quarta-feira, 15 de junho de 2016

AS ÁRVORES E OS LIVROS - Eugénio de Andrade

Aos Jacarandás de Lisboa

São eles que anunciam o verão.
Não sei doutra glória, doutro
paraíso: à sua entrada os jacarandás
estão em flor, um de cada lado.
E um sorriso, tranquila morada,
à minha espera.
O espaço a toda a roda
multiplica os seus espelhos, abre
varandas para o mar.
É como nos sonhos mais pueris:
posso voar quase rente
às nuvens altas – irmão dos pássaros –,
perder-me no ar.

Poema de Eugénio de Andrade, In Os Sulcos da Sede, 2001

Foto: Jacarandás na Av. 5 de Outubro, Lisboa

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