terça-feira, 31 de março de 2009

Debate Público sobre Lisboa: dia 4 de Abril

Amigo(a):

No âmbito da preparação das eleições autárquicas de 2009 a CDU de Lisboa, vai organizar no próximo dia 4 de Abril pelas 14:30 no Fórum Lisboa (Av. de Roma, 14) um debate aberto a todos os que desejem contribuir para um programa eleitoral que reflicta propostas concretas, para a resolução dos problemas de Lisboa. Temos o prazer de o(a) convidar a estar presente nesta iniciativa e apelar à sua participação, contribuindo para melhorar e aproximar mais as propostas da CDU daquilo que são as necessidades da população da Cidade.

O coordenador do Grupo de Trabalho para o Ambiente e Espaços Públicos,

Carlos Moura

FOTO: Um dos problemas ambientais de Lisboa - muitos kilómetros de arruamentos por arborizar. Por exemplo, todas as ruas do Bairro dos Actores (planeado na década de 20 do séc. XX) ainda não têm uma única árvore. Fotografia tirada em Março de 1941 por Eduardo Portugal (1900-1958). Arquivo Fotográfico Municipal.

segunda-feira, 30 de março de 2009

I Encontro Nacional de História da Ciência

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior lançou em 31 de Janeiro p.p. um programa de estímulo ao desenvolvimento da História da Ciência em Portugal e de valorização do património cultural e científico do País, compreendendo a formação avançada, em Portugal e em instituições estrangeiras, assim como o reforço e articulação em rede de grupos e instituições científicas e o desenvolvimento de programas de investigação e o apoio à preservação, classificação e estudo de acervos documentais e de arquivos de Ciência em Portugal. Estas iniciativas serão promovidas através da Fundação para a Ciência e Tecnologia, FCT.

O programa História da Ciência em Portugal inclui ainda, entre outros objectivos, o estímulo a uma rede efectiva de cooperação temática em História das Ciências através da organização sistemática de um encontro anual de História da Ciência em Portugal que permita, através do diálogo especializado e plural, traçar o estado da questão e fundar redes e parcerias para a definição de estratégias prioritárias e alianças internacionais.

O encontro será promovido pela FCT e pelo Centro Científico e Cultural de Macau, CCCM, através de uma Comissão Organizadora para a qual aceitámos contribuir. É nesse sentido, que, como Comissão Organizadora, vimos convidá-lo a participar no primeiro Encontro Nacional de História da Ciência em Portugal que decorrerá, ao longo de dois dias, em data a acordar entre 21 e 24 de Julho no Centro Científico e Cultural de Macau, Lisboa, R. da Junqueira, 30.

O encontro, aberto a todos os interessados nesta área, será organizado em várias sessões de trabalho, visando caracterizar e debater o estado da questão, as vias e as prioridades de desenvolvimento da investigação em História da Ciência em Portugal.

Contamos com a sua participação, desde já através de sugestões e contributos que queira enviar para a organização do Encontro. Pedimos também o seu apoio para a divulgação e o debate desta iniciativa junto de outros investigadores de História da Ciência em Portugal, podendo contar com a nossa total disponibilidade para reuniões preparatórias do Encontro Nacional que considere necessárias.

As inscrições realizam-se através do acesso a http://historiaciencia.fct.mctes.pt/ ou por email para inscrever@historiaciencia.fct.mctes.pt.

Com os melhores cumprimentos,

Fernanda Rollo, Instituto de História Contemporânea - FCSH da UNL
Luís Filipe Barreto, Centro Científico e Cultural de Macau

Lisboa, 20 de Março de 2009

FOTO: Sala do MNHN fotografada por Augusto Bobone (1852-1910), Arquivo Fotográfico Municipal

domingo, 29 de março de 2009

LISBOA e o TEJO: «Fado dos Contentores»

Já ninguém parte do Tejo
Para dobrar bojadores
Agora olho e só vejo
Contentores contentores.

