quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O Nosso Bairro: Rua Rosa Aráujo 14-16

Rua Rosa Araújo, 14-16 torneja Rua Mouzinho da Silveira

Em 21 de Janeiro de 2009, foi chumbado em reunião de CML o projecto de alterações da Imonormandia - Sociedade Imobiliaria, Lda, 2028/EDI/2006, que consubstanciava a demolição integral dos interiores deste edifício na martirizada Rosa Araújo, bem como a sua ampliação em pisos recuados e o esventramento do subsolo para os inevitáveis pópós. Votaram contra na altura: PSD, PCP, JSF e CPL. Lisboa com Carmona absteve-se. Em 5.8.2011 entrou na CML o projecto de alterações 813/EDI/2011 do Imourbe - Fundo de Investimento Imobiliário Fechado. Como se supõe que melhoria, o projecto não deve ter tido, eis uma dupla curiosidade: Se vai a reunião de CML ou a mero despacho do vereador e qual a votação agora.

in Fórum Cidadania Lx

Nota: Também a LAJB tem vindo a acompanhar a degradação e abandono deste belíssimo exemplar da Arquitectura lisboeta datado de 1910. Infelizmente, 100 anos depois, os proprietários e a CML parecem desprezar este património arquitectónico.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Hortas Urbanas: «Hortas mais caras e com menos área na Quinta da Granja»

«Câmara de Lisboa espera concluir intervenção nos terrenos em Outubro. Gabinete do vereador José Sá Fernandes prepara proposta para baixar preços da renda definidos na nova tabela municipal

Nas mãos calejadas, João dos Santos leva os pimentos - viçosos, verdes e vermelhos - acabados de colher. Às 11 da manhã já este agricultor de 73 anos cumpriu duas horas de trabalho, debaixo de sol, na horta da Quinta da Granja de Baixo, em Benfica, Lisboa. Num terreno com cerca de 80 metros quadrados cultiva uma lista imensa de hortaliças e tem árvores de fruto carregadas. Está ali há quase 40 anos e até hoje nunca pagou nada por isso. A partir de Outubro, porém, o septuagenário e os vizinhos vão ter de pagar uma renda anual por cada parcela de terra, cujo valor ainda não está definido. Na horta já se ouvem as críticas e teme-se pelo futuro. A Câmara de Lisboa está desde Maio a remodelar as hortas da Quinta da Granja de Baixo e a refazer a divisão das parcelas. No final serão 38, cada uma com 175 metros quadrados e com acesso a pontos de água. Quem já ocupa os terrenos tem lugar garantido e a autarquia pretende abrir concursos para quem quiser cultivar os espaços livres. Mas o que mais preocupa os agricultores são os preços que poderão ter de pagar pelos terrenos, cuja ocupação era até agora gratuita. Em princípio, os hortelões estarão sujeitos à nova Tabela de Preços e Outras Receitas Municipais, em vigor desde Julho, que estabelece o pagamento de 1,50 euros por metro quadrado em terrenos com menos de 200 metros quadrados. Se assim for, João dos Santos terá de desembolsar uma renda anual de mais de 100 euros. Mas no gabinete do vereador dos Espaços Verdes, José Sá Fernandes, está "em estudo" a possibilidade de alterar os preços. Segundo a adjunta do vereador, Rita Folgosa, aquelas hortas vão ser classificadas como sociais, ou seja, reservadas a pessoas carenciadas que se dedicam ao cultivo para subsistência, o que justifica a aplicação de preços mais baixos. No entanto, a proposta tem antes de ser aprovada em reunião de câmara. Ao "senhor João" - é assim que é cumprimentado pelos vizinhos - uma técnica municipal disse já que a renda ia ser de 50 euros por ano, mas não deu certezas. "Acho muito caro, são dez contos. Ainda por cima, se não fôssemos nós, os terrenos estavam ao abandono", critica.

