminuídos com a crise financeira (e.g. Rose Museum da Brandeis University, há dois meses).

"These collections were not created as reservoirs of capital to be used for the benefits of the institution," said Mr. Brodsky, a Westchester County Democrat and a sponsor of the bill. "You keep selling paintings to keep the doors open and eventually you have open doors and no paintings."

Ler mais em:

http://www.nytimes.com/2009/03/18/arts/design/18rege.html

Faz falta uma lei destas em Portugal. Está nos códigos, é verdade, mas:

a) não tem força de lei;

b) muita gente desconhece os códigos, sobretudo nas universidades;

c) muitas colecções públicas estão fora da alçada dos museus. Quem as protege?

Marta Lourenço

3 comentários:

Anónimo disse...

Não vejo qual é o escândalo de vender activos para suprir custos. Um museu é uma organização como qualquer outra, não está à margem do que se passa na sociedade nem pode estar. Quem pensa o contrario está errado. Quem paga os museus somos todos nós contribuintes. Só em Portugal é que ainda se pensa e actua como se os museus fossem organizações não avaliadas quanto à performance.

Não acho escândalo nenhum, ates pelo contrario, foi certamente uma medida de gestão eficaz!!!

Fapas - Núcleo de Lisboa disse...

Teremos certamente imenso a ganhar em ir futuramente ver exposições de performance: foi aliás assim que os museus nasceram. Espero que seja fácil encontrar boas molduras para as medidas de gestão - com tanta moldura será preciso, temo bem, aumentar o preço dos bilhetes...mas é tudo uma questão de valor percepcionado: não duvido que os clientes paguem até o dobro para aprenderem tão úteis lições de performance!

Ana Maria Pereirinha disse...

Peço, por favor para que não seja publicado o comentário anterior porque, por qualquer lapso que não domino saiu assinada pelo FAPAS, de que sou membro, mas foi feita a título ESTRITAMENTE PESSOAL. Sou Ana Maria Pereirinha Pires, sócia da Liga de Amigos do Jardim Botânico (e do Fapas)e fiz este comentário a título ESTRITAMENTE PESSOAL, E NÃO, DE FORMA ALGUMA, EM NOME DO FAPAS.
Muito obrigada, e peço desculpa pela confusão causada.