Numa carta enviada a diversas entidades, nomeadamente à autarquia, a Liga dos Amigos do Jardim Botânico (LAJB) resume em sete pontos as suas preocupações relativas ao Plano de Pormenor para o Parque Mayer, Jardim Botânico e Edifícios da Politécnica e Zona Envolvente, embora considere que há "urgência de intervir na área urbana objecto deste plano de pormenor".
A Liga critica a prevista demolição de parte das estufas (de exibição, investigação e viveiristas), oficinas e armazéns, o que vai obrigar a encontrar alternativas de espaço dentro da área do jardim, que verá assim “diminuída a sua área de plantação”.
A LAJB considera também que não é viável a construção de um novo edifício de entrada do botânico no alinhamento da Rua Castilho, que “ocupa e impermeabiliza a totalidade da atual área dos viveiros” do jardim.
“O plano propõe que as ‘estufas’ passem para cima deste edifício”, é explicado na carta, salientando que “esta solução não é viável, porque as diferentes estufas de um Jardim Botânico têm características arquitetónicas e exigências de localização muito diversas”.
Os Amigos do Botânico realçam também que as estufas de investigação devem estar longe das entradas e circuitos de visitantes, junto dos laboratórios, enquanto que “as estufas de exposição ao público, onde se incluem plantas de grande porte, precisam de pé direito alto e localização central”.
Quanto à prevista construção de um estacionamento subterrâneo no subsolo do jardim em toda a área da entrada sul, a LAJB destaca que a abertura de caves “implicaria o abate de várias árvores da coleção viva” e compromete “a viabilidade de espécimes devido à limitação de desenvolvimento de raízes”.
Salienta que a proposta de edificação encostada à cerca pombalina do Jardim Botânico “resultaria em mais uma impermeabilização maciça e contínua em quase toda a envolvente de logradouros confinantes com o Jardim Botânico”, o que “inviabilizaria as intenções de manter um anel de proteção ecológica do jardim”.
Já a proposta do novo percurso pedonal que ligaria a Rua da Escola Politécnica à Rua do Salitre e ao Parque Mayer “implicaria a destruição de largos sectores da Cerca Pombalina e retiraria áreas decoleção viva”, além de implicar “complexas expropriações de áreas privadas”, acrescentam. Esta “crescente aproximação das construções” ao jardim “resultará num aumento da luz recebida”, alerta a associação, o que “agravaria a já prevista diminuição de circulação de ar, contribuindo para tornar o Jardim ainda mais seco e quente”. “Esta alteração micro-climática levaria à perda de espécies, que não suportarão as novas temperaturas, diminuindo a diversidade do Jardim e o seu efeito amenizador no clima da Lisboa histórica”, considera.
in jornal i, 28 de Julho de 2010
Foto: os muros e contrafortes da cerca pombalina do Jardim Botânico é uma das realidades patrimoniais mais desprezada e esquecida para o qual a LAJB tem vindo a chamar atenção.
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