Um abrigo para quatro

Uma grande parte das pessoas que cultivam a Quinta da Granja de Baixo está reformada, em situação de pré-reforma ou desempregada. "Ao todo somos uns 12 e pelo menos seis trabalharam na polícia", conta João dos Santos, que é também reformado da polícia municipal. É natural de Almeida, do distrito da Guarda. Foi daí que transportou o "bichinho" da horta para Lisboa, onde se casou. Como nas aldeias, na quinta quase todos se conhecem. João dos Santos sabe de cor o nome dos vizinhos, sobretudo dos que estão ali desde o 25 de Abril de 1974, a convite do antigo proprietário da quinta, da família Canas da Silva, que mantém a Quinta da Granja de Cima. "O antigo dono é que pediu para ocuparmos isto, para não se encher de barracas", afirma. Em vez de barracas, o terreno com mais de um hectare foi-se enchendo de couves, batatas, abóboras, cebolas, tomates, feijões, ervas aromáticas e girassóis altos que se destacam no meio do verde. Aqui e ali, erguem-se pequenos barracões onde os hortelões guardam ferramentas e algumas colheitas. Há até uma casa de banho improvisada. O barracão que João dos Santos construiu é que já não existe. "Deitaram tudo abaixo, até as minhas figueiras, para fazer um jardim", lamenta. Mas as cedências que teve de fazer à câmara por causa das obras não ficam por aqui. Há cerca de dois meses, as retroescavadoras avançaram sobre um bocado sua parcela. "Tive de arrancar as batatas todas para poderem passar", recorda com mágoa. As máquinas abriram caminhos, remexeram nas terras da colina que fica por detrás e substituíram o muro, que tinha sido arranjado no ano passado, por uma parede de pedras envoltas em arame. A autarquia pretende construir pequenos abrigos de madeira, destinando um para cada quatro agricultores. No caminho junto à parede de pedras já foi instalado um abrigo, que não tem mais do que seis metros quadrados. "Estamos todos contra, porque não chega para quatro pessoas. Eu tenho muitas batatas e abóboras. E agora, levo tudo para casa?", questiona João dos Santos. "Isto é para quatro?", diz João Conceição, outro agricultor, de 58 anos, reformado da polícia. Aponta para o abrigo e ri-se, com ironia. João Conceição não estava em Lisboa quando a câmara municipal começou as obras. "Quando cá cheguei, o senhor João é que me disse que eles já tinham andado aí e que deitaram tudo abaixo. Disseram que vinham depois falar comigo, mas ainda não vi ninguém", reclama. O terreno que João Conceição cultivava há mais de 15 anos está lavrado, as hortaliças desapareceram e ninguém o avisou. Espera agora pela reunião marcada para Setembro, entre os hortelões e os responsáveis da câmara, para saber o seu futuro. Enérgico, João Conceição gesticula e continua com as críticas. "Então e se vem para aqui uma pessoa de que a gente não gosta, como é que se faz? Olhe que às vezes há aqui desavenças", avisa, dando como exemplo algumas lutas pela água do poço e da mina que abastece os terrenos. "Isto tem água que chegue, mas no Verão alguns abusam." Na semana passada, seis mangueiras ligavam os terrenos à mina, que estava praticamente sem água. "Antes, só cá estavam três mangueiras", nota.

Ao lado do Colombo

As ferramentas de João Conceição ainda estão guardadas na casa de tijolo construída ao pé do poço. "Fui eu que lhe pus o telhado, quando para cá vim", sublinha. Não quer largar a quinta por nada e nem se importa de pagar. Até prefere que a câmara ponha ordem na ocupação. Mas vaticina: "Quando for para pagar, alguns vão sair, isso é certinho." Joaquim Nabais, de 61 anos, é outro dos agricultores resistentes. Cultivava há dez anos uma parcela da quinta que teve de abandonar em Maio, a mando da câmara. "Enviaram-me uma carta para casa a dizer que tinha de sair." Acatou a ordem e foi-se instalar num bocado de terra "emprestado pelo senhor Carvalho". É carpinteiro, mas está desempregado e as hortaliças que cultiva fazem a diferença na factura mensal da alimentação. "Quando estiver tudo pronto, volto para o meu lugar", afirma. Por agora, ainda andam por lá as máquinas a remexer a terra. Além de requalificar as hortas, a autarquia está a acabar o parque urbano da Quinta da Granja, que fica paredes-meias. Tem já um quiosque com esplanada, é atravessado por uma ciclovia e por um passeio pedonal, pontuado por bancos de madeira. Quem aproveita o dia de Verão para passear no parque com vista para as hortaliças até esquece que do outro lado das pequenas colinas que ladeiam o jardim está o centro comercial Colombo. Na terra de João dos Santos, ninguém acredita. "Como é que tens uma horta no meio da cidade?", perguntam-lhe. "Lisboa não é só betão", responde.» In Público (29/8/2011)