E do Martinho Pessoa
Já não veria o vapor
Veria a sua Lisboa
Fechada num contentor.

Por mais que busques defronte
Nem ilhas praias ou flores
Não há mar nem horizonte
Só contentores contentores.

Lisboa não tem paisagem
Já não há navegadores
Nem sol nem sul nem viagem
Só contentores contentores.

Entre o passado e o futuro
Em Lisboa de mil cores
O sonho bate num muro
De contentores contentores.

Por isso vamos cantar
O fado das nossas dores
E com ele derrubar
O muro dos contentores.

Manuel Alegre

FOTO: o Tejo visto da Gare Marítima da Rocha Conde de Óbidos; esta vista irá desaparecer com a construção de um novo terminal de contentores em frente deste edifício (classificado de «Imóvel de Interese Público»).

sábado, 28 de março de 2009

AS ÁRVORES E OS LIVROS: Orlando Ribeiro

«(...) o domínio mediterrâneo típico exprime-se pela área da Oliveira - isto é, de uma das árvores cultivadas de mais remota antiguidade e de mais larga difusão. Acomodando-se a todos os solos, tanto fundos e fertéis como pobres e cascalhentos, é muito sensível ao frio, à geada e à humidade do ar, à falta de chuvas primaveris e à demasiada secura, tanto como aos inconvenientes das chuvas durante a frutificação; o seu clima próprio, onde a árvore frutifica bem sem necessitar de rega, identifica-se assim com os lugares de Inverno suave, precipitações moderadas, estio seco bem marcado, extremando o Mediterrâneo das regiões húmidas, frias ou áridas com que confina e demarcando também em altitude os seus limites.» in Mediterrâneo, Ambiente e Tradição

Orlando Ribeiro (1911-1997)

FOTO: Oliveira carregada de frutos em Monsaraz

sexta-feira, 27 de março de 2009

EXPOSIÇÃO «OLHARES»: Isolda Guedes


Integrado nas comemorações dos 130 anos do Jardim Botânico, do Museu Nacional de História Natural, foi inaugurado no dia 11 de Novembro, a exposição “Olhares” - esculturas de ar livre realizadas pelos alunos recém licenciados em escultura da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. As obras encontram-se integradas por todo o espaço do Jardim e podem ser vistas até ao final de Março.

Entretanto, o ciclo de visitas guiadas às obras termina no próximo dia 28 de Março com a participação das artistas Isolda Guedes e Lília Carvalho.

Horário da exposição: de 2ª a Domingo, entre as 10h00 e as 18h00.

FOTO: obra de Isolda Guedes, «Indigente», no Arboreto.

quinta-feira, 26 de março de 2009

26 de Março de 1920: Grevistas reunidos no Jardim Botânico

Faz hoje exactamente 89 anos que esta fotografia foi tirada. Vemos a Rua da Escola Politécnica, nomeadamente o sector da fachada da escola e portão norte que dá acesso ao Jardim Botânico. No dia 26 de Março de 1920, Greve dos Correios e Telégrafos, houve cerco e assalto policial com a Guarda Nacional Republicana ao Jardim Botânico, onde estava reunido o pessoal em greve. Para saber mais sobre este acontecimento:

O Século, de 27 de Março de 1920

Ilustração Portuguesa, de 5 de Abril de 1920, p. 248

FOTO: Fotógrafo não identificado. Arquivo Fotográfico Municipal

quarta-feira, 25 de março de 2009

«É urgente mudar a política cultural»

Mais orçamento e mudanças na administração

PÚBLICO 25.03.2009 - Manuel Maria Carrilho, ex-Ministro da Cultura, defende – num documento que enviou no início do ano à Fundação Res Publica e que hoje é publicado na íntegra no jornal “Diário de Notícias” – a execução de “duas prioridades” que lhe “parecem elementares” para que “a cultura retome o seu papel estratégico” no desenvolvimento do país: “um orçamento capaz” e “uma administração eficaz”.

