Resolver os problemas do trânsito e recuperar os espaços verdes devem ser as principais prioridades de investimento, dizem cidadãos
Os lisboetas querem ver actuar as autoridades no estacionamento ilegal. Querem menos carros na cidade e passeios mais largos, para poderem passear à vontade, e também mais espaços verdes.
Hoje é o primeiro dia de votação das propostas que os cidadãos - lisboetas e não só -apresentaram para o orçamento de 2009 da Câmara de Lisboa. E as prioridades de investimento escolhidas vão precisamente para as questões relacionadas com o trânsito e com os espaços verdes. A autarquia reservou cinco milhões de euros para o chamado orçamento participativo. Esta verba será gasta consoante os desejos dos munícipes. Após a fase inicial de apresentação de propostas, volta agora a caber aos cidadãos escolher as ideias que mais lhes agradam, através do site da câmara (www.cm-lisboa.pt/).
Uma das sugestões mais frequentes relaciona-se com a adopção de medidas para acabar com o estacionamento selvagem em cima dos passeios. São vários os munícipes que sugerem que se limite a entrada de carros na cidade, nomeadamente através de portagens, e o aumento do número de bairros históricos sem trânsito. "Se brevemente nada se fizer para recuperar o Largo da Graça, então mais vale alterar a toponímia para Parque de Estacionamento da Graça", observa um morador.
O fim do estacionamento em segunda fila na cidade é igualmente alvo de vários pedidos, tal como a reparação de ruas e passeios. São quase todos eles problemas que o presidente da câmara, António Costa, prometeu resolver com urgência durante a campanha eleitoral, mas que continuam a incomodar quem mora na cidade.
No que aos espaços verdes diz respeito, as prioridades de investimento reivindicadas pelos cidadãos vão não apenas para a criação de novos jardins mas também para a reabilitação dos existentes. Coisas tão simples como, por exemplo, a reconstrução daquele que existe entre o Cais das Colinas e o Cais do Sodré, uma zona privilegiada de passeio à beira-rio, no centro da cidade, que, a pretexto das obras do metropolitano e das agências europeias, foi transformado num local de estacionamento clandestino de veículos pesados. Ou a zona envolvente do Palácio da Ajuda, que continua, apesar das promessas camarárias, em estado de degradação, conforme critica um munícipe que tomou igualmente parte na primeira fase da preparação do orçamento participativo.
Foram cinco centenas as pessoas que participaram nesta consulta da Câmara de Lisboa, 290 das quais homens. Além do trânsito e dos espaços verdes/espaços públicos, a reabilitação urbana e o urbanismo foi a terceira área mais abordada, tendo os assuntos de cultura ficado em quarto lugar nas prioridades dos cidadãos. Os serviços camarários estiveram até ontem a transformar estas sugestões em propostas, consoante a sua exequibilidade. São essas propostas que estão à votação a partir de hoje, e durante toda a semana. É o caso, por exemplo, da criação de uma zona de recreio de grandes dimensões e para todas as faixas etárias no Parque Eduardo VII, com custo estimado em 250 mil euros. Ou da plantação de árvores no Terreiro do Paço, que poderá custar outro tanto."Pelo enorme contraste entre aquilo que os cidadãos querem e aquilo que os serviços e os responsáveis camarários pensam que eles querem, o orçamento participativo é pedagógico para estes últimos", disse ontem António Costa num balanço dos primeiros quatro meses da aplicação do programa de simplificação dos procedimentos administrativos do município. "
FOTO: O Jardim do Campo Pequeno visto da Rua Chaby Pinheiro. A recuperação de jardins e a arborização de arruamentos foram das prioridades mais reivindicadas pelos lisboetas no âmbito do OP.
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