O mais belo sorriso da Sétima Colina de Lisboa
Há notícias felizes com sabor a dia ganho. Ganhei o dia, e muito mais do que isso, ao saber da homenagem a Alexandra Escudeiro, planeada para a próxima quarta-feira, dia 3, pelas 18h00, no nosso Jardim Botânico da Sétima Colina. Haverá uma visita guiada por Fernanda Botelho, que foi aluna da Alexandra no Curso de Guias deste Jardim. Alexandra Escudeiro era um ser imensamente especial. Inesquecível o seu sorriso radiante, um sorriso franco e animado em permanência por paixões e descobertas. Paixões de vida eram, em primeira linha, as iniciativas de valorização e divulgação do Jardim Botânico. Fora de discussão se haveria um outro tão formoso no sistema solar e circunvizinhanças. Admirava-a. (Não ouso um vocábulo que seria verdadeiro mas eventualmente equívoco). Tanto que lhe dediquei um capítulo de um dos meus romances, incorporando na terceira edição do livro uma historieta maluca e cumpliciada com o apelido «Escudeiro». Como jornalista do “Diário de Notícias” beneficiei das suas sugestões de temas que deram interessantíssimas reportagens, algumas das quais publicadas com enorme destaque, porque o diretor ao tempo tinha um “fraquinho” pelos mistérios do mundo natural, circunstância que eu explorava com indecorosa matreirice…
Respondo pois à chamada e tentarei estar presente nessa visita-homenagem, na esperança de poder ter dois dedos de conversa com uma certa árvore brasileira, com brasão imperial, porém tagarela como nenhuma outra, com a qual a Alexandra e eu partilhámos segredos. Nessa época costumava vir ao nosso encontro o fundador Francisco Malagueta (professor catedrático, tratado em público, respeitosamente, por Conde de Ficalho), que passava o tempo todo a trocar correspondência com um amigo de além-mar, o Pedro das Barbas (idem, respeitosamente: Imperador Pedro II). Essa árvore havia sido, precisamente, oferta pessoal do Pedro das Barbas. Uma árvore não menos especial. Ao ver-me, sempre recria para os meus olhos velhos e sentimentais o sorriso mais belo da Sétima Colina. Só ela, essa árvore, consegue fazê-lo, talvez porque acolheu a Alexandra como parte integrante da sua contextura arbórea, da sua seiva, da alegria que as árvores transmitem quando estão felizes. PEDRO FOYOS
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