terça-feira, 30 de dezembro de 2008

As ÁRVORES e os LIVROS: Gaston Bachelard

La fôret surtout, avec le mystère de son espace indéfiniment prolongé au dela du voile de ses troncs et de ses feuilles, espace voilé pour les yeux, mais transparent à l’action, est un véritable transcendant psycologique.

Gaston Bachelard

FOTO: Bosque de faias em Hampstead, Londres

sábado, 27 de dezembro de 2008

Berlin's airport to be turned into a park

Tempelhof airport, which served as a lifeline for West Berlin during the Soviet blockade, will be turned into a park, ending years of wrangling over the future of the space.

Berlin's government will spend 61 million euros (£51 million) converting the airport, which was closed last month, into a garden in central Berlin which, at about one square mile, will be just under the size of New York's Central Park.

In 1948 and 1949, Cold War allies supplied West Berlin via an air lift that circumvented a Soviet land blockade. Tempelhof became a symbol of freedom for West Berlin, encircled by Communist East Germany.

Marko Rosteck, a spokesman for the Berlin government, said the monolithic limestone terminal, designed by Ernst Sagebiel, will be preserved. He said a wide variety of proposals for the terminal's use were being considered. "We're very fortunate to have a giant patch of green in the heart of the city just waiting to be developed," Mr Rosteck said, adding Berlin hopes to host an international garden exhibition in 2017 that it hopes will attract 3.5 million tourists. "It will make Berlin, which is already one of the greenest capitals in Europe, even greener," he added.

Over the years there were many proposals on what to do with the airport, which hosted some of the world's first commercial flights in 1923. The site was originally a military training ground. In 1909 American flight pioneer Orville Wright used it for aviation experiments.

The debate over Tempelhof's future was highly charged and continued up to the moment the loss-making airport, 3 miles south of the city centre, was shut down on Oct 31. Some of the suggestions for Tempelhof included turning it into a zoo, a sports park or a residential housing complex - or even a private hospital for affluent foreigners.

In Telegraph (Londres), 26 de Novembro de 2008

FOTO: Crianças em Berlim Ocidental observando aviões americanos durante o bloqueio Soviético de 1948-9. Dentro de alguns anos os aviões irão dar lugar ao voo de pássaros entre milhares de novas árvores... Temos o mesmo sonho para o velho aeroporto de Lisboa!

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Jardim Botânico no guia Le Cool - Lisbon

LE COOL – A WEIRD AND WONDERFUL GUIDE TO LISBON

Publicado este ano em Barcelona, pela Le Cool Publishing SL, este guia alternativo pretende revelar uma Lisboa que a maioria dos turistas nunca vê. De capa dura verde-alface, o pequeno mas gordinho tomo (264 páginas) desvenda alguns dos lugares onde os lisboetas passam o seu tempo, desde as pastelarias aos restaurantes, lojas e espaços verdes.

No capítulo dedicado aos jardins e parques de Lisboa, “Where the Grass is Greener”, o nosso Jardim Botânico é o primeiro numa selecção de onze:

«Jardim Botânico da Universidade de Lisboa – For those who want to know more about the Poncirus trifoliat, or just wish to take a nap on the city’s most exotic lawn.» (pág. 227)

FOTO: um recanto tranquilo e íntimo do Arboreto.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

AS ÁRVORES e os LIVROS: F. García Lorca

Verde que te quero verde.
Verde vento. Verdes ramas.
O barco vai sobre o mar
e o cavalo na montanha.
Com a sombra pela cintura
ela sonha na varanda,
verde carne, tranças verdes,
com olhos de fria prata.
Verde que te quero verde.
Por sob a lua gitana,
as coisas estão mirando-a
e ela não pode mirá-las.

Verde que te quero verde.
Grandes estrelas de escarcha
nascem com o peixe de sombra
que rasga o caminho da alva.
A figueira raspa o vento
a lixá-lo com as ramas,
e o monte, gato selvagem,
eriça as piteiras ásperas.

Mas quem virá? E por onde?...
Ela fica na varanda,
verde carne, tranças verdes,
ela sonha na água amarga.
— Compadre, dou meu cavalo
em troca de sua casa,
o arreio por seu espelho,
a faca por sua manta.
Compadre, venho sangrando
desde as passagens de Cabra.
— Se pudesse, meu mocinho,
esse negócio eu fechava.
No entanto eu já não sou eu,
nem a casa é minha casa.
— Compadre, quero morrer
com decência, em minha cama.
De ferro, se for possível,
e com lençóis de cambraia.
Não vês que enorme ferida
vai de meu peito à garganta?
— Trezentas rosas morenas
traz tua camisa branca.
Ressuma teu sangue e cheira
em redor de tua faixa.
No entanto eu já não sou eu,
nem a casa é minha casa.
— Que eu possa subir ao menos
até às altas varandas.
Que eu possa subir! que o possa
até às verdes varandas.
As balaustradas da lua
por onde retumba a água.

Já sobem os dois compadres
até às altas varandas.
Deixando um rastro de sangue.
Deixando um rastro de lágrimas.
Tremiam pelos telhados
pequenos faróis de lata.
Mil pandeiros de cristal
feriam a madrugada.

Verde que te quero verde,
verde vento, verdes ramas.
Os dois compadres subiram.
O vasto vento deixava
na boca um gosto esquisito
de menta, fel e alfavaca.
— Que é dela, compadre, dize-me
que é de tua filha amarga?
— Quantas vezes te esperou!
Quantas vezes te esperara,
rosto fresco, negras tranças,
aqui na verde varanda!

Sobre a face da cisterna
balançava-se a gitana.
Verde carne, tranças verdes,
com olhos de fria prata.
Ponta gelada de lua
sustenta-a por cima da água.
A noite se fez tão íntima
como uma pequena praça.
Lá fora, à porta, golpeando,
guardas-civis na cachaça.
Verde que te quero verde.
Verde vento. Verdes ramas.
O barco vai sobre o mar.
E o cavalo na montanha.

FOTO: Os sempre verdes ciprestes em Belém... Feliz Natal!

EXPOSIÇÃO: «Saúde e Medicina em Portugal e no Brasil: 200 anos»

A exposição «Saúde e Medicina em Portugal e no Brasil: 200 anos» manter-se-á patente no Museu de Ciência da Universidade de Lisboa até ao dia 1 de Fevereiro de 2009.

A data prevista para o encerramento era no próximo dia 4 de Janeiro de 2009 mas por decisão do MCUL e do Alto Comissariado da Saúde essa data foi prolongada para permitir que a exposição seja visitada por mais pessoas.

A exposição evoca marcos da evolução da saúde e da medicina em Portugal e no Brasil, no período entre 1808 e 2008. Em quatro módulos, são abordados temas relacionados com as práticas empíricas de curar utilizadas nos últimos anos do Brasil colonial, com os progressos da saúde pública verificados a partir do século XIX e com as conquistas da medicina contemporânea.

Destaca figuras históricas ligadas à Saúde e Medicina em Portugal e no Brasil do séc. XIX, como Ricardo Jorge, Oswaldo Cruz, Câmara Pestana e Carlos Chagas, bem como a formação médica no Brasil, impulsionada pela chegada da corte portuguesa e o desenvolvimento da Saúde Pública nos dois países.

Podem ainda ver-se peças de património oriundas de instituições portuguesas e brasileiras, tais como a réplica da nau Príncipe Real que levou D. João VI para o Brasil, uma botica do século XVIII que pertenceu ao primeiro Governador de S. Paulo, o quadro “S. Cosme e S. Damião junto ao enfermo”, desenhos do início do século XIX de aldeias índias do Brasil e ainda ex-votos, balangandãs e gravuras de história natural, bem como livros antigos e peças do Museu de Medicina, do Museu de Farmácia e do Museu de Ciência da Universidade de Lisboa.

