A próxima sessão dedicada ao Património Científico Português terá lugar no dia 25 de Fevereiro, pelas 18 horas, mas, ao contrário do que é habitual, terá lugar na bela sala da Aula Maynense, na Academia de Ciências de Lisboa. A sessão terá como título "Sobre a Academia das Ciências de Lisboa e seu Património" e o orador convidado é o Professor Miguel Telles Antunes.
«A próxima edição do ciclo Seminários de Património Científico vai constituir uma oportunidade rara de conhecer o vastíssimo e riquíssimo património da Academia das Ciências de Lisboa. O Seminário será dado pelo Prof. Miguel Telles Antunes, actual responsável por esse património.
Na verdade, as importantes colecções da Academia - que vão desde a Física àAntropologia, à Arqueologia, História Natural, Cerâmica Oriental, Pintura, Escultura, Mobiliário - cobrindo os séculos XVIII, XIX e XX, são muito pouco conhecidas do público e, mesmo, da comunidade científica. Isto, claro, com excepção da biblioteca, que está diariamente aberta ao público.
Faz agora um ano, o Museu de Ciência da Universidade de Lisboa estabeleceu um protocolo com a Academia com o objectivo de organizar, preservar e tornar acessível a colecção de instrumentos científicos. Tirando o magnífico Gabinete de Física de Coimbra, esta é a maior e mais consistente colecção de instrumentos científicos do século XVIII existente em Portugal. Acresce quenão sofreu qualquer dispersão ao longo do tempo.
A parte correspondente à Física é mais bem conhecida, tendo sido estudada por Rómulo de Carvalho. No catálogo que fez (R. Carvalho, O Material didáctico dos séculos XVIII e XIX do Museu Maynense da Academia das Ciências de Lisboa. ACL, 1993), Carvalho catalogou 233 instrumentos. No entanto, desde que lá estamos a trabalhar, já encontrámos quase outros tantos, que não estavam inventariados (muito de Química). De resto, o material encontra-se muito disperso pelos espaços da Academia e frequentemente aparecem instrumentos 'novos'.
A origem do Gabinete de Física da Academia ainda se encontra largamente porestudar. Aquilo que sabemos é-nos sobretudo relatado por Rómulo de Carvalho neste e noutros livros. Resulta da combinação de dois gabinetes: o gabinetedo padre José Mayne (1780), que tinha instrumentos de física e o próprio gabinete da Academia das Ciências, cuja organização esteve aparentemente a cargo de Gerard Sant e Joan Joseph Solner, entre 1794 e 1799. O gabinete foi posteriormente enriquecido com material oitocentista adquirido para a Aula Maynense (1849-1919). É ainda provável que o Gabinete possua instrumentos de outras proveniências, nomeadamente da Casa Real. (...)
No Seminário da próxima 5a feira, dia 25, às 18 h, terão oportunidade devislumbrar este importante património, nos espaços magníficos da Aula Maynense, recentemente restaurada. A entrada é livre.
Dra. Marta Lourenço
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