Na proposta, intitulada “A cultura contra a crise para uma refundação das políticas culturais”, que o actual embaixador de Portugal na UNESCO, em Paris, enviou àquela instituição do PS (dedicada a discutir o pensamento e as políticas públicas), lê-se que, “sem um orçamento minimamente realista, nenhuma política é possível. Por isso, a área da cultura deve ser dotada com 1% do Orçamento do Estado, sendo fundamental que se assuma de um modo absolutamente claro esse compromisso para a próxima legislatura”.

Para o ex-ministro dos governos de António Guterres, esse meta poderá atingir-se gradualmente (0,6 em 2010, 0,8 em 2011, 0,9 em 2012 e um por cento em 2013) e deverá ser complementada com verbas europeias, na linha do que o Programa Operacional de Cultura (POC), com fundos europeus, proporcionou ao país de 2000 a 2008.

Carrilho é muito crítico em relação à situação política cultural de hoje, que na sua opinião é caracterizada por “um estrangulamento orçamental sem precedentes, uma ineficácia e incapacidade administrativa que se tem agravado e uma persistente ausência tanto de estratégia global como de políticas sectoriais”.

Decisões “imprudentes e mal preparadas”
Na sua opinião, “a atonia” e “a desorientação” têm marcado “áreas tão vitais como as do livro e da leitura, do cinema e do audiovisual, em que não se vislumbram, ao nível da tutela do sector, quaisquer opções, orientações ou políticas”.

Fala também em decisões “imprudentes e mal preparadas, que rapidamente exibiram as suas múltiplas consequências negativas”: a cedência do Centro Cultural de Belém para a instalação da Colecção Berardo, a decisão de construir um “inútil” novo Museu dos Coches quando os museus nacionais “sobrevivem em condições dramáticas e são objecto de um garrote orçamental”, a reforma da administração do sector (o PRACE/cultura).

“Mas não basta garantir a progressão até 1% do Orçamento do Estado para alterar a ambição e a eficácia das políticas culturais do Estado”, escreve a determinada altura Carrilho. “É também absolutamente necessário que simultaneamente – é a minha segunda sugestão – se reformule a administração dos seus sectores fundamentais: o património, as artes cénicas (música, teatro e dança) e as artes visuais, o cinema e o audiovisual, o livro e a leitura, a acção cultural externa”, contínua, para então se reunirem condições “para se estabelecerem parcerias credíveis e para se promover um mecenato empenhado”. E conclui com a frase: “É urgente mudar.”

FOTO: ruínas do Carmo, exemplo de património sem investimento

«Just Before Darwin: the question of species during the 1850's»

Hoje, dia 25 de Março, às 18 horas no auditório 2 da Fundação Calouste Gulbenkian, uma conferência imperdível com o Professor Pietro Corsi da Universidade de Oxford: “Just Before Darwin: the question of species during the 1850's".

Professor Catedrático de Históra de Ciências na Universidade de Oxford, Pietro Corsi é dos maiores especialistas mundiais da história da Ciência e Tecnologia do séc. XVIII, e particularmente do período pré-Darwin. Entre dezenas de trabalhos académicos, Pietro Corsi foi também inovador na utilização da Internet como ferramenta de difusão dos documentos e legados históricos, tendo sido o autor e responsável científico pelos sites oficiais de biólogos eminentes desta época, mormente de Buffon (www.buffon.cnrs.fr/) ou de Lamarck (www.lamarck.cnrs.fr/).

A questão da espécie foi determinante em toda a discussão científica do séc. XVIII e por ela passaram grande número de influências sociais e culturais pós-iluministas, nomeadamente a visão religiosa, a revolução francesa, etc.. Entre os seus créditos mais firmados, está a sua grande capacidade de comunicação e de tornar simples e interessantes para o grande públicos as questões históricas que estiveram por detrás de algumas dos mais importantes avanços científicos desta altura, mormente de toda a revolução darwinista do séc. XIX. Um ângulo novo para cientistas, uma grande conferência para historiadores, uma visão fascinante dos contextos históricos em que a Ciência nasce para o público em geral. A não perder.