Esta exposição é uma adaptação para Lisboa da mostra que esteve recentemente no Rio de Janeiro, assinalando as comemorações dos 200 anos da chegada de D. João VI ao Brasil.
Horário: Terça a Sexta-feira das 10h00 às 17h00
Sábado e Domingo: das 11h00 às 18h00
Encerra às Segundas-feiras e Feriados

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

CORTIÇA: «um quarto da cortiça deste ano está por vender»

Os produtores estão descapitalizados e reflectem as dificuldades económicas enfrentadas por muitas fábricas que transformam a cortiça

No Verão, os sobreiros foram generosos, mas o fruto do esforço de centenas de produtores ficou-lhes nos braços. Um quarto da cortiça retirada este ano não encontra destino e alguma da escoada foi-o a preço de saldo. As razões vão desde o problema dos vedantes alternativos à crise financeira. Mas quem depende do montado vê o futuro com apreensão: se a cortiça continuar a perder interesse económico, boa parte dos territórios nacional e espanhol correm sérios riscos de abandono.

Em várias regiões do Alentejo, perpassa a mesma preocupação. São muitos os produtores que não conseguiram escoar a sua cortiça, sobretudo aquela de pior qualidade. Num recente seminário sobre o futuro deste material, que decorreu em Portel, organizado pela Confraria do Sobreiro e da Cortiça, a ansiedade era visível. Todos relataram casos de material a acumular-se nos campos. Muitos admitiram estar a vender a um preço ridículo.

De um total de 5 a 5,5 milhões de arrobas (75 a 82,5 milhões de quilos) de produção total este ano - e 2008 não foi um ano de grande tirada de cortiça -, entre 1 a 1,2 milhões de arrobas (15 a 18 milhões de quilos) estão por vender. Os produtores vêem 2009 ainda com mais temor, pois é um ano em que haverá muita produção. "Como é que vamos escoar?", questionam.

O problema não é de hoje mas agravou-se. Segundo a União da Floresta Mediterrânica (Unac), que agrega associações florestais, nos últimos seis anos houve uma desvalorização do preço global das cortiças, na ordem dos 15 a 30 por cento, conforme a sua qualidade. As ofertas de compra situam-se, muitas vezes, abaixo do limiar de rentabilidade da exploração, o que desincentiva ainda mais os produtores.

Depois de há sete anos, em que houve uma grande procura, o preço médio estar nos 40 euros a arroba, agora não passa dos 25, mas há quem venda muito abaixo deste. E a tendência é para continuar a baixar.

A falta de escoamento do material que está a ocorrer este ano é, todavia, o que mais preocupa. Até porque é um sinal de uma mudança de estratégia da indústria, fruto de uma situação económica complicada, mas que prejudica gravemente os produtores. Até agora, quem fazia a gestão dos stocks eram as fábricas, que compravam a cortiça aos proprietários, ressarcindo--os dos custos da exploração. Agora só adquirem o que necessitam, deixando os stocks na árvore ou no chão, descapitalizando a produção.

Cortiça perdeu classe média
Segundo José Miguel Lupi Caetano, presidente da Unac, há várias razões que explicam a situação. "Há o problema dos vedantes alternativos, que fazem concorrência à cortiça e que são uma ameaça séria, mas também há uma crescente aposta em produtos de menos valor acrescentado para a produção, porque são feitos com cortiça de menor valor, como os granulados", relata. Para concluir: "Ficámos com os produtos de excepção que são as rolhas boas, ou seja, perdeu-se a classe média da cortiça."Além disso, acrescem as dificuldades económicas da indústria, sobretudo das mais pequenas, que muitos prevêem que não se irão aguentar com a crise. "Tem de haver uma atenção para este negócio, criando mecanismos que permitam que o mercado da cortiça funcione", diz Lupi Caetano. "Era necessário injectar liquidez no mercado industrial para este vir fazer negócio ao campo", exemplifica.

A Unac defende que seja reactivada a linha de crédito de curto prazo para a agricultura, silvicultura e pecuária, aumentando o montante máximo elegível para a cortiça para 4,5 euros por arroba e viabilizando a concessão de crédito para a extracção da cortiça nas actuais condições. Além disso, considera essenciais que sejam criadas linhas de crédito de apoio à aquisição de cortiça no mato pela indústria de transformação, "que garanta condições bonificadas de taxa de juro e um sistema de garantia por parte da Estado".

Advoga também um maior envolvimento de todos na promoção das rolhas da cortiça e diz ser fundamental adequar o regime fiscal às especificidades do ciclo produtivo do sobreiro."Se a cortiça perder interesse económico, o montado também o perde, o que significa que boa parte do território português e espanhol poderá estar em causa", diz Lupi Caetano. O PÚBLICO contactou o grupo Amorim, que tem a maior quota de mercado no sector, mas não foi possível obter a sua posição sobre a situação em tempo útil. in Público

FOTO: Sobreiros (Quercus suber) nos arredores de Évora.

Universidades cortam verbas para professores e instalações

Escolas não renovam corpo docente nem instalações, mostra inquérito do PÚBLICO
Nos últimos três anos, as transferências do Estado para as instituições de ensino superior têm vindo a diminuir e já não chegam para cobrir as despesas correntes. Às universidades e politécnicos públicos é-lhes pedido que recorram às receitas próprias para pagar despesas que, até há dois anos, eram da responsabilidade do Estado.

Ano após ano, as instituições queixam-se do subfinanciamento e vão adiando projectos "à espera de melhores dias", conclui-se num inquérito que o PÚBLICO lançou há um mês ao sistema público de ensino superior e a que responderam metade (15 em 30) das instituições. No próximo ano, a dotação final do Orçamento do Estado para o superior ascende a 1027 milhões de euros, mas a estimativa das despesas com pessoal é de 1282 milhões, o que significa que as escolas terão de recorrer a receitas próprias para suportar os custos. O défice de financiamento público e a falta de autonomia foram duas das deficiências detectadas pela Associação Europeia de Universidades numa avaliação, conhecido há um mês, feita a 13 instituições portuguesas. "Os encargos de 11 por cento devido à Caixa Geral de Aposentações e o aumento de 2,9 por cento para pagamentos de salários da função pública são dois exemplos de situações de constrangimento financeiro para os quais a universidade não encontrou solução", explica Ramôa Ribeiro, reitor da Técnica de Lisboa, em resposta ao inquérito do PÚBLICO.

O ex-presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, Luciano de Almeida, substituído no cargo na última sexta-feira, recorda que quando o orçamento para o próximo ano foi discutido com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) "constatou-se que, para que todas as instituições tivessem, em 2009, pelo menos o mesmo orçamento inicial que haviam tido em 2008, seria necessário que o plafond crescesse 32,4 por cento", ou seja, para 1289 milhões de euros, escreve num artigo publicado pelo Jornal de Negócios, a 21 de Novembro. As escolas confirmam. "Só nos últimos quatro anos, o Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa, em Lisboa, perdeu cerca de dois milhões de euros por ano, a que tinha direito", explica o presidente Luís Reto. Mas, no seu caso, a situação será corrigida em 2009.

Menos formação
Em 2009, o apoio que a tutela deu ao longo deste ano a algumas instituições poderá repetir-se. Guimarães Rodrigues, reitor do Minho, pergunta por que razão o MCTES diz que os salários e subsídios estão garantidos, quando os orçamentos atribuídos "não são reais", e que "fundamentação é adoptada na atribuição discricionária de 'complementos'" às instituições com maiores dificuldades. "É a menorização das instituições. É a autonomia que está em causa. É a sua capacidade para desenvolver uma gestão responsável e estratégica que fica hipotecada. É, também, um convite à má gestão e à desresponsabilização", critica.

Com menos dinheiro, a maioria das instituições reconhece que vai adiar projectos, quer de formação dos quadros como de renovação ou construção de novas instalações, o que põe em causa a qualidade do ensino. A impossibilidade de rejuvenescer o corpo docente preocupa o reitor da Universidade de Lisboa, António Nóvoa, tal como a não abertura de concursos para a promoção dos professores, acrescentam Mascarenhas Ferreira, reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, e Luciano de Almeida, do Politécnico de Leiria. Na Universidade do Minho e no Politécnico da Guarda não foram renovados vários contratos a professores e funcionários, lamentam Guimarães Rodrigues e José Manuel Mendes, os responsáveis máximos de ambas as instituições. E o Politécnico de Leiria e as universidades de Lisboa e Trás-os-Montes estão preocupados porque não vão poder adoptar medidas de apoio à aplicação do Processo de Bolonha, que prevê um novo paradigma de ensino.