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

«Uma casa para os Artistas»

"Os Artistas Unidos vão ter um teatro: dentro do Jardim Botânico. O fim da vida sem-abrigo É MUITO bonita, um luxo mesmo, a casa que finalmente, após nove anos sem tecto, os Artistas Unidos encontraram. É quase perfeita. «Mas é a bilheteira o sítio mais importante», garante Jorge Silva Melo, o director artístico da companhia de teatro que fundou há quinze anos e que, em Agosto de 2002, perdeu o espaço de A Capital. «Há uma frase de uma agente literária inglesa, Peggy Ramsay, que dizia que o box office é a única coisa romântica que há no teatro».

Silva Melo concorda com a definição, no que ela se refere ao romantismo como abandono ao destino: a caixa registadora não se enche se chove ou se há um derby, por exemplo. A bilheteira, no Teatro da Politécnica, é um balcão preto, como é o interior das duas belas salas de espectáculos arquitectadas por Patrícia Barbas, onde foi respeitada a arquitectura oitocentista de pavilhão de jardim, no espaço que esteve muitos anos a servir de cantina à Faculdade de Ciências. Janelões robustos em ferro que deixam ver a vegetação do Jardim Botâncio, na rua da Escola Politécnica, e que durante o dia vão permitir aos actores «essa coisa maravilhosa de podermos ensaiar com luz do dia». E serão estes janelões o ícone dos Artistas Unidos que abandonaram a condição de sem-abrigo. A sala principal, a que só falta pintar o tecto, pôr os projectores e colocar a régie e a bancada de 110 lugares, rege-se pelo modelo clássico, «tudo como deve ser». Uma cena e uma plateia, frente a frente.

A partir de 19 de Outubro, data da inauguração, nesta sala haverá espectáculos em permanência. Não se Brinca com o Amor, do Alfred Musset, é a peca inaugural «É um texto de 1830, que em princípio não seria para este espaço porque pensei fazer aqui, sobretudo, dramaturgia contemporânea». A peça fará uma digressão em Setembro antes de chegar triunfal a casa. E foi escolhida pelo seu carácter de 'à frente do seu tempo': «Em 1830, nenhum teatro ousou encená-la porque era demasiado complexa para os meios técnicos da altura». Estrearia 70 anos após a morte do autor. «Arrancamos com uma peça do chamado 'Teatro Impossível', que é muito o que gostaríamos de fazer aqui: as peças que mais ninguém quer, as peças que foram recusadas, muitas vezes de autores nossos contemporâneos». A Farsa da Rua W, do irlandês Enda Walsh, é o espectáculo que se segue, a 30 de Novembro.

A sala contígua, com o mesmo tamanho, que não terá equipamento fixo, será inaugurada com uma exposição de esculturas em aço de Angelo de Sousa, recentemente falecido. E nesta sala de ambiente tropicalista (vê-se ao fundo as palmeiras) serão feitas palestras, cursos, exposições e espectáculos mais experimentais, para não mais de 30, 40 espectadores. Aí estreará em Janeiro, Herodíade, uma peça de Giovanni Testori «um autor católico de que gosto muito, cujo texto vai ser editado na Assírio & Alvim». Em Fevereiro, a 'Sala das Janelas', assim designada pela grande exposição à luz natural, terá uma exposição de Costa Pinheiro. E no varandim nas traseiras desta sala, entre Março e Outubro, «vamos ter óptimas salas de trabalho, em pleno ar livre, trazemos para aqui os computadores. Vai ser óptimo». É aqui que Silva Melo pretende passar grande parte do dia, das 9h da manhã, porque mora perto, até às 21h, porque se deita cedo, mas gosta de ver a entrada do público, «para ver se vêm muitos», brinca.

