PALÁCIO DOS PEDROSAS
(1831-1860)
Data do ano de 1800 a primeira notícia que há da construção de um "palácio" pelo Comendador Manuel José da Silva Franco. O imóvel foi por sua vez comprado em 1831 pelo desembargador José António da Silva Pedrosa que aqui
viveu até ao ano de 1842 altura em que faleceu. A viúva e os filhos ficaram na
posse do palácio e nele habitaram até 1856 ano da morte da viúva D. Rita
Camila. Os interiores do palácio receberam importantes remodelações pela
família Pedrosa: do Brasil vieram madeiras valiosas para sobrados e tectos.
PALÁCIO SOUSA LEAL
(1885-1911)
Após um período em que o palácio esteve desabitado, de
1858 a 1860, foi adquirido pelo capitalista JOSÉ DE OLIVEIRA DE SOUSA LEAL que fez
fortuna nas colónias de África. José de Sousa Leal fundou em Lisboa uma importante
organização comercial com o objectivo de fazer transações com o continente
Africano, para o que possuía uma frota de barcos para transporte de
mercadorias. O Comendador José de Oliveira de Sousa Leal faleceu em
Outubro de 1881 e a propriedade passou por herança para o filho ALFREDO DE OLIVEIRA DE SOUSA LEAL. Herdando a enorme fortuna paterna, Alfredo Leal foi também
figura de relevo na época, ocupando lugares de importância
tais como os de Director da Companhia do Gás e Director do Banco de Portugal.
Em harmonia com a situação financeira e social, e casando por
volta de 1884 com Dona Adelaide Carolina
Lambruschini-Rapeto, descendente de família nobre genovesa, Alfredo Leal
toma a decisão de se instalar no Palácio dos Pedrosas. Situado a dois passos da
luxuosa Avenida da Liberdade (inaugurada em 28 Abril 1886) e com mais de 600m2
de área de jardim, os interiores iriam
ser alvo de um complexo processo de remodelação de modo a transformá-lo numa
luxuosa habitação.
Alfredo Leal submete à Câmara Municipal de Lisboa um
«Projecto para as modificações exteriores e interiores» no dia 11 de Fevereiro de 1885 – que foi
deferido logo a 25 de Fevereiro de
1885 (obra nº 9460, Arquivo Municipal de Lisboa). As obras decorreram pelo
menos até finais de 1886 pois a 3 de Março desse ano é entregue um pedido de
prorrogação da licença de obras por mais 8 meses. Mas os últimos detalhes de
decoração estariam ainda a decorrer em 1887 pois essa data surge em várias
telas a óleo dos tectos do andar nobre.
Para além da decoração que foi realizada em
todo o interior, também há a destacar as seguintes alterações: a escadaria e
entrada nobre passou para o pátio norte; foi criada uma nova escadaria em
espiral para ligar todos os pisos; no piso das lojas, com entrada directa para
a Rua de S. José, para além das cocheiras foram criadas instalações para os
escritórios com casa-forte, espaços ainda hoje existentes. Os dois pátios que
ladeiam a fachada do Palácio a norte e sul foram remodelados com a substituição
dos antigos muros e portais por gradeamento de ferro, ao centro do qual se
abrem portões de ferro fundido com pares de lampadários para a novidade da iluminação a gás. Nos interiores foram redecorados
mais de 4000m2 de área, com destaque para os espaços do andar nobre: Sala de Entrada, Sala de Música, Sala de Visitas, Sala de Baile, Sala de Bilhar, Sala de Fumo e a Sala de Jantar.
Sousa Leal deve ter estreado a sua nova residência e parque
em 1888, justamente na época em que se lançava num grande novo empreendimento:
por contrato com o Governo aprovado em 4 de Junho de 1887 assumiu, juntamente
com António de Sousa Lara, o encargo de estabelecer carreiras regulares de
navios entre a Metrópole e as colónias em África. Foi constituída uma sociedade
constituída por 35 indivíduos e firmas comerciais sob a designação de Mala Real Portuguesa, de que Alfredo de
Sousa Leal era o principal capitalista.
JARDIM e PARQUE SOUSA LEAL
Para além dos cerca de 600m2 de jardim e pátios, Alfredo de
Sousa Leal comprou em 1885 o parque que se estende pela íngreme colina que vai
das traseiras do edifício até ao Torel. Toda esta área, que veio valorizar
muito o Palácio, recebeu um traçado orgânico de caminhos, canteiros e foi
plantada com palmeiras e diversas árvores ornamentais como era moda na época.
Referência ainda ao precioso Roseiral
que Alfredo de Sousa Leal cultivava com especial carinho no jardim formal atrás
do andar nobre do Palácio.
A Mala Real Portuguesa acabou por falir em 1891 e Sousa Leal perdeu mais de metade da fortuna que herdara de seu pai – uma perda que
não conseguiria recuperar. Os bailes e festas pararam e não vieram a dar-se no palácio
mais do que festas íntimas com poucos convidados. Em 1911, Alfredo de Sousa Leal abandona o palácio indo residir para um banal apartamento na Rua Andrade na freguesia dos Anjos.
PALÁCIO sede da
Administração dos CTT (1912-2010)
A 30 de Dezembro de 1911 assinava-se o contrato de
arrendamento do palácio à ADMINISTRAÇÃO
GERAL DOS CORREIOS E TELÉGRAFOS. Alguns dias depois Alfredo de Sousa Leal morre, a 5 de JANEIRO de 1912, com 57
anos. A viúva, D. Adelaide de Sousa Leal, viria a falecer em Janeiro de 1923.
Depois de ter sido vendido ao comerciante Joaquim dos Santos Lima em 1916, o paláciopassou para a posse dos CTT por doação na segunda metade do séc. XX. No final de 2010 a Administração dos CTT deixa o Palácio Sousa Leal passando a sua sede para um novo edifício no Parque das Nações em Lisboa. Actualmente restam na antiga sede histórica alguns serviços como a Provedoria.