Estes três prédios de rendimento foram destacados na recente exposição dedicada ao Arquitecto Ventura Terra (1866-1919) que esteve patente na Assembleia da República entre 26 de Março e 31 de Julho de 2009.
A exposição foi «uma homenagem da Assembleia da República ao autor do projecto original do Hemiciclo inaugurado em 1903». De facto, este será sem dúvida um dos mais importantes criadores de arquitectura para a jovem República Portuguesa, nomeadamente para a capital. Afinal, Ventura Terra foi candidato, e eleito, Vereador Republicano para a Câmara de Lisboa em 1908.
Os edifícios que projectou para Lisboa foram verdadeiros modelos, pois fundaram um padrão de qualidade que faltava à capital. Muitos construtores civis copiaram elementos da sua arquitectura ajudando assim a criar uma determinada imagem de prédios de rendimento nas primeiras duas décadas do séc. XX.
A exposição foi «uma homenagem da Assembleia da República ao autor do projecto original do Hemiciclo inaugurado em 1903». De facto, este será sem dúvida um dos mais importantes criadores de arquitectura para a jovem República Portuguesa, nomeadamente para a capital. Afinal, Ventura Terra foi candidato, e eleito, Vereador Republicano para a Câmara de Lisboa em 1908.
Os edifícios que projectou para Lisboa foram verdadeiros modelos, pois fundaram um padrão de qualidade que faltava à capital. Muitos construtores civis copiaram elementos da sua arquitectura ajudando assim a criar uma determinada imagem de prédios de rendimento nas primeiras duas décadas do séc. XX.
Lisboa já demoliu várias obras suas (ex: Av. António Augusto de Aguiar e Rua Duque de Palmela 35-37) mas ainda sobrevivem cerca de 26. Destas, algumas estão em sério risco de demolição como a Casa de Júlio Gualberto Costa Neves na Rua Rosa Araújo 37 e o conjunto de três prédios erguidos pelo republicano Joaquim dos Santos Lima na Av. da República 46 / Av. Elias Garcia 62.
A 11 de Julho de 2005 a CML, mais precisamente a Vereadora Eduarda Napoleão, aprovou a demolição integral dos interiores. Apenas ficam as fachadas principais pois as posteriores serão também demolidas.
Obras com projecto de 1906, constituiem exemplos raros dos prédios de rendimento de luxo da Av. da República. Os interiores, perfeitamente recuperáveis, são de grande qualidade espacial e construtiva. Apresentam tectos de estuques artísticos, paineis de azulejo Arte Nova e portas de madeiras exóticas. A entrada do prédio de gaveto, marcada com um grande arco de cantaria, é um trabalho notável. Após transposto o átrio circular (que se repete em todos os pisos), uma elegante escadaria elíptica ainda mantém o elevador de origem (que já teve oferta de compra da parte de estrangeiros!). Na fachada podemos observar barras de azulejos Arte Nova da famosa Fábrica das Devezas.
Vergonhosamente, e em vésperas do centenário da primeira vereação republicana, a CML aprovou a demolição destes imóveis de autor. A sua qualidade aquitectónica e construtiva foram ignoradas apesar da sua protecção estar consagrada na Carta Municipal do Património anexa ao PDM. Estes não são meros prédios de pato-bravo do princípio do séc. XX. São testemunhos do que melhor se fazia na capital da jovem República Portuguesa. São obras de Arquitectura criadas por Ventura Terra.
Mais do que lançar foguetes e tocar a banda, celebrar o centenário da República é salvaguardar testemunhos arquitectónicos notáveis, como este, para as próximas gerações.
Mas será que Lisboa vai passar pela vergonha extrema de assistir à demolição deste conjunto arquitectonico de Ventura Terra na Av. da República e no ano do centenário da República?
Fórum Cidadania Lx
NOTA: A Av. da República faz parte do primeiro edital de alteração de toponímia da vereação republicana datado de 5 de Novembro de 1910. A Câmara republicana alterou a toponímia de 10 arruamentos, substituindo os nomes das individualidades demasiado comprometidas com o regime anterior e os topónimos de cariz religioso por outros evocativos dos novos ideais republicanos. Da lista do primeiro edital fazia parte a Av. da República (para substituir a artéria até aí designada por Av. Ressano Garcia) e a Av. Elias Garcia (propagandista e jornalista republicano, para substituir a artéria até aí designada por Av. José Luciano).
FOTO: Os três prédios de luxo levantados por Joaquim de Santos Lima numa fotografia de c. 1910. Notar os jovens plátanos da avenida. Arquivo Fotográfico Municipal
3 comentários:
Uma mensagem muito oportuna. Para além do persistente desaparecimento do património edificado de Lisboa, a chamada de atenção para a arborização pública lembra dias em que esta avenida era pensada como uma verdadeira alameda verde, amena e destinada a ser vivida, em vez do alcatrão desértico que é hoje.
Muito obrigado pelo seu oportuno comentário. Tem toda a razão. A maior parte das árvores de alinhamento da Av. da República foram abatidas. Actualmente a avenida está transformada numa via-rápida. Já não tem o perfil de alameda como tinha sido pensada no início do séc. XX. A fotografia de arquivo mostra com muita clareza as duas placas arborizadas que existiam ao longo de toda a extensão da avenida. Hoje em dia restam pouco mais que duas dúzias de plátanos.
É chocante ler estas notícias. Porque razão o nosso país se compraz na destruição do seu património!? Agora já nem as obras dos arquitectos famosos escapam ao apetite voraz das imobiliárias?
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