No que diz respeito a infra-estruturas, edifícios em estado de degradação vão ficar por recuperar nas universidades da Madeira e na Nova de Lisboa; mas também será adiada a construção de novos espaços nos politécnicos de Portalegre ou Santarém.

Medidas difíceis
Para cumprir as suas obrigações, as instituições tomam medidas que consideram difíceis. "A decisão mais difícil foi a de utilizar saldos de algumas escolas para colmatar insuficiências financeiras de outras. Esses saldos eram a demonstração de que tinha havido boa gestão", diz Ramôa Ribeiro, reitor da Técnica de Lisboa, lamentando que, deste modo, "ficaram por cumprir projectos" que tinham como objectivo o reforço da coesão da universidade. A aposta é no aumento das receitas próprias e na partilha do financiamento com outras entidades, como ministérios ou autarquias, sugere António Rendas, reitor da Nova de Lisboa. Vítor Santos, presidente do Politécnico do Porto, revela que a sua instituição fez uma parceria "inédita" com a Câmara de Vila Nova de Gaia. O resultado são as novas instalações para a Escola de Tecnologias da Saúde.

FOTO: a antiga Escola Politécnica, um dos muitos edifícios da Universidade de Lisboa a precisar de obras de restauro.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Curso de Guias do Jardim Botânico 2008

No passado dia 5 de Dezembro pelas 18:00 horas, no Anfiteatro Aurélio Quintanilha (anfiteatro de Botânica), foram entregues os diplomas aos alunos aprovados no Curso de Guias do Jardim Botânico 2008.

Esta data comemora a ordem para publicação da Flora Lusitanica de Félix Avellar Brotero.
"5 de Dezembro: o ministro D. Rodrigo de Sousa Coutinho escreve a Brotero, com instruções do Príncipe Regente para que sejam publicados, no todo ou em parte, os seus trabalhos sobre as plantas do Reino e que não deixe roubar por estrangeiros à Nação esta grande glória."

A cerimónia contou com a presença da directora do Jardim Botânico do Museu Nacional de História Natural e da presidente da direcção da Liga dos Amigos do Jardim Botânico.

Diplomados:
Luís Manuel de Oliveira Neves, Susana Paço, João Lourenço, Ivo Meco, Rafael Galupa, João Carvalho, Silke Waap, Pedro Matos, Filipa Albino, Maria Fernanda Botelho, Maria do Carmo Rolo, Margarida Estela Ferreira, Ana Cortinhas, Claire Baudoin, Vítor Luciano.

Os cursos de guias, que decorrem durante o mês de Setembro, são da responsabilidade do Serviço de Extensão Pedagógica do Jardim Botânico.

Prémio Brotero:
A Liga dos Amigos do Jardim Botânico instituiu o Prémio Brotero - homenageia a edição da 1ª Flora Lusitanica- para distinguir os melhores classificados no Curso de Guias do Jardim Botânico. O anúncio e entrega dos Prémios faz-se por ocasião da Assembleia Geral da LAJB que se realiza na Primavera.

FOTO: um caminho do Arboreto visto através da escultura de Bruno Nordlund.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

«Contra a Alienação do Património Cultural»

PETIÇÃO: O novo regime proposto agora pelo governo para os bens que integram a nossa "memória colectiva" vai abrir as portas á alienação de boa parte do ancestral património cultural do país, propriedade do estado. Os monumentos nacionais serão vendidos ou onerados pela via do direito privado. Esta medida só é comparável em termos históricos, com o processo de desamortização, nacionalização e venda dos bens da Coroa e da Igreja, ocorrido na primeira metade do sec XIX. Entendemos por nossa obrigação, em defesa de um património que a todos pertence e que a todos assiste o direito legal e moral de fruir, solicitar por este e outros meios, a imediata suspensão do intempestivo e pouco transparente processo legislativo, com vantagens evidentes para alguns grupos económicos, nacionais ou não.

PROPOSTA: Alteração do regime de alienação que está a ser previsto, para um regime máximo de locação de imóveis da propriedade do estado (de todos nós) para um fim específico (que não pode ser alterado pelo promotor), por um período máximo de cinquenta anos, após exaustiva identificação e inventariação escrita e fotográfica do seu estado, com concurso público idóneo e com a condição de que a sua devolução no final do prazo seja feita em condições nunca piores à da sua disponibilização; esta autorização de locação apenas poderá ser possibilitada após uma consulta pública nacional por prazo não inferior a 30 dias úteis, e desde que da consulta não resultem propostas alternativas de utilização públicas, que se mostrem viáveis.

Para assinar esta petição clicar no título ou aqui:


FOTO: Terraço da Torre de Menagem do Castelo de Beja. Fortificações, conventos, mosteiros e palácios do Estado poderão ser alienados.

EXPOSIÇÃO «OLHARES»: Bruno Nordlund

Integrado nas comemorações dos 130 anos do Jardim Botânico, do Museu Nacional de História Natural, foi inaugurado no dia 11 de Novembro, a exposição “Olhares” - esculturas de ar livre realizadas pelos alunos recém licenciados em escultura da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. As obras encontram-se integradas por todo o espaço do Jardim e podem ser vistas até 11 de Março.

Horário da exposição: de 2ª a Domingo, entre as 10h00 e as 18h00.

FOTO: «Vertical II» (ferro) de Bruno Nordlund, no Arboreto.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

EM FLORAÇÃO: Datura candida

Nome científico: Datura candida (pers.) Stafford
Família: Solanaceae
Nome vulgar: Trombeteira, Cálice de Vénus, Angel's trompet

Esta, e outras espécies afins, são oriundas da América do Sul. Plantas famosas devido às suas grandes e belas flores pendentes que exalam um perfume atordoante. Estes arbustos, venenosos, contêm susbtâncias químicas que têm mostrado resultados positivos no tratamento de algumas doenças como a asma.

domingo, 14 de dezembro de 2008

O caderno dos Amigos do Jardim Botânico!

O «Caderno dos Amigos do Jardim Botânico» está pronto!
Uma produção Serrote para a Liga dos Amigos do Jardim Botânico.
Impressão em tipografia de 1000 exemplares numerados.
Dimensões: 12 por 7 cm
Papel: reciclado (liso)
Preço: 4 euros

Não percam a oportunidade de adquirir um ou mais exemplares, pois a edição é limitada. As receitas da venda deste caderno de notas serão investidas em melhoramentos no jardim. Ofereça um presente de Natal que, para além de ser um objecto especial, vai ajudar o Jardim Botânico!

Nas próximas 2ªs. feiras dias 15 e 22 de Dezembro poderá dirigir-se à sede da LAJB, onde teremos muito gosto em recebê-lo(a), e fazer a respectiva aquisição. Também é possível enviar à cobrança. Escreva para amigosdobotanico@gmail.com

sábado, 13 de dezembro de 2008

Portugal entre os seis piores gestores da água

Cada português gasta em média 2,26 milhões de litros de água por ano. Um resultado muito mais elevado do que a média mundial – 1,24 milhões de litros anuais por pessoa – e que coloca Portugal no sexto lugar dos que pior gestão fazem deste recurso vital.

A pegada da água foi um índice novo introduzido neste relatório e que alerta para a forma insustentável como se consome água. Os países mediterrâneos são os que ocupam os primeiros lugares da tabela e aqueles em que os problemas de escassez se colocarão com maior gravidade.

Na origem do consumo desmesurado de água pelos portugueses está a agricultura de regadio, altamente utilizadora de água, e a degradação das infra-estruturas de rega que permitem grandes perdas, considera Luís Silva, da WWF Portugal. Por isso, é urgente alterar os padrões de consumo agrícola, ainda mais tendo em conta que a falta de água será agravada, no futuro, pelas alterações climáticas.