Horários à inglesa

Como as salas não podem ter espectáculos em simultâneo, por causa da contaminação de sons, na 'Sala das Janelas' os espectáculos são às 19h, o que se justifica nesta zona «onde as pessoas podem ainda disfrutar do ar livre e do jardim». Um horário de teatro à inglesa. Ao fim do dia de trabalho. «E depois, nos dias de estreia podemos sair todos contentes para cear e comer rosbife, ou suicidarmo-nos se a coisa correr mal». E essas estreias rompem com a tradição portuguesa: serão às quartas, não às quintas. As matinés, «que são importantes para um público da minha idade, que já não está para sair à noite», diz Silva Melo, passam a ser sábado às 16h, havendo outro espectáculo às 21h. O que permite que o público aproveite o comércio local da Rua da Escola Politécnica cheia de cafés e lojas trendy. Ao domingo, respeita-se o descanso católico. Durante três anos, renováveis, o Teatro da Politécnica tem estes locatários, que pagam à Reitoria da Universidade de Lisboa uma renda anual de 40 mil euros. Para satisfazer o senhorio, os fornecedores e garantir o pagamento a uma média de 30 pessoas por mês (só 12 fazem parte da companhia em permanência), a empresa Artista Unidos tem que manter a bilheteira a funcionar bem. «Os bilhetes são a 10 euros, um preço muito justo, e vamos tentar evitar a praga dos convites. Toda a gente quer vir ao teatro com convite, mas não se importam de pagar o café». A companhia tem um apoio quadrienal do Ministério da Cultura (que está no fim) e um outro atribuído à compra de equipamento, mas que ainda não foi entregue. A Gulbenkian apoia a compra da bancada da sala principal e a Câmara Municipal de Lisboa entrega 30 mil euros ano para actividades. Para tudo dar certo, os actores são também faz-tudo. Discutem as obras, tratam da contabilidade, e vão ser eles a limpar o chão e as casa-de-banho, tarefas que «dão-nos descanso». «Acho isso muito interessante. No teatro tudo nos interessa Quando estive na Cornucópia, fui durante um ano bilheteiro e posso dizer que adorei».

O fim da vida de cuco

Dos nove anos a saltitar para os palcos dos outros, Silva Melo não faz um resumo de misérias. Diz que é «doutor olissiponense», porque conhece tudo o que é barracão, teatro abandonado, casa caída da Câmara que nem a Câmara sabe que lhe pertence. «Foi uma experiência fantástica, ficámos treinados para trabalhar em quaisquer condições. E foi um prazer sermos convidados para a Guilherme Cossoul, para o Teatro Nacional, para o São Luiz, mas teve um revés: andámos, como os cucos, a pôr ovos nos ninhos dos outros. A levar espectadores a outras casas e perdemos um sítio que nos identificava». Agora numa casa própria, vão poder «retomar a conversa com o nosso público, fazer peças de repertório mais clássico, ou mais experimentais, mudar horários de sessões se os nossos espectadores assim o quiserem». E o encenador diz que recuperou o sentido de orientação: «Quando acordo já sei para onde vou». É atravessar a rua e entrar num sítio com ressonâncias familiares: «Toca-me vir para este antigo teatro, fundado em 1907, que se tornou uma cantina de estudantes e onde eu, em 65, 66 fiz alguma conspiração política: ficávamos no jardim a dizer mal de Salazar». E foi uma altura culturalmente renovadora. «Nikias Skapinakis expôs aqui pela primeira vez e o Rui Mário Gonçalves fez a primeira conferência sobre a arte abstracta em Portugal. Estas histórias interesssam-me»." In Sol (26/8/2011)

Nota: «Uma casa para os Artsitsas», um Jardim Botânico sem Cafetaria-Loja...

