sexta-feira, 11 de setembro de 2009

ANIMA VEGETALIS - Imaginário Botânico do Mosteiro de Tibães

Anima Vegetalis - Imaginário Botânico do Mosteiro de Tibães
Exposição de fotografias de Paulo Gaspar Ferreira
Inauguração: dia 12 de Setembro ás 18h
Local: Mosteiro de S. Martinho de Tibães, Braga

«São fotografias que ao longo de 2 anos foram sendo engendradas numa pequena cela monástica do Mosteiro de Tibães. Nasceu de uma cumplicidade desde logo criada entre mim e a cerca. Nasceu da continuidade de um outro trabalho que acabava de apresentar no Museu Amadeo de Souza Cardoso: "Espíritos Elementares - 23 simulacros". Com algas do mar de Vila Chã (Mindelo - Vila do Conde) tinha construído uma exposição e um livro para onde chamei o Casimiro de Brito e depois o Albano Martins, a Ana Hatherly, o Ramos Rosa, o Melo e Castro o Fernando Guimarães, a Teresa Horta e tantos outros que escreveram para aquelas algas que tinha feito para eles.

"Anima Vegetalis" é a continuidade de um projecto que cativa património natural criando património artístico para o transformar em património sensorial. É composto por 70 imagens fotográficas e constituirá uma exposição e um "livro" de folhas soltas acompanhadas por textos (também soltos) da autoria de Theodoro d'Almeida, um dos mais importantes iluministas portugueses. Os pequenos excertos, retirados do ambiente pedagogo da sua "Recreação Filosófica" de 1786, aproximam-se, aqui, de uma linguagem de quase poesia. Aproximam-se das imagens que, retiradas do chão daquela floresta, facilmente se transfiguram em quase poemas.
As fotografias são essencialmente feitas com "peças" encontradas no chão de Tibães. Preferi, sempre que possível, receber a dádiva daquela floresta do que roubar-lhe o que lhe pertencia.

Da direcção do Mosteiro de Tibães recebi a hospitalidade (tão cara aos seus "criadores", os beneditinos): uma antiga cela monástica albergou durante cerca de dois anos o meu "atelier de campanha" onde cuidava das "minhas" Animas, organizando, olhando, deixando-nos maturar (elas e eu) até nos encontrarmos no que são hoje estas imagens.

A publicação de um "livro" (na verdade não se trata bem de um livro, é antes o conjunto das folhas de papel impressas e preservadas numa "caixa de bombons". Queria que fossem "comidas" como iguarias para os olhos) representa a vontade de que fique o registo.

Dois anos de comunhão e aprendizagem com esta "floresta" criaram uma relação de cumplicidade que permitiu fecundar outros seres. Que sejam agora embriões. Que sejam agora o que temos dentro.

Que sejam hoje aquilo que já fomos e voltaremos a ser. Olhemos para eles como quem os come. Assim os saberemos assimilar, nos saberemos assimilar... vegetais. Este projecto não faria sentido se não fosse para mostrar.»

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