Outro resultado interessante desta análise é a contabilização, para a pegada nacional de cada país, da quantidade de água consumida na produção de produtos importados. Ou seja, contabiliza-se a água consumida internamente mas também a gasta nos países de origem dos quais importamos produtos. Em Portugal este consumo reparte-se em 50% para cada tipo.

O relatório da pegada da água mostra ainda que 50% países estão a enfrentar uma situação de stress hídrico moderado ou elevado e que o número de pessoas afectadas pela escassez tenderá a aumentar devido às mudanças climáticas.
in DN, 29-10-2008

FOTO: Lisboa, Cais das Colunas. Tejo continua a receber esgotos sem tratamento.

Portugal: 40% dos nossos recursos naturais estão na floresta

Os recursos naturais de Portugal são pobres e escassos e é na nossa floresta que está 40% da capacidade biológica do País. Um dado que pode ser preocupante se tivermos em conta a forma como tem sido gerida a mancha florestal nacional e a vulnerabilidade a que tem estado sujeita nos últimos anos. Esta conclusão vai ao encontro daquilo que já era conhecido, embora coloque desafios importantes à gestão florestal. Recorde-se que nos últimos anos foram consumidos milhares de hectares de floresta pelos incêndios e que, actualmente, o território florestal atravessa graves problemas sanitários.

Luís Silva, da WWF Portugal, refere o problema do nemátodo, doença que afecta grande parte do pinhal nacional e condiciona a sustentabilidade da indústria de produção de papel. «Além disso, continuamos sem uma solução para a gestão do minifúndio», sublinha ainda o técnico português, referindo-se ao retalho em que se encontra a propriedade florestal. «Temos de alterar os modelos de gestão associados à nossa floresta».
in DN, 29-10-2008

FOTO: Bosque de Carrasco - Quercus coccifera - em Monsaraz.

Mundo está à beira de um colapso ecológico

O mundo está à beira de um colapso pois os recursos naturais consumidos pelo homem em muitos países são muito superiores à capacidade de regeneração da natureza. Se não houver alterações drásticas nas atitudes humanas, a ruptura pode ser irreversível, alerta a WWF

Recursos estão a ser gastos a um ritmo alucinante
Se todos os habitantes da terra fossem como os portugueses, seriam necessários dois planetas para assegurar a sobrevivência da população mundial. Isto porque, em Portugal, o consumo de recursos naturais é quatro vezes superior à capacidade biológica do nosso território. Um deficit ecológico preocupante, extensível a muitos países do mundo. O futuro avizinha-se ainda mais dramático, pois se a situação não se inverter drasticamente, o planeta entrará em crash ecológico. O alerta é da WWF, o Fundo Mundial para a Natureza, e consta do relatório Planeta Vivo 2008, ontem divulgado. Numa altura em que a crise financeira domina a agenda mediática, a WWF sublinha o risco de viver acima das possibilidades. E lembra que consumir recursos naturais acima daqueles que a natureza é capaz de produzir torna-se ainda mais perigoso pois coloca--no à beira de um colapso irreversível. O problema é global, pois mais de três quartos das pessoas vivem em zonas onde o consumo de recursos excede a capacidade biológica de produção e de mitigação de desperdícios. Ou seja, a base natural que suporta a vida desaparece à medida que cresce a pressão humana sobre os ecossistemas.

Nesta análise à sustentabilidade do planeta, Portugal não sai bem na fotografia. Nos três índices analisados, o País aparece em posições preocupantes. Quando se avalia a pegada ecológica - a pressão do homem sobre a natureza - aparece em 28.º lugar numa contagem de 151 países, com uma pegada ligeiramente inferior à dos europeus que utilizam o equivalente a dois, três planetas. As emissões de carbono resultantes do consumo de combustíveis fósseis (poluição automóvel, industrial, consumo energético de fontes não renováveis) são os principais responsáveis pelo retrato. Mas a contribuir para o desastre estão também as alterações climáticas.Na avaliação da quantidade de recursos naturais disponíveis, o País aparece no final da lista, mas nesta contagem os melhores ascendem aos primeiros lugares. Conclusão: os nossos recursos são escassos, e servimo-nos deles de forma desastrosa.

A biocapacidade do planeta encontra-se distribuída de forma desigual e mais de metade dos recursos estão na mão de apenas oito países. Apesar de Estados Unidos, Índia e China constarem da lista dos mais abastados em recursos naturais, apresentam deficits ecológicos pois o seu consumo é ainda maior do que a riqueza. Cada americano precisa de quatro planetas e meio para viver, enquanto que a pegada indiana e chinesa são mais moderadas porque aqui os padrões de consumo ainda não são tão desenfreados. Na avaliação da pegada da água, as notícias também não são animadoras. A escassez elevada ou moderada de água já afecta 50 países. in DN, 29-10-2008

Foto: Lisboa, longe de ser um modelo de sustentabilidade

AGRADECIMENTO: Isabel Silva - SEP

A pedido de Alexandra Escudeiro, a nossa Coordenadora dos Serviços de Extensão Pedagógica (SEP), divulgamos o agradecimento a Isabel Silva.

A Senhora D. Isabel Silva terminou, no passado dia 3 de Dezembo, a sua colaboração com o Serviço de Extensão Pedagógica do Jardim Botânico (SEP), onde desempenhou as funções de atendimento e marcações, tanto telefónicas, como por fax e correio electrónico - com o público e os colaboradores do SEP. Também aplicou os seus conhecimentos de informática para fazer as grelhas de marcações, as estatísticas e os quadros dos relatórios de actividades, os impressos utilizados nas actividades e todo um trabalho de secretariado do SEP. Na hora da despedida, agradecemos esta enorme ajuda que foi a sua estadia no Jardim Botânico e desejar as maiores felicidades.
Muito Obrigada!

AGRADECIMENTO: Carlos Costa - Herbário

A pedido de Ana Isabel Correia, a nossa Conservadora de Plantas Vasculares, divulgamos o agradecimento a Carlos Costa que durante dois anos trabalhou no herbário do Jardim Botânico e que terminou a sua colaboração no passado dia 3 de Dezembro.

O Jardim Botânico agradece o empenho e profissionalismo que pôs em todas as actividades em que esteve envolvido. A sua inestimável ajuda estendeu-se a todas as actividades que têm lugar num herbário desde o tirar o pó a caixas de material até à montagem, etiquetagem e arrumação de largas centenas de exemplares de herbário.

Muito Obrigada!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

MANOEL DE OLIVEIRA: 100 ANOS!

«(...) Só existimos nos dias que fazemos.
Nos dias em que só existimos, apenas duramos.»

Padre António Vieira

O cineasta Manoel de Oliveira faz hoje 100 anos. Parabéns!

FOTO: Manoel de Oliveira num laranjal, no Douro, durante as filmagens de "Vale Abraão" em 1993.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

A DIFFERENT SHADE OF GREEN

Arboretums and Botanical centres are now targeting homeowners

The Arnold Arboretum, one of ­Frederick Law Olmsted’s better preserved landscapes, could easily be described as a 265-acre research facility. Run jointly by Harvard University and the city of Boston, the landmark is where specialists can find detailed taxonomic organisation and labelling, a herbarium and archives stretching back well into the 1800s. Scientists use it to conduct important studies...and to observe pathogens and insects, including the wooly adeligid, which has destroyed much of the local hemlock collection.

But the arboretum also attracts average visitors. In winter, snow highlights the carefully orchestrated naturalism and draws a steady stream of urban skiiers and sledders. And then there is the Leventritt Garden, a recent addition set on a 4-acre parcel adjacent to Olmstead’s landscape . With linear gravel paths, stone walls and New England vernacular-modernist pavilion, this new space showcases shrubs and vines suitable for residential landscaping and it won the American Society of Landscape Architects 2007 General Design Award of Excellence,

“The garden has an educational component that’s just not possible in the rest of the arboretum,” says Peter Del Tredici, a senior research scientist and lecturer in the landscape programme at the Harvard Graduate School of Design, who worked on the climate change study. “It’s more accessible to the general public.”