FOTO: «The Origin of Species» publicada por Darwin em 1859

terça-feira, 24 de março de 2009

Jardim Botânico: “Moldar com a Natureza”

Atelier “Moldar com a Natureza”

Execução de formas naturais usando a técnica de moldagem em gessosob a orientação da escultora Lucília Ventura. A Natureza multiplicada! Vamos descobrir o mundo dos moldes!Pesquisa e recolha de elementos naturais caídos no chão do Jardim (folhas, raízes, ramos, frutos, sementes). Depois vamos multiplicá-los numa divertida oficina onde vais trabalhar com barro ecom gesso. Dirigido a crianças dos 6 aos 12 anos.

Data: domingo, 29 de Março, às 15 horas
Duração: 2 horas.
Preço: 4 euros
Inscrições: geral@museus.ul.pt
Local: Jardim Botânico – Museu Nacional de História Natural
Rua da Escola Politécnica, 58

FOTO: Ficus macrophylla na Classe

segunda-feira, 23 de março de 2009

Seminário: Olhares sobre o Património Científico Português

Dia 25 de Março, às 17h, no Auditório Manuel Valadares no MNHN

O próximo seminário sobre Património Científico vai abordar o tema Aspectos do Património Científico de Física e Química das Escolas Secundárias Portuguesas terá como oradora Isabel Malaquias, da universidade de Aveiro e membro do Centro de Investigação em Didáctica e Tecnologia na Formação de Professores.

Os Seminários Olhares sobre o Património Científico Português são uma iniciativa conjunta do Museu de Ciência e do Centro de História das Ciências da Universidade de Lisboa. Mais informações em http://chcul.fc.pt/act_ii/patrimonio_cientifico.htm

FOTO: Liceu Passos Manuel, circa 1900. Fonte: Arquivo Fotográfico Municipal

sábado, 21 de março de 2009

o Dia da Poesia só podia ser a 21 de Março...

Dia 21 de Março. Primeiro dia da Primavera. Dia Mundial da Árvore. Dia Mundial da Poesia. Estas papoilas nasceram e floriram num canteiro abandonado na escadaria sul da Igreja de S. João de Deus à Praça de Londres. Papoila, ou papoula, também conhecida como dormideira. Planta herbácea da família das Papaveraceas, de nome científico Papaver rhoeas. A Primavera autêntica. Inesperada. Selvagem. Independente do Homem. Um Poema. O Dia Mundial da Poesia só podia ser a 21 de Março.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Árvore do Jardim Botânico será plantada na Tapada das Necessidades a 23 de Março

A Associação Lisboa Verde, o Grupo dos Amigos da Tapada das Necessidades e a LAJB irão plantar uma Araucária do Jardim Botânico na Tapada das Necessidades no dia 23 de Março, 2ªfeira.

O evento terá início às 9:30 e contará com a participação de alunos da Escola E.B.1 Fernanda de Castro sediada dentro da própria Tapada.

A Associação Lisboa Verde, num gesto de agradecimento pela nossa colaboração, ofereceu à LAJB uma Oliveira, um Sobreiro e um Pinheiro Manso dos seus viveiros.

Comemoração do Dia Mundial da Árvore
TAPADA DAS NECESSIDADES
23 de Março de 2009

9h30 - Apresentação na Escola E. B.1 Fernanda de Castro

10h - Plantação de árvore cedida pela Liga dos Amigos do Jardim Botânico, em local indicado pelos Espaços Verdes da CM Lisboa na Tapada das Necessidades, com a colaboração de funcionários daquele organismo e a participação activa dos alunos da Escola E.B.1 Fernanda de Castro, contando ainda com a colaboração de elementos do Grupo dos Amigos da Tapada das Necessidades, que falarão sobre a árvore e o seu papel nas cidades.