Visita Guiada: A Biodiversidade na Cidade

Dia 6 de Setembro - 10h00
A Biodiversidade na Cidade
Com Ireneia Melo

Imagine que tem calçadas umas ‘botas de 7 léguas’ e embarque numa viagem num percurso de 2 horas. Vamos conhecer as cicadófitas, plantas que representam floras antigas, na maioria já extintas, e que fazem parte da flora protegida de regiões sul americanas, asiáticas e africanas. A Ginkgo biloba, originária da distante Ásia, já existia quando os dinossauros dominavam a Terra e agora embeleza muitas ruas de Lisboa. Da mesma área é o Ophiopogon japonicus que ajuda a cobrir os canteiros do Jardim, a Mahonia japonica e a Hydrangea macrophylla. Num salto chegamos à Austrália e desco­brimos uma grande figueira tropical, Ficus macrophylla, e a Araucaria bidwillii, com ‘pinhões’ comestíveis do tamanho de amêndoas! As espécies de Strelitzia e de Agapan­thus estão entre os representantes africanos e, da América do norte, podemos ver, entre outras, a Catalpa bignonioides. Descemos para a América do Sul e encontramos a Acca sellowiana, cujos frutos estão agora na moda. Não podemos deixar passar a região macaronésica e admirar os grandes exemplares de dragoeiro, Dracaena draco. É tempo de voltar a casa, à região mediterrânea, e marcar encontro com o medronheiro, Arbutus unedo, o azevinho, Ilex aquifolium, e o acanto, Acanthus mollis, fonte de inspiração para escultores desde a antiguidade.

As inscrições para estas actividades têm número limitado e fazem-se, exclusivamente, através da página da Ciência Viva em: http://www.cienciaviva.pt/veraocv/2011/

FOTO: Strelitziaceae reginae na Classe do Jardim Botânico

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Encontrada planta dada como extinta em Portugal

Doutora Ireneia Melo solicitou a transmitição da seguinte mensa­gem:

Foi encontrada uma planta, Cyperus distachyos, espécie mediterrânea dada como extinta para Portugal e que voltou a ser observada no sul do país, confor­me o artigo


A exsiccata de testemunho foi depositada no nosso Herbário LISU.

A Cristina Taulegne Gomes, colaboradora do Banco de Sementes, é uma das autoras do artigo.

Nota: Boas notícias o facto de se ter observado esta planta em novas localidades portuguesas setenta anos após a última colheita!

domingo, 21 de agosto de 2011

Jornadas Europeias do Património 2011: Património e Paisagem Urbana

Jornadas Europeias do Património 2011
23, 24 e 25 de Setembro de 2011
Património e Paisagem Urbana


Nos dias 23, 24 e 25 de Setembro celebram-se, em Portugal, as Jornadas Europeias do Património, este ano sob o tema PATRIMÓNIO E PAISAGEM URBANA. Tal como nas edições dos anos anteriores, o IGESPAR, enquanto coordenador nacional, convida todas as entidades públicas e privadas que de algum modo estejam relacionadas com o Património, a associarem-se a esta acção.

As Jornadas Europeias do Património são uma iniciativa anual do Conselho da Europa e da União Europeia, que envolve cerca de 50 países, no âmbito da sensibilização dos cidadãos europeus para a importância da salvaguarda do Património. Neste sentido, cada país elabora anualmente, um programa de actividades a nível nacional, a realizar em Setembro, acessível gratuitamente ao público.O IGESPAR IP, enquanto coordenador nacional das JORNADAS EUROPEIAS DO PATRIMÓNIO, propõe para 2011 o tema “PATRIMÓNIO e PAISAGEM URBANA”, pretendendo assim sensibilizar os cidadãos para a necessidade de proteger e valorizar as características da paisagem, nas cidades, vilas e aglomerados urbanos, entendida no seu sentido mais amplo. Património e Paisagem Urbana são indissociáveis, a partir do momento em que a ideia de paisagem urbana é abrangente e reflecte todos os valores sociais, naturais, culturais, urbanísticos, arquitectónicos e arqueológicos que aí se encontram. O Património e a Paisagem Urbana, nas suas múltiplas manifestações, documentando a história e o desenvolvimento da sociedade, contribuem, decisivamente, para a diferenciação de identidades. As cidades, vilas e aglomerados urbanos são recursos únicos que têm de ser protegidos e valorizados, apesar dos problemas que lhes são inerentes por serem organismos em constante transformação, como a desertificação dos centros históricos e tradicionais e a tendência para a descaracterização.

Com o objectivo de incentivar o conhecimento e a salvaguarda do Património das Cidades, nas JORNADAS EUROPEIAS DO PATRIMÓNIO 2011, o IGESPAR IP convida e propõe às entidades que se associam a esta iniciativa, a implementação de acções e actividades que proporcionem ao público a sua vivência, estimulando a aproximação física e emocional das pessoas aos monumentos, conjuntos e sítios.

