sábado, 12 de maio de 2012

«...numa sociedade que se deixou arrastar por um mercantilismo cego»


"De facto, estamos perante a superação de um entendimento já ultrapassado, segundo o qual as políticas de proteção, conservação e defesa do património se contrapunham às modernas políticas públicas da cultura, para as quais a economia e a coesão social têm tudo a ver com as ações dos criadores. A cultura não é um campo excêntrico no âmbito das políticas sociais. Está cada vez mais no centro da inovação e da criatividade. A crise financeira, cujos efeitos duramente sentimos, deve-se à especulação, à ilusão, ao imediatismo e à desvalorização da criação e da cultura. Compreendendo-se que aquilo que mais vale é o que não tem preço, numa sociedade que se deixou arrastar por um mercantilismo cego, pelo fundamentalismo do preço e pela lógica de casino, temos de entender que, longe de ser um luxo, a cultura (vista num sentido amplo, ligada à educação e à ciência) está no coração das políticas públicas contra a crise."
Guilherme de Oliveira Martins no Público de 18 Abril 2010
Foto: pintura a fresco no Palácio Pombal em Lisboa

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