10h30 - Concentração na Escola E.B.1 Fernanda de Castro para distribuição de material informativo e educativo pelos alunos e professores envolvidos na acção, sobre a necessidade de proteger e valorizar a árvore e a floresta.

12h - Encerramento

FOTO: Entrada da Tapada das Necessidades, 1911, Joshua Benoliel. Fonte: Arquivo Fotográfico Municipal

Workshop «Pedagogia Waldorff: a arte da educação» no Jardim Botânico

No dia 21 de Março, a partir das 9h30, o Centro de Recursos Educativos do Jardim Botânico recebe mais uma vez um workshop organizado pela «Oficina Didáctica». Sob o tema Pedagogia Waldorf: a arte da educação, pretende-se divulgar uma pedagogia centrada no pleno desenvolvimento do homem, independentemente da função que ele vier a desempenhar na sociedade.

FOTO: Lago de Cima na Classe do Jardim Botânico

EM FLORAÇÃO: Senecio petasitis

Nome científico: Senecio petasitis (Sims) DC.
Família: Asteraceae
Nome vulgar: Gerânio da Califórnia

Arbusto de forma arredondada, com cerca de 1 m de altura. As suas folhas perenes e grandes dão um ar tropical a qualquer jardim. As flores são amarelo vivo. Endémica da região montanhosa de Oxaca no México. No nosso Jardim Botânico existem belos exemplares como por exemplo este alinhamento no Arboreto.

quarta-feira, 18 de março de 2009

LAGARTAGIS: Reabertura da Estufa de Borboletas do Jardim Botânico!

No próximo dia 21 de Março, o Lagartagis comemora a Primavera com a reabertura ao público. Haverá festa de animação, com diversas actividades para crianças e visitas gratuitas à estufa do lagartagis. Apareça a partir das 15h00!

FOTO: Macho de Aporia crataegi no Lagartagis do Jardim Botânico - © Paulo Simões

O nosso Bairro: antiga «Barbearia da Moda»

Quase em frente da entrada do Jardim Botânico ficava a antiga «Barbearia da Moda» na Rua da Imprensa Nacional, 103. Imagem de Joshua Benoliel (1873-1932) do início do séc. XX. Arquivo Municipal.

Protocolo de Quioto: «Portugal ultrapassa em 8% limite de poluição»

Protocolo de Quioto: País tem a meta mais branda, mas não a deverá cumprir
País terá de pagar o excesso de emissão de poluentes em 2012

Em 2007, Portugal ultrapassou em 8% o limite estabelecido pelo protocolo de Quioto, relativamente à emissão de gases de efeito de estufa, apesar de ser o "país desenvolvido que teve a meta mais branda", diz ao DN Francisco Ferreira, vice-presidente da Direcção Nacional da Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza. Para 2008-2012, Portugal conseguiu negociar um aumento de 27% da emissão de gases em relação a 1990 , mas as metas deverão ser ultrapassadas. Por isso, o País está a preparar-se para desembolsar vários milhões em mecanismos que compensem o excesso de poluição e que estão previstos no próprio protocolo.

De acordo com os dados disponibilizados pela União Europeia, e analisados pela Quercus, as emissões de gases em Portugal estavam 35% acima do ano base de 1990, quando tinha sido imposto a Portugal um acréscimo máximo de 27%. Este facto coloca Portugal entre os maiores incumpridores, de que são exemplos a Irlanda e a Espanha. Francisco Ferreira justifica este desvio com o facto de Portugal estar muito pouco desenvolvido em 1990 sendo, por isso, expectável um grande aumento. Por outro lado, "ultrapassámos a barreira dos 27% à custa de políticas erradas, como as tomadas no sector dos transportes", frisa.