In contrast with the main arboretum’s minimal signage, the terraced garden is dotted with placards describing the collection and plant maintenance. It also highlights species hardy enough to survive the increasingly erratic weather. This represents a significant broadening of the facility’s scientific and horticultural mission, a trend that can be seen in arboretums and botanical gardens throughout the the US. “In the 19th century arboretums were typically associated with universities. They did research and brought in exotics and adapted them to a given climate,” explains Steven Foster, a landscape architect in Brookline, Massachusetts, who teaches in the Arnold Arboretum’s Landscape Institute for professional designers. “Before middle-class, post-second-world-war subdivisions, there wasn’t a need for the average homeowner to learn about plants and landscape design.”

But today’s environment is quite different and arboretums and botanical gardens are responding, seeking wider audiences and acknowledging the eco-friendly movement by preaching sustainability, extolling the use of native and low-maintenance plants, teaching the fine points of composting and fostering urban gardens. They increasingly function as resources not just for scientists but also for professional designers, homeowners and community gardeners.

The Leventritt Garden was, for example, designed for minimal environmental impact and low maintenance, according to Douglas Reed, a principal with Reed Hilderbrand Associates, the Watertown, Massachusetts, landscape architecture firm that handled the project. “The primary purpose is for the curators to experiment with new introductions, compare new plants with other formerly developed species and have a way of bringing them to the public’s awareness,” he says.

Some institutions are investing in green buildings too. The Queens Botanical Garden in New York City last year opened a visitor centre, administrative building and maintenance facility boasting a green roof and water saving features. The new buildings add a deeper shade of green to the botanical garden’s community, college and professional development programmes, which include classes on composting and sustainable gardening, a seniors’ garden, a children’s programme and a farmers market, according to director of capital projects Jennifer Ward Souder. “Professionals come to get ideas and people inquire about native and drought tolerant plants,” she says.

The garden also banks native seeds and works on soil conservation and its demonstration plots include alternatives to conventional, chemical-intensive grasses and ornamental plantings. One goal is to help visitors choose the appropriate combinations. “They’re not always aligned – planting native species, using less water and designing sustainable gardens,” she says. “You don’t want to have people put stuff in the wrong place and wind up needing fertilisers or chemicals.”

In San Francisco, the California Horticultural Society maintains the San Francisco Botanical Garden at Strybing Arboretum, which caters to a varied constituency, including landscape designers and their clients, community gardeners and city dwellers with little or no arable land (with classes on container gardening), according to executive director Michael McKechnie. It is also adding a centre for sustainable gardening and expanding its curriculum, which currently includes classes in garden design appropriate to local and regional climates and a certificate programme in permaculture, using and copying natural systems. “I have seen a great demand, almost a mandate, about environmental gardening,” says associate director of adult education Fred Bové as well as an interest in understanding and adapting to climate change. “The idea has come to the fore,” he says. “You can’t garden and not notice it.”

As institutions, arboretums and botanical gardens have to adapt to survive. “They are in the midst of searching to re-establish influence, an effort to create relevance,” says Ann Kearsley, principal of Ann Kearsley Design, a landscape architecture and urban design firm in Portland, Maine.

The design process behind Olmsted’s archetypal landscapes, for example, can be difficult for non-specialists to discern. “They look like they’ve been there for ever. His reinterpretation of 18th-century English gardens have morphed into spaces that are now so stately and gorgeous,” she says. “It can be difficult teasing out that they are completely constructed.”

Although landscaping clients have fairly conservative taste, designers can introduce them to progressive environmental and aesthetic ideas through the arboretums and botanical gardens that have added contemporary designs, demonstration plots and classes.

Kearsley praises these institutions for leading by example. “I come from a long line of gardeners and there’s a strong sense that you’re passing plants to the next generation,” she says. “Few residential projects are expected to last as long as 25 years. If you can afford to have a 40ft tree brought in, you don’t have to have this kind of respect for time. And people don’t stay in their houses that long. There’s not the same sense of stewardship.”

in Financial Times, 29 de Novembro de 2008, por Ted Smalley Bowen

FOTO: Arboreto do Jardim Botânico continua em grande parte adormecido para o papel que pode desempenhar na sociedade portuguesa.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Lisboa: câmara exige garantias para dar aval à expansão do terminal de contentores

in Lusa, 9 de Dezembro de 2008

O presidente da Câmara de Lisboa disse hoje aos deputados da Comissão de Obras Públicas, que a expansão do terminal de contentores em Alcântara só vai para a frente se garantir a libertação de espaço público, a salvaguarda de um sistema de vistas e outras condições que estão a ser negociadas com a Liscont.

António Costa explicou que a câmara exige determinadas garantias para dar o seu aval ao projecto. Entre as quais a de que o escoamento dos contentores não se fará por via rodoviária e a de que o "lay-out" (desenho) salvaguarda o sistema de vistas sobre o rio Tejo. A câmara reclama também a libertação de espaço público e melhoria do acesso da população ao rio no cais situado em frente à gare marítima. Outra das garantias é de que a execução do nó rodo-ferroviário é uma obra viável do ponto de vista técnico e será acompanhada de todas as medidas necessárias para minimizar os impactos ambientais."Se estas condições forem satisfeitas, damos um parecer favorável", declarou o autarca aos jornalistas, à saída da comissão parlamentar.

A Liscont, concessionária do terminal de Alcântara, já apresentou uma proposta, mas foi considerada insuficiente. "Fizemos uma contra-proposta", disse o presidente da câmara, sem querer adiantar quais os pontos que estão a ser renegociados.

Na passada sexta-feira, o PS chumbou a proposta da oposição para suspender a concessão do terminal de contentores de Alcântara. Na votação, todas as bancadas da oposição votaram a favor do primeiro projecto de resolução, do PSD, a que se juntou o deputado Manuel Alegre. Os restantes dois projectos, do BE e do PCP, já não foram votados devido à primeira votação.

AS ÁRVORES E A CIDADE: desaparecimento da Erythrina do Palácio Braamcamp

Exmo. Vereador José Sá Fernandes

Assunto: Desaparecimento da Erythrina do Palácio Braamcamp

A Liga dos Amigos do Jardim Botânico (LAJB), na sequência de ter verificado o desaparecimento da Erythrina dos jardins do Palácio Braamcamp (Propriedade Municipal), vem por este meio solicitar um esclarecimento sobre as razões que levaram à sua destruição. A notável copa desta árvore, que se desenvolvia pelo alto muro do jardim na Travessa do Conde de Soure, era um dos exemplares arbóreos mais característicos do ambiente urbano do Bairro Alto. Enviamos em anexo uma imagem, datada de Outubro de 2007, do arquivo fotográfico da LAJB. Lamentamos muito que esta árvore tenha desaparecido do Bairro Alto.

Com os nossos melhores cumprimentos,

LIGA DOS AMIGOS DO JARDIM BOTÂNICO

Nota: carta enviada hoje ao Vereador dos Espaços Verdes da CML, com conhecimento da Junta de Freguesia de Santa Catarina.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Costa garante que "malapata" do Parque Mayer chegou ao fim

in Público, 5 de Dezembro de 2008

Projecto do arquitecto Manuel Aires Mateus propõe a criação de um espaço contínuo com várias manifestações culturais

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa congratulou-se ontem, dia em que foi assinado o contrato para a reabilitação do teatro Capitólio e apresentado o projecto vencedor do concurso para o Parque Mayer, com aquilo que considerou ser o fim de "uma malapata que se arrastava há anos na cidade". António Costa sublinhou que o projecto "tem princípio, meio e fim e financiamento assegurado" e distanciou-se dos seus antecessores, que acusou de promoverem "ideias megalómanas que precisavam de meios impossíveis".

