«O devoluto cine-teatro Capitólio, no Parque Mayer, foi hoje, 4 de Dezembro, palco da cerimónia de assinatura do contrato para a sua reabilitação e de apresentação da proposta vencedora do concurso de ideias para o Parque Mayer, Jardim Botânico, edifícios da Politécnica e área envolvente.
O projecto do atelier Souza Oliveira, Arquitectura e Urbanismo Lda. promete devolver ao Capitólio a imagem que esteve na base do seu desenho original pelo Arqº Cristino da Silva em 1929 – uma caixa mágica – e o Plano de Pormenor do Parque Mayer, que será elaborado pelo atelier dos arquitectos Aires Mateus e Associados, promete fazer a interligação entre o Jardim Botânico, a Universidade e o Parque Mayer, tornando-as mais acessíveis aos cidadãos.
Depois de fazer uma síntese histórica da zona – desde a projecção do Passeio Público e da Avenida da Liberdade no século XIX aos inúmeros estudos de remodelação do Parque Mayer iniciados na década de 80 do século XX no mandato do Engº Krus Abecasis e continuados nos sucessivos mandatos autárquicos até à actualidade – o vereador do Urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa, Manuel Salgado, classificou o dia de hoje como “histórico” para aquela zona nobre da cidade de Lisboa, “não apenas pelo contrato que assinamos hoje e pela apresentação do vencedor do concurso de ideias para o Parque Mayer, mas também, porque ontem aprovamos em reunião de Câmara o Plano de Urbanização da Avenida da Liberdade e Zona Envolvente, que estará em discussão pública até final de Janeiro próximo, e ainda este ano publicaremos as medidas preventivas para a Baixa, também decisivas para a reabilitação deste eixo central de Lisboa”.
Ao assumir que a resolução dos “inúmeros impasses urbanísticos da cidade” foi definida como uma prioridade no seu mandato autárquico, o presidente da CML, António Costa, também realçou a importância do “desbloqueio” destas duas medidas para a reabilitação de “dezenas de edifícios que estão há anos entaipados”.
“Mas o maior impasse de todos era este do Parque Mayer”, reconheceu o autarca ao recordar que a reabilitação da zona já havia sido uma “questão central na campanha de Jorge Sampaio e de Marcelo Rebelo de Sousa, há quase 20 anos”. E, depois de lembrar que “em menos de três meses de termos tomado posse estávamos a abrir estes concursos”, António Costa agradeceu o “trabalho imenso” do vereador Manuel Salgado, dos dirigentes e dos serviços municipais do urbanismo porque “fizemos isto como deve ser feito, com concursos, com debate público, com Plano de Pormenor e com júris muito qualificados e participados por todos os parceiros e pessoas que conhecem bem o Parque Mayer”.
Na sua intervenção, António Costa destacou ainda a importância destes projectos fazerem a interligação entre o Parque Mayer, o Jardim Botânico e os museus da Politécnica e de estarem inseridos numa “estratégia de renovação deste eixo central da cidade, da Baixa até ao Parque Eduardo VII”, para além de enaltecer a “simplicidade” do projecto do Capitólio porque, como considerou, “o que comprometeu antes o Parque Mayer foram ideias megalomanas que não se conseguiram executar”.
O Parque Mayer constitui uma referência ímpar da história artística cultural da cidade de Lisboa e do País. A reabilitação desta área afigura-se como um dos factores mais importantes para a regeneração de Lisboa. O Parque Mayer, deverá assumir-se não só como pólo de desenvolvimento de actividades lúdicas e culturais mas, também, como objecto arquitectónico de referência, introduzindo um conceito renovado de lazer no sistema e espaços públicos da cidade, designadamente no seu eixo mais relevante - a Av. da Liberdade. Acresce que a continuidade efectiva do Parque Mayer com o Jardim Botânico e os Edifícios da Antiga Escola Politécnica, aos quais é possível aceder a partir da Rua Castilho, da Rua da Escola Politécnica, da Praça da Alegria e da Calçada da Glória, conferem-lhe um enorme valor como grande espaço aberto numa parte alargada da cidade histórica.
Num quadro de revitalização e reestruturação de toda a zona do Parque Mayer e, pretendendo-se que este funcione como pólo de atracção e de regeneração urbana, difundindo-se para as zonas e equipamentos circundantes integrando-se com protagonismo, nas estruturas económica, social e natural envolventes, torna-se premente a requalificação do Cine-Teatro Capitólio, classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1983 (Decreto do Governo 8/83, de 24 de Janeiro, DR 19, de 21-01-1983). De facto o Capitólio surge como factor potencializador para “dinamizar a área, reforçando a sua componente lúdica e cultural” (in proposta do PUALZE), requalificação esta que se pretende adaptada às exigências regulamentares vigentes mas enquadrada no espírito do projecto original do Arq. Cristino da Silva.
CONCURSO PARQUE MAYER
Com este contexto foi aprovado em Reunião de Câmara (Proposta nº255/2007), a abertura do concurso público de ideias de arquitectura e paisagismo destinado a qualificar 5 equipas técnicas para participarem num concurso limitado com vista à selecção da equipa responsável para elaborar o Plano de Pormenor do Parque Mayer, Jardim Botânico, Edifícios da Politécnica e Área Envolvente. O concurso de ideias foi lançado em Novembro de 2007, tendo a entrega das propostas ocorrido no dia 25 de Janeiro de 2008. Os 27 projectos admitidos a concurso foram exibidos numa exposição nos Museus da Politécnica (3 de Abril a 18 de Maio de 2008) tendo este evento sido acompanhado por um ciclo de debates abertos à população.
Em resultado das principais questões levantadas nos debates, bem como da informação técnica transmitida, os serviços camarários procederam então à elaboração do programa do concurso limitado destinada às cinco equipa vencedoras do concurso de ideias: ARX Portugal, Vão Arquitectos Associados, Souto Moura Arquitectos e Gonçalo Byrne Arquitectos. Este concurso foi lançado no dia 30 de Junho de 2008 tendo as propostas sido entregues no passado dia 22 de Setembro. O Júri deste concurso presidido pelo Arq. Nuno Portas integrou elementos da Universidade de Lisboa, do IGESPAR, da Ordem dos Arquitectos, da Associação Portuguesa dos Paisagistas e da CML bem como personalidades relevantes do meio artístico e do urbanismo em Portugal. No seu relatório final, o Júri classificou em 1º lugar a proposta encabeçada por Aires Mateus Associados.
CONCURSO CAPITÓLIO
Paralelamente, foi aprovado em 12 de Dezembro de 2008 (Deliberação nº530/CM/07) o lançamento do concurso público para a reabilitação do Capitólio, reconvertido à traça do projecto original da autoria do Arq. Cristino da Silva. O referido concurso foi aberto no dia 14 de Janeiro. Pretendia-se uma reabilitação global do edifício, capaz de resolver os problemas estruturais e funcionais existentes, prevendo todos os trabalhos necessários ao seu funcionamento e dotando-o de flexibilidade suficiente para satisfazer as necessidades de grande parte dos produtores e dos encenadores do nosso meio teatral actual. No dia 11 de Abril de 2008 foram entregues 9 propostas, sendo que 4 foram admitidas a concurso: Souza Oliveira - Arquitectura e Urbanismo Lda; Agrupamento liderado por Arq. José Romano Pires; Atelier Daciano Costa e João Rosário Mateus Arqt.» in www.cm-lisboa.pt
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