terça-feira, 21 de agosto de 2012

Mais um atentado no Parque Florestal de Monsanto


Este magnífico exemplar, certamente da época de constituição do Parque Florestal de Monsanto (1934), ou mesmo anterior a ela, será provavelmente um dos muitos sobreiros que serão abatidos, não obstante pertencerem a uma espécie autóctone protegida pelos Artigos 43 a 51 da Secção I, do Capítulo II, do Decreto-Lei nº. 254/2009, se vier a concretizar-se mais um atentado perpetrado pela Câmara Municipal de Lisboa sobre o Monte Santo.
De facto, a Assembleia Municipal de Lisboa, no passado dia 31 de Julho de 2012, votou favoravelmente a proposta da Câmara Municipal de Lisboa, n.º 406/2012 permitindo a um privado a construção de mais um campo de Rugby dentro dos limites do Parque Florestal de Monsanto,que vem acrescer aos quatro já aí existentes.
O terreno para a construção, situado na Avenida dos Bombeiros, freguesia da Ajuda, com uma área de 18.378,20 m2, apesar de estar integrado no Parque Florestal de Monsanto, foi desafectado do regime florestal total pelo Governo, através do artigo 4º do Decreto-Lei nº 278/95 de 25 de Novembro, a pedido da Câmara Municipal de Lisboa, ficando destinado à construção de um estabelecimento de ensino que nunca foi construído. Seria agora uma boa altura para corrigir o erro então cometido, solicitando, a CML, a sua reafectação ao PFM, uma vez que cessaram os pressupostos que levaram à sua desafectação.
Assim não o entendeu a CML, que pretende agora ceder, em regime de direito de superfície, esta parcela de terreno à Federação Portuguesa de Rugby que por sua vez irá realizar uma parceria com a Associação XV – Associação dos Amigos do Rugby de Belém.
O Parque Florestal de Monsanto foi criado em 1934, pelo Decreto-Lei nº 24625 de 1 de Novembro, ocupando uma área de 1.000 hectares de mata com grande variedade vegetal, com os usos regulados pelo PDM de Lisboa e pelo Plano de Ordenamento e Revitalização de Monsanto.
Entretanto, uma vasta área do Parque Florestal de Monsanto, tem vindo a ser alienada e construída, muitas vezes sob o pretexto de utilidade pública, através de meros despachos, ou mesmo suspensão do próprio Plano Director Municipal, acções estas que têm contribuído para que o parque entretanto tenha perdido cerca de 20% da sua área inicial.
A área em questão, classificada segundo o PDM em vigor “Área Verde de Protecção ” a qual nos termos do artº. 80 do seu Regulamento “são áreas sensíveis sob os pontos de vista bio-físico ou de enquadramento paisagístico e ambiental de áreas edificadas ou de infra-estruturas” e por isso são áreas “non aedificandi”.
Também a riqueza da flora que tal espaço alberga, não só sobreiros como também cedros, pinheiros, etc., exige um processo de salvaguarda por parte dos Serviços da Autoridade Florestal Nacional.
A reafectação deste terreno ao PFM significaria, pela primeira vez nos últimos 30 anos, um processo de inversão da constante diminuição da área do Parque Florestal de Monsanto, um recurso cuja importância não se restringe aos habitantes de Lisboa.
Mas, conhecedores da política da Câmara Municipal de Lisboa em relação aos terrenos do Parque Florestal de Monsanto ( banco de terrenos baratos disponíveis para negócios ), temos muito poucas esperanças que tal processo de inversão possa vir a concretizar-se.
A Câmara Municipal de Lisboa é, presentemente, o maior inimigo da integridade do Parque Florestal de Monsanto, embora hipocritamente afirme o contrário: “Novas construções em Monsanto, jamais; Isso é obra do passado; Tolerância zero para novas impermeabilizações em Monsanto”. Haverá ainda quem acredite neste discurso?
Outras agressões se seguirão.
Conhecedores da posição da Câmara Municipal de Lisboa em relação ao Parque Florestal de Monsanto, gostaríamos agora de saber qual a posição da população de Lisboa quanto ao futuro do PULMÃO VERDE DA SUA CIDADE.
João Pinto Soares

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