terça-feira, 28 de julho de 2009

Largo do Rato: Carta ao Vereador do Urbanismo

Exmo. Arq. Manuel Salgado,

A Liga dos Amigos do Jardim Botânico (LAJB) da Universidade de Lisboa vem por este meio aplaudir a intenção da Câmara Municipal de Lisboa em lançar um concurso público de ideias para o Largo do Rato.

O actual modelo de ocupação deste espaço público apenas promove uma mobilidade insustentável como o uso do transporte individual dentro da cidade. O espaço para os peões é insuficiente e hostil. O largo não tem conforto ambiental devido, em grande parte, ao número reduzido de árvores e à impermeabilização do solo. O peão foi secundarizado por iniciativa da própria câmara.

Este espaço público de referência de Lisboa é um paradigma das políticas urbanas centradas no transporte individual que ao longo das últimas quatro décadas foram responsáveis pela redução da largura de passeios e abate de árvores.

Aproveitamos para chamar atenção para o facto da área urbana envolvente ao Largo do Rato sofrer também de problemas idênticos. Assim, esperamos que sejam incluídos no futuro concurso a melhoria da mobilidade pedonal em toda esta área urbana, como por exemplo o alargamento de passeios e/ou a arborização dos seguintes arruamentos:

- Rua da Escola Politécnica
- Rua do Salitre
- Rua Alexandre Herculano
- Calçada Bento da Rocha Cabral
- Rua das Amoreiras
- Rua D. João V
- Av. Álvares Cabral
- Rua de S. Bento

Estes arruamentos estão sobrecarregados com estacionamento à superfície não oferecendo segurança nem atractividade aos peões. É preciso também melhorar a ligação pedonal às três "praças" na envolvência do Largo do Rato:

-Praça das Amoreiras
-Largo Hintze Ribeiro
-Largo de São Mamede

Por último alertamos para a necessidade de criar um novo percurso pedonal entre a Rua de S. Bento e a Rua da Escola Politécnica, nomeadamente através do Largo Hintze Ribeiro. Uma maior permeabilidade dos longos quarteirões fechados traria grandes vantagens na mobilidade pedonal do nosso bairro.

Só com uma intervenção integrada e abrangente será possível transformar a área urbana do Rato num lugar onde o andar a pé passe a ser uma opção natural de mobilidade dos cidadãos.

Liga dos Amigos do Jardim Botânico

NOTA: Carta enviada hoje ao Vereador do Urbanismo da CML.

FOTO: Área urbana do Rato na Planta nº 26 do Atlas da Carta Topográfica de Lisboa, 1857. Arquivo Municipal de Lisboa.

5 comentários:

PV disse...

Há já muitos anos que o Rato não é mais que um desgraçado de um nó viário e a iniciativa é muito bem vinda - claro que se espera que às ideias se sucedam os projectos, e aos projectos as obras. E as chamadas de atenção para as ruas envolventes - que na verdade se poderiam estender a todo o município e aos envolventes - é oportuna. Até porque períodos pré eleições autárquicas estimulam o sentido auditivo aos políticos locais!

Paulo disse...

Aplausos.

Sandra disse...

Apoiado! Ainda bem que se lembraram de tomar uma posição. O Largo do Rato é um verdadeiro caso de estudo de hostilidade pedonal como muito bem dizem na carta. Mas tantos outros largos da nossa querida cidade estão na mesma, ou pior situação...

Rui Ferreira disse...

Muito bem! Já é altura para começarmos a fazer alguma coisa pelo Rato! Temos de fazer regressar o Largo ao largo em vez de termos a auto-estrada que temos hoje.

Remeto a atenção para este estudo de 2007 criado precisamente para alertar sobre esta situação. Será que alguém na câmara já leu isto?

"Pedonalidade no Largo do Rato: Micro-poderes"

http://aca-m.org/w/index.php5?title=Publicações#Pedonalidade_no_Largo_do_Rato:_Micro-poderes

Vamos passar a palavra!

Amigos do Jardim Botânico disse...

Muito obrigado Rui pelo seu contributo. Já conheciamos o estudo de que nos fala. Da nossa parte pode contar com a divulgação. Volte sempre ao nosso blogue com mais sugestões!