quinta-feira, 25 de abril de 2013

Visita Guiada ao Antigo Convento de Nossa Senhora da Encarnação em Lisboa


DATA: 28 de Abril - 10H (Largo do Convento da Encarnação)
GUIA: Historiador Anísio Franco
ORGANIZAÇÂO: Liga dos Amigos do Jardim Botânico

O Convento de Nossa Senhora da Encarnação foi construído no reinado de Filipe II de Portugal, na sequência da disposição testamentária da Infanta D. Maria (1521-1577), filha de D. Manuel I, em criar um Covento em Lisboa da Ordem de São Bento, sob a invocação de Nossa Senhora da Encarnação, «em sítio que melhor conviesse».

A Infanta D. Maria foi, segundo as crónicas, formosa, muito culta, protectora das Artes e riquíssima - chegou a ser a mulher mais rica de Portugal e uma das mais ricas da Europa graças à grande fortuna que a mãe lhe deixou por via do seu segundo casamento com o monarca francês. Mas o cumprimento do seu testamento só se realizou 40 anos mais tarde com a primeira Prelada, ou Comendadeira Mestra, eleita pelo Rei, a prestar juramento a 5 de Agosto de 1617. Foram comprados terrenos para edificar o novo convento a D. Aleixo de Menezes, grande proprietário da encosta de Sant'Ana. O novo edifício encostava-se à muralha da Cerca Fernandina, ficando uma das torres a servir de mirante como hoje ainda. A inauguração foi no dia 15 de Setembro de 1630. Havia 25 freiras professas, comendadeiras de nomeação régia, sendo as restantes 37 religiosas «moças de côro». Também se recolhiam no convento viúvas de militares ou senhoras cujos maridos andavam em guerra. 

Um incêndio em 1734 queimou parte do edifício mas o Rei D. João V ordenou logo obras de remodelação com certa largueza. O terramoto de 1755 castigou o conjunto mas em 1758 já estavam executadas as reparações necessárias e as «nobilíssimas religiosas» voltaram a sua casa em coches que o Rei D. José I pôs à disposição. Depois de 1834 foram realizadas algumas readaptações funcionais dos espaços conventuais. A antiga igreja, cujo portal principal ostenta ainda as pedras de armas da Infanta D. Maria, é a parte conventual onde as reformas dos reinados de D. João V e de D. José I melhor se fazem sentir. Datam da primeira metade do século XVIII os azulejos azuis e brancos característicos do Ciclo dos Grandes Mestres lisboetas, o retábulo-mor, onde interveio João Frederico Ludwig e as pinturas da capela-mor. Da campanha pós-terramoto são as pinturas atribuídas a André Gonçalves ou oficina e parte da nova estrutura arquitectonica do Convento.

O carácter de Recolhimento de Senhoras é o que ainda hoje perdura na instituição, actualmente com gestão da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Na visita da LAJB teremos o privilégio de ver a igreja, antigo lugar de cerimónias religiosas de grande fausto realengo, com os belíssimos «Coro de Cima» e «Coro de Baixo» e que constitui raro conjunto sobrevivente da Lisboa pré terramoto de 1755. Visitaremos a Portaria, escadaria nobre, corredores conventuais e o Claustro com as suas formosas capelinhas e oratórios. Vamos ainda ver a antiga Cerca com seu Laranjal, surpreendente espaço poético em pleno centro da cidade histórica.

Imóvel de Interesse Público (decreto nº 2/96, DR, I Série-B, nº 56, de 6-03-1996)

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