"Fizemos isto como deve ser feito, mas num mandato curto de dois anos era muita a tentação de nos metermos em atalhos", afirmou António Costa, louvando o facto de "menos de três meses" após o início do seu mandato terem sido lançados os concursos para a elaboração do Plano de Pormenor do Parque Mayer e para a requalificação do teatro Capitólio. O presidente da autarquia lembrou ainda que já na campanha para as eleições autárquicas de 1989, que opôs Jorge Sampaio a Marcelo Rebelo de Sousa, "um dos grandes temas foi a reabilitação do Parque Mayer".

O concurso para o Parque Mayer foi ganho pelo arquitecto Manuel Aires Mateus, com um projecto que se desenvolve a partir do Jardim Botânico, cuja massa arbórea será estendida até ao antigo recinto da revista à portuguesa. A intenção, como explicou o arquitecto Jorge Silva ao PÚBLICO, é "interligar" três áreas que hoje são "completamente autónomas" - os edifícios da Universidade, o Jardim Botânico e o Parque Mayer -, tornando-as "cúmplices umas das outras".

Horas de lazer
O arquitecto, que coordenou o projecto da Aires Mateus e Associados, acredita que no futuro os lisboetas e os turistas poderão passar algumas horas de lazer no local, realizando "um percurso de continuidade" que incluirá várias "manifestações culturais". O trajecto, sugere Jorge silva, podia ter início no Museu Nacional de História Natural, continuar com um passeio no Jardim Botânico e uma visita a exposições temporárias e terminar já no Parque Mayer, onde existiriam restaurantes, bares, um auditório e teatros. Quanto à criação de novas zonas verdes em redor do teatro Capitólio, o arquitecto explica que o objectivo é permitir o usufruto do espaço pela população, mas também criar "almofadas" de protecção do "extraordinariamente frágil e delicado Jardim Botânico".

Segundo a proposta vencedora do concurso promovido pela Câmara de Lisboa, no Parque Mayer vão surgir mais de 32 mil metros quadrados de construção, distribuídos entre um hotel, um auditório, um edifício cultural e áreas de comércio, restauração e outros serviços. No interior do recinto só poderão circular peões, que para superar os declives terão ao seu dispor escadas rolantes e dois elevadores. Jorge Silva sublinhou ainda que no local se irá construir "com a densidade da cidade histórica", esclarecendo que o teatro Capitólio será "de longe" o edifício mais alto do Parque Mayer. "O paradigma é o da cidade histórica: elevada ocupação do solo, baixa altura de construção", diz-se na memória descritiva do projecto, onde se acrescenta que a "camada edificada" é "profusamente aberta: permeável às ruas circundantes, atravessável no seu interior, recortada para o céu". No recinto mantêm-se ainda alguns comerciantes, com os quais a Câmara de Lisboa está neste momento em negociações. António Costa garante que na maioria dos casos os empresários pretendem abandonar o Parque Mayer e lamenta que a Bragaparques tenha "violado grosseiramente as suas obrigações contratuais" ao não entregar o espaço à autarquia "livre de ónus e de encargos". Questionado sobre o facto de ainda estar em curso o processo relativo à permuta destes terrenos e da Feira Popular, o autarca frisou que, "independentemente da decisão judicial, compete ao município definir os usos e edificabilidades do Parque Mayer", bem como assumir a "responsabilidade" de reabilitar o edifício classificado do Capitólio.

FOTO: maqueta conceptual da proposta vencedora para o Parque Mayer e Jardim Botânico

sábado, 6 de dezembro de 2008

AS ÁRVORES E OS LIVROS: Ana Hatherly

ó árvore que inrrompes da tua secura
suportando o penoso desdobrar dos teus ramos
amaldiçoada
ofereces ainda a doçura dos teus frutos
a sombra das tuas folhas
a firmeza do teu apego à terra.

FOTO: Ficus macrophylla na Classe do Jardim Botânico

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

LISBOA 1758: O PLANO DA BAIXA HOJE

Exposição: LISBOA 1758, O PLANO DA BAIXA HOJE
Local: Praça do Comércio - Páteo da Galé
Horário: todos os dias - 11hoo-19hoo
Entrada Gratuita aos Domingos
Visitas Guiadas: quinta-feira - 11h00 e 14hoo
Marcações: 21 798 89 96 / 21 798 85 26

NOTA: Esta boa exposição, inaugurada a 19 de Junho, foi prolongada até 28 de Dezembro.

FOTO: Um dos destaques da exposição é a interessante Maqueta de Lisboa antes do Terramoto de 1755, executada por Ticiano Violante com orientação científica de Gustavo de Matos Sequeira. Podemos ver nesta imagem a antiga Quinta do Monte Olivete onde nos finais do século XVII os Jesuítas ergueram a Casa do Noviciado da Cotovia (edifício ao centro) segundo risco do arquitecto Baltazar Álvares. Na antiga cerca do noviciado está actualmente o Jardim Botânico.

Com a expulsão dos Jesuítas, em 1759, o noviciado é transformado em Colégio dos Nobres pelo Marquês de Pombal. São executadas obras de reconstrução e adaptação, pelo arquitecto Carlos Mardel, em consequência dos danos provocados pelo Terramoto de 1755.

Com a instituição do regime liberal, o Colégio foi extinto, criando-se, em 1837, a Escola Politéctnica. Por sua vez, este complexo arquitectónico foi devastado por um incêndio de grandes proporções que deflagrou em 1843. O actual edifício da Escola Politécnica, de inspiração Neoclássica, foi erguido segundo projectos de vários arquitectos como Silva e Costa, Monteiro e, por fim, Pézerat. As obras só estariam prontas por volta do ano de 1878.

Esta maqueta pertence ao Museu da Cidade (Inv. MC.MAQ.5)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

CML: Reabilitação do Capitólio e Plano para o Parque Mayer e Jardim Botânico

«O devoluto cine-teatro Capitólio, no Parque Mayer, foi hoje, 4 de Dezembro, palco da cerimónia de assinatura do contrato para a sua reabilitação e de apresentação da proposta vencedora do concurso de ideias para o Parque Mayer, Jardim Botânico, edifícios da Politécnica e área envolvente.

O projecto do atelier Souza Oliveira, Arquitectura e Urbanismo Lda. promete devolver ao Capitólio a imagem que esteve na base do seu desenho original pelo Arqº Cristino da Silva em 1929 – uma caixa mágica – e o Plano de Pormenor do Parque Mayer, que será elaborado pelo atelier dos arquitectos Aires Mateus e Associados, promete fazer a interligação entre o Jardim Botânico, a Universidade e o Parque Mayer, tornando-as mais acessíveis aos cidadãos.

Depois de fazer uma síntese histórica da zona – desde a projecção do Passeio Público e da Avenida da Liberdade no século XIX aos inúmeros estudos de remodelação do Parque Mayer iniciados na década de 80 do século XX no mandato do Engº Krus Abecasis e continuados nos sucessivos mandatos autárquicos até à actualidade – o vereador do Urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa, Manuel Salgado, classificou o dia de hoje como “histórico” para aquela zona nobre da cidade de Lisboa, “não apenas pelo contrato que assinamos hoje e pela apresentação do vencedor do concurso de ideias para o Parque Mayer, mas também, porque ontem aprovamos em reunião de Câmara o Plano de Urbanização da Avenida da Liberdade e Zona Envolvente, que estará em discussão pública até final de Janeiro próximo, e ainda este ano publicaremos as medidas preventivas para a Baixa, também decisivas para a reabilitação deste eixo central de Lisboa”.

Ao assumir que a resolução dos “inúmeros impasses urbanísticos da cidade” foi definida como uma prioridade no seu mandato autárquico, o presidente da CML, António Costa, também realçou a importância do “desbloqueio” destas duas medidas para a reabilitação de “dezenas de edifícios que estão há anos entaipados”.

