No dia 19 de Março de 2012 a Associação Lisboa Verde escreveu à Autoridade Florestal Nacional a pedir a classificação de uma árvore num logradouro de um palácio no Torel em Lisboa. Esta foi a resposta recebida (ver documento original em anexo) e que nos faz pensar no futuro incerto dos logradouros/jardins em volta do nosso Jardim Botânico. Com processos muitas vezes mal instruídos pela CML e IGESPAR, os interesses dos promotores imobiliários acabam, facilmente, por se sobrepor ao interesse público. Parece que em Lisboa as árvores, o nosso património natural, é que se tem de «adaptar» aos projectos imobiliários e não o contrário. A leitura atenta desta carta dispensa mais comentários:
Ministério da Agricultura, Mar Ambiente e Ordenamento do Território
Autoridade Florestal Nacional
Data: 25 de Julho de 2012
Assunto: Indeferimento de pedido de classificação de Interesse Público de um Cipreste
Local: Palácio Silva Amado
Freguesia: Pena
Concelho: Lisboa
No seguimento do pedido de classificação de interesse público de uma árvore da espécie Cupressus sempervirens L., vulgarmente conhecida por cipreste, existente no local acima indicado, a após vista ao local constatou-se:
- O edifício é um antigo Chalet que está devoluto e completamente fechado, existindo no pátio um cipreste que, lamentamos informar, não vamos proceder à respectiva classificação de Interesse Público, uma vez que estão a decorrer obras de requalificação do espaço, cuja operação urbanística foi já aprovada pela CML e pelo IGESPAR.
- Qualquer plano para a salvaguarda desta árvore teria que passar por uma alteração ao projecto (já aprovado) o que traria consequências judiciais e monetárias muito elevadas a pagar ao promotor da obra.
- Foi constatado ainda que no decorrer das obras foi injectado betão no subsolo junto à árvore encontrando-se esta a viver com dificuldade. Foi-nos referido que a obra contempla o arranjo paisagístico do exterior com a colocação de outras árvores que se vão adaptar melhor ao espaço.
Os nossos cumprimentos,
O Director da Unidade de Defesa da Floresta
1 comentário:
É o nível de educação, moral, cidadania, dignidade... e podia continuar o dia todo a caracterizar as pessoas que gerem as identidades que deviam ser responsáveis e proteger não só as árvores mas também o património cultural e arquitectónico de Lisboa.
Está uma cidade milenar entregue aos bichos... mas as pessoas começam a acordar e percebem que foram iludidas através de um sistema politico e capitalista e que lhes foi vendida uma ilusão inculta e ignorante de vida através do facilitismo do crédito e das coisa fúteis da vida, resta a aproximação aos seus bairros e património em busca de uma vida com sentido e identidade.
Que façam justiça e que punam quem andou a comer a custa da desfiguração, alteração, demolição e do trabalho de gerações que contribuíram para a construção desta bela cidade de Lisboa!
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