Os dados agora conhecidos mostram que as emissões de gases ascenderam a 80,2 milhões de toneladas, ou seja, oito toneladas por pessoa e por ano. Para a Quercus , estes dados mostram que Portugal está a ter dificuldades em respeitar as metas de Quioto, apesar da redução de 5% em relação a 2006, ano em que a poluição já ia em 40%.

Se entre 2008 e 2012 a média de emissões ultrapassar a meta, Portugal terá de "adquirir emissões a outros países ou investir em mecanismos de desenvolvimento limpo", ajudando países subdesenvolvidos a reduzir a sua poluição. A grande mais-valia do País tem sido a aposta nas energias renováveis. Em 2008, estas já representavam 38,1% do total, refere a Quercus, citando os dados da Direcção-Geral de Energia e Geologia. Isto significa que a produção de energia eólica subiu 42% de um ano para o outro, compensando a redução de 30% da produção hídrica, justificada com o facto de 2008 ter sido um ano seco.

Com piores resultados está a área do transporte rodoviário, porque se aposta demasiado na construção de mais vias, incentivando o uso do carro em vez de meios mais amigos do ambiente. "É contraditório que apostemos nas energias renováveis para depois construir pontes e auto-estradas", conclui o mesmo responsável. in Diário de Notícias, 17 de Março de 2009

FOTO: a construção da nova ponte sobre o Tejo irá incentivar o uso do transporte particular

terça-feira, 17 de março de 2009

«Lisboa precisa de mais uma grande sala de espectáculos?»

«Possibilidade de construção de recinto para duas mil pessoas no Parque Mayer e restrições ao uso do carro no local estiveram ontem em debate

Lisboa precisa de mais uma sala de espectáculos, qualquer coisa cujas dimensões estejam a meio caminho entre os cinco mil lugares do Coliseu e os pouco mais de mil do Centro Cultural de Belém? O assunto esteve ontem em debate, durante a apresentação dos termos de referência do plano de pormenor do Parque Mayer.

Os termos de referência são as regras pelas quais se vai orientar o planeamento urbanístico daquele pedaço de cidade, que a Câmara de Lisboa quer transformar num pólo lúdico-cultural, com teatros, bares, restaurantes, galerias de arte e um hotel. Manuel Aires Mateus foi o arquitecto que ganhou o concurso para desenvolver a reabilitação da zona. Foi ele quem, perante várias objecções da assistência sobre a viabilidade de construir um teatro para duas mil pessoas, quando os que existem raramente enchem, explicou as potencialidades da ideia: "Criar novos públicos. Quando o Centro Cultural de Belém foi projectado, havia a sensação de que quer as áreas de exposição, quer os auditórios tinham dimensões megalómanas. Hoje é pequeno para as necessidades. A grande escala induz procura."Não que esteja totalmente assente que o futuro Parque Mayer venha, de facto, a ter um equipamento cultural destas dimensões. "Há determinados espectáculos que o justificam, mas há que verificar a viabilidade de uma sala destas", acautelou o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado. Na realidade, como acabou por explicar aos jornalistas no final do debate, houve já vários promotores de espectáculos que fizeram saber à câmara que alinhariam num projecto deste género, algo que, segundo o vereador, poderá custar entre 18 e 24 milhões de euros, equipamento já incluído.
Mas se Aires Mateus se referiu a este novo equipamento como um teatro adaptável a várias funcionalidades, como a ópera, já Salgado vê o futuro recinto mais virado para os espectáculos musicais. O teatro de revista manter-se-á, assegurou Aires Mateus. Há boas possibilidades de isso acontecer, mas seja como for, os concessionários dos vários equipamentos culturais que a autarquia erguer no recinto, com ajuda das verbas do jogo do Casino de Lisboa, terão de se candidatar ao concurso que o município há-de lançar para o efeito, respondeu Salgado. Os mais recentes planos da autarquia para o local incluem um hotel e três teatros - o Capitólio, que vai ser reabilitado, o Variedades, feito de novo ou recuperado, e a tal terceira grande sala.