“Mas o maior impasse de todos era este do Parque Mayer”, reconheceu o autarca ao recordar que a reabilitação da zona já havia sido uma “questão central na campanha de Jorge Sampaio e de Marcelo Rebelo de Sousa, há quase 20 anos”. E, depois de lembrar que “em menos de três meses de termos tomado posse estávamos a abrir estes concursos”, António Costa agradeceu o “trabalho imenso” do vereador Manuel Salgado, dos dirigentes e dos serviços municipais do urbanismo porque “fizemos isto como deve ser feito, com concursos, com debate público, com Plano de Pormenor e com júris muito qualificados e participados por todos os parceiros e pessoas que conhecem bem o Parque Mayer”.

Na sua intervenção, António Costa destacou ainda a importância destes projectos fazerem a interligação entre o Parque Mayer, o Jardim Botânico e os museus da Politécnica e de estarem inseridos numa “estratégia de renovação deste eixo central da cidade, da Baixa até ao Parque Eduardo VII”, para além de enaltecer a “simplicidade” do projecto do Capitólio porque, como considerou, “o que comprometeu antes o Parque Mayer foram ideias megalomanas que não se conseguiram executar”.

O Parque Mayer constitui uma referência ímpar da história artística cultural da cidade de Lisboa e do País. A reabilitação desta área afigura-se como um dos factores mais importantes para a regeneração de Lisboa. O Parque Mayer, deverá assumir-se não só como pólo de desenvolvimento de actividades lúdicas e culturais mas, também, como objecto arquitectónico de referência, introduzindo um conceito renovado de lazer no sistema e espaços públicos da cidade, designadamente no seu eixo mais relevante - a Av. da Liberdade. Acresce que a continuidade efectiva do Parque Mayer com o Jardim Botânico e os Edifícios da Antiga Escola Politécnica, aos quais é possível aceder a partir da Rua Castilho, da Rua da Escola Politécnica, da Praça da Alegria e da Calçada da Glória, conferem-lhe um enorme valor como grande espaço aberto numa parte alargada da cidade histórica.

Num quadro de revitalização e reestruturação de toda a zona do Parque Mayer e, pretendendo-se que este funcione como pólo de atracção e de regeneração urbana, difundindo-se para as zonas e equipamentos circundantes integrando-se com protagonismo, nas estruturas económica, social e natural envolventes, torna-se premente a requalificação do Cine-Teatro Capitólio, classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1983 (Decreto do Governo 8/83, de 24 de Janeiro, DR 19, de 21-01-1983). De facto o Capitólio surge como factor potencializador para “dinamizar a área, reforçando a sua componente lúdica e cultural” (in proposta do PUALZE), requalificação esta que se pretende adaptada às exigências regulamentares vigentes mas enquadrada no espírito do projecto original do Arq. Cristino da Silva.

CONCURSO PARQUE MAYER
Com este contexto foi aprovado em Reunião de Câmara (Proposta nº255/2007), a abertura do concurso público de ideias de arquitectura e paisagismo destinado a qualificar 5 equipas técnicas para participarem num concurso limitado com vista à selecção da equipa responsável para elaborar o Plano de Pormenor do Parque Mayer, Jardim Botânico, Edifícios da Politécnica e Área Envolvente. O concurso de ideias foi lançado em Novembro de 2007, tendo a entrega das propostas ocorrido no dia 25 de Janeiro de 2008. Os 27 projectos admitidos a concurso foram exibidos numa exposição nos Museus da Politécnica (3 de Abril a 18 de Maio de 2008) tendo este evento sido acompanhado por um ciclo de debates abertos à população.

Em resultado das principais questões levantadas nos debates, bem como da informação técnica transmitida, os serviços camarários procederam então à elaboração do programa do concurso limitado destinada às cinco equipa vencedoras do concurso de ideias: ARX Portugal, Vão Arquitectos Associados, Souto Moura Arquitectos e Gonçalo Byrne Arquitectos. Este concurso foi lançado no dia 30 de Junho de 2008 tendo as propostas sido entregues no passado dia 22 de Setembro. O Júri deste concurso presidido pelo Arq. Nuno Portas integrou elementos da Universidade de Lisboa, do IGESPAR, da Ordem dos Arquitectos, da Associação Portuguesa dos Paisagistas e da CML bem como personalidades relevantes do meio artístico e do urbanismo em Portugal. No seu relatório final, o Júri classificou em 1º lugar a proposta encabeçada por Aires Mateus Associados.

CONCURSO CAPITÓLIO
Paralelamente, foi aprovado em 12 de Dezembro de 2008 (Deliberação nº530/CM/07) o lançamento do concurso público para a reabilitação do Capitólio, reconvertido à traça do projecto original da autoria do Arq. Cristino da Silva. O referido concurso foi aberto no dia 14 de Janeiro. Pretendia-se uma reabilitação global do edifício, capaz de resolver os problemas estruturais e funcionais existentes, prevendo todos os trabalhos necessários ao seu funcionamento e dotando-o de flexibilidade suficiente para satisfazer as necessidades de grande parte dos produtores e dos encenadores do nosso meio teatral actual. No dia 11 de Abril de 2008 foram entregues 9 propostas, sendo que 4 foram admitidas a concurso: Souza Oliveira - Arquitectura e Urbanismo Lda; Agrupamento liderado por Arq. José Romano Pires; Atelier Daciano Costa e João Rosário Mateus Arqt.» in www.cm-lisboa.pt

O Nosso Bairro: Avenida da Liberdade, 29-41

in DN, 3 de Dezembro de 2008

A Câmara de Lisboa aprovou hoje a operação de loteamento e o projecto de arquitectura do edifício devoluto que ardeu há quatro meses na Avenida da Liberdade e que será um hotel. O presidente da Câmara, António Costa (PS), anunciou a aprovação das propostas que vão permitir ao promotor iniciar a obra, na conferência de imprensa que se seguiu à reunião do executivo municipal.

Há quatro meses um incêndio destruiu por completo o edifício nº29/41 da Avenida da Liberdade e afectou também outros prédios, entre os quais o nº 21. O vereador do Urbanismo, Manuel Salgado (PS), explicou na altura que o proprietário do prédio efectuou em 2005 um pedido de emparcelamento e em 2006 um projecto que a autarquia não pode licenciar devido à falta de um documento a entregar pelo promotor. As áreas apresentadas no projecto não coincidiam com as do registo predial, num processo que corre na 9ª Conservatória Predial de Lisboa.

O projecto é um hotel de quatro estrelas que terá de preservar a fachada de acordo com um parecer do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, IGESPAR.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Plantação de árvores em Monchique - II

Trabalho Voluntário - SPA – Floresta SOS

Plantação de árvores (sessão extraordinária)

A plantação de árvores (pinheiros mansos e alfarrobeiras) têm avançado no Covão d'Águia, Monchique, graças à participação de voluntários. No entanto, a Fundação Kangyur Rinpoche necessita de realizar uma sessão extraordinária que decorrerá nos dias 6, 7 e 8 de Dezembro. Apelamos mais uma vez à participação. Os interessados devem contactar Dulce Alcobia através do Telemóvel 968059244 (até 6ª feira) ou do e-mail: dulcealcobia@gmail.com (até 5ª feira).

Programa:

- Abertura de covas 40 x 40

- Plantação das árvores

- Controle de acácias

- Limpeza de um tanque de rega

Deslocações: De modo a que as deslocações de carro sejam do ponto de vista económico e ecológico o mais bem sucedidas, pede-se a quem tenha lugares no carro ou precise de boleia o diga de modo a gerirmos da melhor forma, a logística dos transportes.

Alojamento: Existe a possibilidade de ficar no "Abrigo da Montanha"(na estrada da Foia); o custo do quarto para duas pessoas é de 15 euros/pessoa (sem pequeno almoço) e com pequeno almoço são mais 5 euros. Existe ainda a possibilidade de ficar na "Bica Boa" e em Karuna.

Recomendações: É aconselhável levar roupas velhas, galochas e umas boas luvas de jardinagem para proteger as mãos; podem trazer tesouras de poda ou outros equipamentos que julguem adequados para este conjunto de actividades.

