sábado, 13 de dezembro de 2008

Mundo está à beira de um colapso ecológico

O mundo está à beira de um colapso pois os recursos naturais consumidos pelo homem em muitos países são muito superiores à capacidade de regeneração da natureza. Se não houver alterações drásticas nas atitudes humanas, a ruptura pode ser irreversível, alerta a WWF

Recursos estão a ser gastos a um ritmo alucinante
Se todos os habitantes da terra fossem como os portugueses, seriam necessários dois planetas para assegurar a sobrevivência da população mundial. Isto porque, em Portugal, o consumo de recursos naturais é quatro vezes superior à capacidade biológica do nosso território. Um deficit ecológico preocupante, extensível a muitos países do mundo. O futuro avizinha-se ainda mais dramático, pois se a situação não se inverter drasticamente, o planeta entrará em crash ecológico. O alerta é da WWF, o Fundo Mundial para a Natureza, e consta do relatório Planeta Vivo 2008, ontem divulgado. Numa altura em que a crise financeira domina a agenda mediática, a WWF sublinha o risco de viver acima das possibilidades. E lembra que consumir recursos naturais acima daqueles que a natureza é capaz de produzir torna-se ainda mais perigoso pois coloca--no à beira de um colapso irreversível. O problema é global, pois mais de três quartos das pessoas vivem em zonas onde o consumo de recursos excede a capacidade biológica de produção e de mitigação de desperdícios. Ou seja, a base natural que suporta a vida desaparece à medida que cresce a pressão humana sobre os ecossistemas.

Nesta análise à sustentabilidade do planeta, Portugal não sai bem na fotografia. Nos três índices analisados, o País aparece em posições preocupantes. Quando se avalia a pegada ecológica - a pressão do homem sobre a natureza - aparece em 28.º lugar numa contagem de 151 países, com uma pegada ligeiramente inferior à dos europeus que utilizam o equivalente a dois, três planetas. As emissões de carbono resultantes do consumo de combustíveis fósseis (poluição automóvel, industrial, consumo energético de fontes não renováveis) são os principais responsáveis pelo retrato. Mas a contribuir para o desastre estão também as alterações climáticas.Na avaliação da quantidade de recursos naturais disponíveis, o País aparece no final da lista, mas nesta contagem os melhores ascendem aos primeiros lugares. Conclusão: os nossos recursos são escassos, e servimo-nos deles de forma desastrosa.

A biocapacidade do planeta encontra-se distribuída de forma desigual e mais de metade dos recursos estão na mão de apenas oito países. Apesar de Estados Unidos, Índia e China constarem da lista dos mais abastados em recursos naturais, apresentam deficits ecológicos pois o seu consumo é ainda maior do que a riqueza. Cada americano precisa de quatro planetas e meio para viver, enquanto que a pegada indiana e chinesa são mais moderadas porque aqui os padrões de consumo ainda não são tão desenfreados. Na avaliação da pegada da água, as notícias também não são animadoras. A escassez elevada ou moderada de água já afecta 50 países. in DN, 29-10-2008

Foto: Lisboa, longe de ser um modelo de sustentabilidade

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