Com a finalidade de oferecer um leque vasto de actividades atractivas para o público, numa estratégia de investimento na identificação das comunidades com o património, o IGESPAR IP convida assim todos os todos os Municípios, entidades públicas e privadas e, sobretudo, todas as instituições que partilham a responsabilidade do conhecimento, protecção e valorização do património e da paisagem a associarem-se a esta iniciativa.

Exemplos de actividades culturais– visitas guiadas e temáticas;-exposições temáticas;- realização de workshops, palestras, conferências, debates e seminários;- espectáculos artísticos (música, dança, teatro, circo, teatro de marionetas/fantoches);- exposições de artes plásticas e visuais;- concertos e apontamentos musicais (música antiga e contemporânea);- animações de rua, recriações e encenações históricas;- maratonas fotográficas;- sessões de leitura;- rotas patrimoniais, itinerários culturais, peddy papers e rally papers;- ateliers lúdicos e oficinas pedagógicas;- jogos tradicionais, de época e jogos de descoberta;- feiras e festivais;- lançamento de publicações;- exibição de documentários, filmes.

Contactos: Carla Lopes - calopes@igespar.pt Teresa Mourão - tmourao@igespar.pt Deolinda Folgado - dfolgado@igespar.pt

Foto: Largo da Igreja de S. Mamede

terça-feira, 16 de agosto de 2011

HORTUS CONCLUSUS: Peter Zumthor

Hortus Conclusus

'A garden is the most intimate landscape ensemble I know of. It is close to us. There we cultivate the plants we need. A garden requires care and protection. And so we encircle it, we defend it and fend for it. We give it shelter. The garden turns into a place. Enclosed gardens fascinate me. A forerunner of this fascination is my love of the fenced vegetable gardens on farms in the Alps, where farmers’ wives often planted flowers as well. I love the image of these small rectangles cut out of vast alpine meadows, the fence keeping the animals out. There is something else that strikes me in this image of a garden fenced off within the larger landscape around it: something small has found sanctuary within something big. The hortus conclusus that I dream of is enclosed all around and open to the sky. Every time I imagine a garden in an architectural setting, it turns into a magical place. I think of gardens that I have seen, that I believe I have seen, that I long to see, surrounded by simple walls, columns, arcades or the façades of buildings – sheltered places of great intimacy where I want to stay for a long time.'

Peter Zumthor

May 2011


Serpentine Gallery Pavilion 2011

Designed by Peter Zumthor

1 July – 16 October 2011

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O exemplo da Holanda: Hortus Botanicus Leiden

Wherever I look, gardeners have been putting “big society" projects into action, even before the UK government came up with the phrase to promote its flagship policy idea of “taking power away from politicians and giving it to people”. First I found one in action at London’s Chiswick House. Now I have found spectacular examples in the Netherlands. My advice to the government is simple as it starts to wonder if its big society is going to be big enough: go Dutch.

In Leiden (twinned with my home, Oxford) gardening is ahead of the new social game. The Botanic Garden is one of the city’s distinctions, the garden of the great botanist and gardener Clusius in the 16th century. His namesake, Tulipa clusiana, is the lovely pink and white striped Lady Tulip and in Leiden it is just about to flower. It is one of the Clusius plants in the garden’s front court, which has recently been restored as a tribute to Clusius’s original design. Narrow wooden-edged beds contain plants that the great botanist knew or named. The paths are laid out like the four rivers of Paradise, the botanical garden’s original symbolism. On a grey, wet Dutch morning it looks a bit surprising but there is no mistaking the care with which the beds have been weeded and planted. The entire garden is so much tidier than when I first studied it in 1993.