Fundação Kangyur Rinpoche

Av. Infante Santo, nº 366 R/c Esq.

1350-182 Lisboa

Tel: 213 904 022

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

AVENIDA DA LIBERDADE: «É altura de decidir o que queremos fazer da Avenida»

in Público, 2 de Dezembro de 2008, por Ana Henriques

Restrições ao trânsito no centro do debate, que em breve entrará em fase de discussão pública. Plano prevê que faixas laterais encolham

Em breve, os munícipes lisboetas vão ser chamados a pronunciar-se: que futuro querem para a Avenida da Liberdade. Com a discussão pública prestes a começar, o arquitecto convidado pela Câmara de Lisboa para apontar o caminho, Manuel Fernandes de Sá, optou por uma solução salomónica: menos trânsito, mas sem exageros e continuação da predominância de escritórios. Depois, diz o arquitecto portuense, é preciso dar tempo ao tempo para que o local onde dantes todos iam para ver e ser vistos - o Passeio Público - se encha outra vez de vida. Para que se torne outra vez um local de passeio, e não apenas de passagem. Há quem pense que as medidas preconizadas por Fernandes de Sá não chegam para resgatar à sua triste sina a principal artéria da cidade, campeã europeia da poluição, mas ao mesmo tempo uma das avenidas mais caras da Europa. Isso mesmo disse a arquitecta Helena Roseta, vereadora do movimento cívico Cidadãos por Lisboa, na passada quarta-feira, dia em que Fernandes de Sá apresentou o seu projecto na reunião de câmara. "Denoto algum conservadorismo na proposta", observou. "A Avenida tem todas as condições para nos deslocarmos em transporte público ou a pé. Em contrapartida, o que lá existe é um exagero de transporte privado, e Manuel Fernandes de Sá não propõe a inversão disto".

Sem carros à superfície

Retirar o estacionamento da superfície e reduzir a largura das faixas rodoviárias laterais para cerca de metade, aproveitando esse espaço para alargar os passeios, são as facetas mais visíveis do Plano de Urbanização da Avenida da Liberdade e Zonas Envolventes, também conhecido pela pouco amigável sigla PUALZE. Também membro do movimento de Helena Roseta, António Elói defende que as faixas de rodagem laterais deviam pura e simplesmente desaparecer, em vez de ficarem com trânsito condicionado. A miragem de uma Avenida cheia de esplanadas de cima a baixo, com o trânsito a correr apenas no meio, seduz muita gente. Peremptório, Fernandes de Sá desfaz as ilusões: "Não é possível suprimir as faixas de rodagem laterais. Senão, como é que se chegava às casas e garagens?". E em que consiste o condicionamento ao trânsito proposto pelo arquitecto? "Não é um condicionamento muito condicionado", admite. "A ideia é que o espaço seja partilhado por peões e automóveis e circular a uma velocidade reduzida". Uma ideia que, de resto, pode vir a ser transformada depois do período de discussão pública a que o PUALZE será em breve submetido. "Questões como a da largura dos passeios devem ficar em aberto até à elaboração do projecto de execução", advoga o vereador do Urbanismo, o arquitecto Manuel Salgado. Que lança uma hipótese radical, já posta de lado pelo estudo de Fernandes de Sá pelo menos para os próximos tempos: "E porque não tirar o trânsito do meio da Avenida e ficar com ele apenas nas laterais?".

Tal como estavam formuladas, as regras do PUALZE que balizavam a subida de altura dos edifícios da Avenida prestavam-se a interpretações equívocas que podiam ter efeitos incontroláveis. Quem deu por isso foi a vereadora do PSD Margarida Saavedra, que exigiu a reformulação do texto. "Era uma incorrecção do texto, a vereadora tinha razão. Já está resolvido", diz Fernandes de Sá, que invoca o desconhecimento por si e pela sua equipa do quadro jurídico em vigor na capital. A autorização para construir no interior dos quarteirões, ligando dois edifícios com frentes para duas ruas diferentes através de um terceiro construído entre eles, é outro aspecto considerado gravoso pela autarca.

O plano de Fernandes de Sá - Menos carros, menos poluição, mais habitantes

Prioridade ao terciário

A continuação da predominância do sector terciário na Avenida é um dos aspectos pouco pacíficos do plano de Fernandes de Sá. Pelas suas contas, entre terrenos vagos e imóveis devolutos ainda há espaço para o sector dos serviços crescer 16,5 por cento nos 100 hectares abrangidos pelo PUALZE. Depois de observar os mapas apresentados pelo arquitecto, a vereadora social-democrata Margarida Saavedra deixou escapar uma constatação: "Mas o local onde mora o primeiro-ministro, a Rua Braamcamp, aparece totalmente terciarizado!". O valor do terreno, um dos mais altos da cidade - 75 euros/mês por metro quadrado alugado - e os elevados níveis de ruído provocados pelo tráfego são os argumentos do arquitecto para a opção. Seja como for, o PUALZE prevê, no médio prazo, 5000 novos habitantes na área de intervenção, que passará assim de sete para 12 mil residentes. Mas sempre nas áreas circundantes da Avenida, com especial preponderância nas zonas da Rua de S. José e da Glória. Já as artérias mais próximas do Marquês surgem totalmente dedicadas ao comércio e escritórios. Para Margarida Saavedra, uma das grandes falhas falhas do plano relaciona-se com o facto de não apresentar medidas concretas de reabilitação urbana.

Estacionamento subterrâneo

O desaparecimento de todo o estacionamento existente à superfície da Avenida, 660 lugares, ilegais na sua maioria, é compensado no PUALZE com a construção de dois parques subterrâneos, um no cruzamento com a Barata Salgueiro e outro no cruzamento com a Manuel de Jesus Coelho - um investimento de 7,5 milhões de euros que o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, acha dispensável: "Não será necessário construir os dois parques, uma vez que há capacidade de estacionamento excedentária nos edifícios" da zona. Além da sua principal função, estes parques serviriam ainda como forma de atravessamento da Avenida pelos peões. Fernandes de Sá propõe, aliás, que a difícil ligação das duas colinas separadas pelo vale da Avenida seja feita, nos Restauradores, usando o parque de estacionamento enterrado que ali existe - "por forma a criar uma ligação privilegiada entre as duas encostas, aproveitando a existência dos elevadores da Glória e do Lavra". À superfície, o plano prevê o aproveitamento de parte do mercado do Rato - onde também quer criar uma área de serviços, comércio e eventualmente habitação - para fazer 650 lugares de parqueamento, aos quais há a juntar três parques para residentes no Largo da Oliveirinha, na Travessa de Santa Marta e na Rua do Passadiço.

Reduzir poluição

A poluição atmosférica ultrapassa os valores legalmente permitidos, enquanto a sonora inviabiliza, também por causa dos limites legais, a criação de novos edifícios de habitação na Avenida. "A situação não é pior devido à acção das chamadas brisas da Avenida, que dissipam a poluição resultante destes factores, sendo as poeiras retidas pela folhagem das árvores", descreve o PUALZE. Para mudar este estado de coisas a Câmara de Lisboa foi obrigada a assumir compromissos com a administração central. A alteração dos pavimentos, mas sobretudo a redução do volume de tráfego são as medidas que estão em cima da mesa. Fernandes de Sá quer, a título experimental, tirar os carros de parte da Rosa Araújo e do Largo da Anunciada - garantindo no entanto, neste último caso, a "manutenção condicionada do seu atravessamento automóvel".

Investimento público

Contas feitas por baixo, o PUALZE, pensado para dez anos, obrigará a um investimento público da ordem dos 57 milhões de euros, 40% dos quais dirigidos para a criação de estacionamento. A autarquia poderá recuperar parte das verbas com as taxas e impostos sobre a nova construção que se prepara para autorizar naquela que é uma das zonas mais nobres. Helena Roseta quis saber quanto valerão estas mais-valias imobiliárias, mas ninguém lhe soube responder.

FOTO: Avenida da Liberdade no início do século XX por Bobone. Fonte: Arquivo Fotográfico Municipal