DATA: 28 de Abril - 10H (Largo do Convento da Encarnação)
GUIA: Historiador Anísio Franco
ORGANIZAÇÂO: Liga dos Amigos do Jardim Botânico
O Convento de Nossa Senhora da Encarnação foi construído no reinado de Filipe II de Portugal, na sequência da disposição testamentária da Infanta D. Maria (1521-1577), filha de D. Manuel I, em criar um Covento em Lisboa da Ordem de São Bento, sob a invocação de Nossa Senhora da Encarnação, «em sítio que melhor conviesse».
A Infanta D. Maria foi, segundo as crónicas, formosa, muito
culta, protectora das Artes e riquíssima - chegou a ser a mulher mais rica de
Portugal e uma das mais ricas da Europa graças à grande fortuna que a mãe lhe
deixou por via do seu segundo casamento com o monarca francês. Mas o
cumprimento do seu testamento só se realizou 40 anos mais tarde com a primeira
Prelada, ou Comendadeira Mestra, eleita pelo Rei, a prestar juramento a 5 de
Agosto de 1617. Foram comprados terrenos para edificar o novo convento a D.
Aleixo de Menezes, grande proprietário da encosta de Sant'Ana. O novo edifício
encostava-se à muralha da Cerca Fernandina, ficando uma das torres a servir de
mirante como hoje ainda. A inauguração foi no dia 15 de Setembro de 1630. Havia
25 freiras professas, comendadeiras de nomeação régia, sendo as restantes 37
religiosas «moças de côro». Também se recolhiam no convento viúvas de militares
ou senhoras cujos maridos andavam em guerra.
Um incêndio em 1734 queimou parte do edifício mas o Rei D. João
V ordenou logo obras de remodelação com certa largueza. O terramoto de 1755
castigou o conjunto mas em 1758 já estavam executadas as reparações necessárias
e as «nobilíssimas religiosas» voltaram a sua casa em coches que o Rei D. José
I pôs à disposição. Depois de 1834 foram realizadas algumas readaptações
funcionais dos espaços conventuais. A antiga igreja, cujo portal principal
ostenta ainda as pedras de armas da Infanta D. Maria, é a parte conventual onde
as reformas dos reinados de D. João V e de D. José I melhor se fazem sentir.
Datam da primeira metade do século XVIII os azulejos azuis e brancos
característicos do Ciclo dos Grandes Mestres lisboetas, o retábulo-mor, onde
interveio João Frederico Ludwig e as pinturas da capela-mor. Da campanha
pós-terramoto são as pinturas atribuídas a André Gonçalves ou oficina e parte
da nova estrutura arquitectonica do Convento.
O carácter de Recolhimento de Senhoras é o que ainda hoje
perdura na instituição, actualmente com gestão da Santa Casa da Misericórdia de
Lisboa. Na
visita da LAJB teremos o privilégio de ver a igreja, antigo lugar de cerimónias
religiosas de grande fausto realengo, com os belíssimos «Coro de Cima» e «Coro
de Baixo» e que constitui raro conjunto sobrevivente da Lisboa pré terramoto de
1755. Visitaremos a Portaria, escadaria nobre, corredores conventuais e o Claustro
com as suas formosas capelinhas e oratórios. Vamos ainda ver a antiga Cerca com
seu Laranjal, surpreendente espaço poético em pleno centro da cidade histórica.
Imóvel de Interesse Público (decreto nº 2/96, DR, I Série-B, nº 56, de 6-03-1996)
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