In the shelter of the tea-rooms I cornered the redoubtable Carla Teune and asked her what had happened. Carla served as the Hortulana, or head of the garden, until 2004 when reforms forced the over-60s to retire. Carla handed over to Paul Kessler, a long-standing employee in the garden’s herbarium who had moved to Leiden from his native Germany. She then made retirement into an asset. There have been changes, she advised me, but above all “we now use volunteers”. On Tuesday mornings, from April 26 until October, 40 Dutch volunteers report to Carla and are distributed to weed and tidy parts of the garden most in need of care. They free the professional staff for other tasks and, just as at Chiswick, they are the icing on a pre-existing cake. No wonder there are no weeds in the Clusius beds: the volunteers have pulled them all out.
Admittedly they have Carla in charge, one of the most practical and clear-minded public gardeners, as I realised when I first interviewed her nearly 10 years ago. In 1998, she was struggling with the Botanical Garden’s maintenance and decided to contact the Leiden Garden Club. Six volunteers turned up and now there are 40. Carla, in her late sixties, has lost none of her energy. Her oldest volunteer is a lady aged 81 but she rises admirably to Carla’s challenge. The one problem is the gender balance: 36 of the volunteers are female and only four are men. Carla is aiming to narrow the gap. “Only gentlemen I accept,” she told me briskly. I began to wonder if I would qualify.

The Botanic Garden, she then revealed, is only part of her voluntary career. She is also chairman of the Leiden Schools Gardens, where volunteering is on an even bigger scale. Leiden’s Schools Gardens scheme began nearly 80 years ago. Twelve schools in the city participate and between them offer 625 little plots of ground in Leiden for cultivation by their Dutch schoolchildren, mostly aged between 10 and 12. By 2000, the school-plots were falling into disorder and the entire scheme needed a new grip.

Carla and her team provided it. They recruited 60 adult volunteers to help to perpetuate the school tradition. The role of the adults is to guide and instruct the children and encourage them to sow and grow the right crops. In 2004, the Leiden city authorities were considering closing the scheme altogether and abolishing the green plots. They reckoned without Carla and her team. They dressed up their young gardeners as anything from piglets to beetroots and demonstrated for their future, bringing 600 children to sing prearranged songs and influence the council. They succeeded and Carla is now chairman of a formal board with a budget of some £20,000 a year and a manager, Marian Kathmann, who studied botany at university.

The Hague, Amsterdam and other Dutch cities have similar school garden schemes and in one such place Carla’s stepson, Tjerk, is now mayor. His city, Vlaardingen, has been named the greenest city in the Netherlands. Does all this gardening help the multicultural ideal that the Netherlands used to publicise? In Leiden a plot in the north of the city has been taken over by Moroccan women who cultivate their own vegetables. Pupils of all backgrounds take to gardening, the most inclusive of crafts. Our picture shows a young Dutch girl of Peruvian origin whose green vegetables are so much healthier than mine. The scheme has even branched out to include an old people’s home with a garden plot. Once a year the director treats the workers to what Carla calls a “hotch-potch dinner”, made from the garden’s produce.

In Dutch-English, even “veeding” does not sound like a chore. Do Dutch pupils try to use the ground for greenery that has narcotic, Amsterdam-like properties? Certainly not, Carla retorted, “but we try to steer the young ones from planting difficult things like beetroot. This year, the signature crop is sunflowers.” I envy the young sunflower-growers their soil. Leiden lies on seven islands in the Rhine and the earth is naturally the most luscious dark loam. The waterways, meanwhile, are a barrier to the menace of uninvited wildlife.

On one morning a week, the volunteers spread out under the direction of a senior volunteer and a schoolteacher. Many of the plots have their own little house in which tools and clothing are kept. The system is well rooted in a Dutch view of growing up in a city but it has needed the co-ordination of volunteers to make it work. Even in their school holidays, some of the children return regularly to cultivate their plots.

In short, Leiden is a pointer to how community schemes can work. There is one important proviso: “volunteers” are paid a small fee, a reward Carla sees as crucial. I told her that in Britain this sort of scheme is now being named the “big society.” “How nice,” she replied. If the prime minister starts to despair of the attacks on his slogan, he should visit the Netherlands, take a spade and enjoy being appreciated.

Dutch dig big society
By Robin Lane Fox
Financial Times, 15 de Abril de 2011

Jardim Botânico de Leiden: http://www.hortusleiden.nl/

domingo, 14 de agosto de 2011

VINDIMAS NA TAPADA DA AJUDA!

