A exposição dedicada à antiga Fábrica de Louça de Miragaia, patente no Museu Nacional do Azulejo, está repleta de referências botânicas: flores, frutos, folhas, árvores, plantas e até vistas de bosques exóticos pintados á mão por funcionários anónimos. Ficamos também a saber que a ilustre fábrica produziu elegantes peças de faiança (bustos, urnas, vasos) para decorar jardins.
«A Fábrica de Louça de Miragaia, fundada em 1775 por João da Rocha e pelo sobrinho João Bento da Rocha, foi uma das fábricas mais influentes na produção de faiança em Portugal entre a segunda metade do séc. XVIII e a primeira do séc. XIX. Os seus proprietários, que regressaram do Brasil para se instalar no Porto, onde aplicaram os seus vastos recursos angariados com o comércio do açucar e os navios, distinguiram-se na vida da cidade como homens de negócios e políticos. Sucedeu-lhes Francisco da Rocha Soares, também ele regressado do Brasil, que deu um grande impulso à fábrica, diversificando os mercados e os produtos. No início do séc. XIX, a fábrica de Miragaia esteve ligada às fábricas de Massarelos, de Santo António do Vale de Piedade e Cavaquinho, quer por laços familiares, quer por arrendamento.
O último proprietário, Francisco da Rocha Soares como o pai, destacou-se essencialmente pela sua intervenção política como liberal convicto. Durante a sua administração, promoveu uma maior industrialização da produção da fábrica, expandindo os negócios no continente e ilhas.
Ao longo dos cerca de setenta e cinco anos em que laborou, a fábrica de Miragaia teve uma produção considerável de peças em faiança, que podemos dividir basicamente em dois períodos. O primeiro entre 1775 e 1822 e o segundo entre 1822 e 1850, data em que deixou de ser explorada pela família Rocha e foi arrendada à firma Teixeira e Cª, no seguimento da falência do proprietário, Francisco da Rocha Soares.»
FOTO: Figura Decorativa para jardim - América. Faiança. Fábrica de Miragaia, 1830-1850 (colecção Eduardo Lencastre).
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