VINDIMAS NA TAPADA DA AJUDA

Venha vindimar na única vinha de Lisboa. As uvas da Tapada da Ajuda estão prontas para colheita, e precisamos da sua ajuda. Participe com o seu trabalho voluntário nas vindimas e (re)viva as actividades do campo em plena cidade. Para se inscrever como voluntário (só dias úteis), por favor envie-nos um mail para botanicoajuda@isa.utl.pt com o seu nome, contacto e dias disponíveis para nos ajudar, em Agosto.

Aguardamos a sua inscrição, e agradecemos antecipadamente.

Até ao lavar dos cestos é vindima!

Local da vindima: Tapada da Ajuda, Lisboa

Contacto: botanicoajuda@isa.utl.pt ou 21 362 25 03

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

As Árvores e a Cidade: Lodãos na Av. Sidónio Pais

Árvores (Celtis australis) de alinhamento na Avenida Sidónio Pais: esperemos que a abertura para breve do ramal do túnel do Marquês de Pombal a CML não vá abater ainda mais lodãos nas Avenidas Novas, zona já tão sacrificada pelas ideias obsoletas da engenharia de tráfego!

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Regulamento Municipal de Proteção de Espécimes Arbóreos e Arbustivos

Na última reunião da Assembleia Municipal de Lisboa foi aprovada por maioria a proposta n.º 257/2011 relativa ao “Regulamento Municipal de Proteção de Espécimes Arbóreos e Arbustivos”.

REGULAMENTO MUNICIPAL DE PROTECÇÃO DE ESPÉCIMES ARBÓREOS E ARBUSTIVOS, INDIVIDUALMENTE OU EM CONJUNTOS

O presente regulamento surge da necessidade de proteger as plantas na cidade, uma vez que estas contribuem para a manutenção da qualidade do ambiente urbano em particular mas também do ambiente global e enquadra-se na necessidade de regulamentar uma área que vem carecendo de atenção, não se encontrando plasmados em outros Regulamentos Municipais, inclusive o PDM. A necessidade de salvaguarda da Biodiversidade em meio urbano, revelada através da Convenção da Biodiversidade e do Ano Internacional da Biodiversidade que decorreu em 2010 apontou para a necessidade de proteger alguns ecossistemas (plantas e conjuntos de plantas) cuja importância biológica ou ecológica seja rara, notável no contexto, ou pedagogicamente importante. Com efeito os vários espécimes arbóreos, arbustivos ou de outros elementos vegetais, de espécies autóctones ou alóctones, raras, ou que pelo seu porte, idade, conformação, ou localização, constituem referências culturais e paisagísticas existentes na cidade, não dispõem de qualquer critério sistematizado que permita equacionar o grau de protecção a que devam estar sujeitos. Esses espécimenes podem encontrar-se isolados ou em conjuntos (designadamente em alinhamentos, alamedas ou maciços). Até hoje a protecção dos espécimes arbóreos foi largamente dependente do articulado do Decreto-Lei n.º 28 468/1938, de 15 Fevereiro, não tendo o Município procedido à regulamentação de outras medidas de protecção.

A Norma de Granada apenas procede à valoração de danos em espécimes. Neste sentido procura-se com o presente Regulamento criar mecanismos capazes de dificultar a diminuição da biomassa vegetal na cidade o que indirectamente a faz perder qualidade de ambiente, criando critérios sistematizados que sirvam como ferramenta aos serviços municipais nas tarefas que se prendem com a tomada de decisão referente a acções de classificação e protecção de especímenes arbóreos, arbustivos ou de outros elementos vegetais.

O Município tem atribuições em matéria de classificação e protecção de património natural a nível local nos termos do disposto no artigo 29/3 da Lei n.º 11/87 - Lei de Bases do Ambiente, e n.º 2 do artigo 14.º, n.º 6 do artigo 15.º e n.º 2 do artigo 44.º da Lei n.º 107/2001 - Lei do Património Cultural.

O projecto do presente Regulamento foi submetido a apreciação pública, nos termos do disposto no artigo 118º, do Código do Procedimento Administrativo.


Foto: Dragoeiro no logradouro de um imóvel na Rua do Salitre. O levantamento de espécimes notáveis nos quintais e jardins dos bairros históricos está ainda por fazer - e não é possível proteger aquilo que não se conhece.