O facto de o futuro Parque Mayer ser mais um pedaço de cidade com ruas e praças, mas destinado aos peões, devendo ser ali vedada a circulação de carros e restringido o estacionamento, preocupou vários dos intervenientes do debate de ontem - funcionários do Museu de História Natural, arquitectos e moradores da zona. Mas a câmara não parece disposta a desistir de modificar os hábitos enraizados de quem leva o carro para todo o lado, até porque a zona está bem servida de transportes públicos. "Eu nunca vi carros em redor da Tate Gallery nem do Museu de História Natural de Londres", observou o vereador Manuel Salgado. "Na maioria dos centros históricos do mundo não circulam carros."» in Público

FOTO: O Cinema S. Jorge inaugurou com 1827 lugares mas no presente está dividido em 3 salas. Não seria mais urgente, e viável, recuperar a lotação original dos quase 2 mil lugares? A LAJB vê com preocupação a proposta de um super-teatro no recinto do Parque Mayer pela volumetria, impermeabilização e ruído que esse projecto vai implicar. Foto de 1959 de Armando Serôdio (1907-1978). Fonte: Arquivo Fotográfico Municipal.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Seminário de Cultura Material: Restauro

Amanhã, dia 17 de Março, às 17h, terá lugar no auditório Manuel Valadares mais um Seminário de Cultura Material, desta vez dedicado ao Restauro.

Marta Lourenço abordará o tema Colecções e Investigação no MCUL em 2008. Manuel lemos, da Archeofactu, falará sobre O restauro da colecção do Laboratório Chimico da Escola Politécnica.

O restauro da pasta Correspondência Scientífica de Arruda Furtado, do Arquivo do Museu de Ciência, será o tema de Silvía Sequeira e Cláudia Augusto, do Instituto de Investigação Científica Tropical. Esta pasta contem cartas de Darwin, encontrando-se de momento cedida à exposição a «Evolução de Darwin» da Fundação Gulbenkian.

FOTO: Busto de Pedro Nunes na Antiga Biblioteca da Escola Politécnica, um dos espaços a precisar de restauro.

domingo, 15 de março de 2009

EM FLORAÇÃO: Viburnum tinus

Nome científico: Viburnum tinus L. ssp. tinus
Família: Caprifoliaceae
Nome vulgar: Folhado, Laurestim

Este arbusto grande, de folhas persistentes e arredondado, é muito comum nos jardins de Lisboa. As folhas lembram um pouco as do loureiro, provindo daí a designação inglesa «Laurestinus» e a designação portuguesa «Laurestim». O folhado cresce na floresta Mediterrânica cultivando-se, também, fora do seu ambiente natural, principalmente em jardins, nomeadamente no norte da Europa. As flores são brancas e os frutos azuis de brilho metálico.

Endémica da Região Mediterrânea, com excepção de Malta, da Bulgária, Crimeia, Creta, Ilhas Egeias Orientais, Turquia europeia, Chipre, Sinai e Egipto.

No nosso Jardim Botânico existem belos exemplares tanto na Classe (na foto) como no Arboreto.

sábado, 14 de março de 2009

I Encontro Luso-Espanhol sobre Conservação e Produção Biológica

Programa do Encontro

Dia 21 de Março, Sábado. Dia Mundial da Floresta

10:00h – Sessão inaugural
10:30h – Conferência Principal
11:30h – Pausa para café
12:00h – Mesas de Trabalho
14:30h – Acto de celebração do Dia Mundial da Floresta
15:00h – Almoço Biológico
17:00h – Mesa Redonda
19:00h – Leitura das Conclusões
19:30h – Sessão de encerramento
21:00h – Jantar

As mesas de trabalho abordarão as seguintes temáticas:

Mercado Interno
Nesta mesa “Mercado Interno” pretende-se reunir os diferentes agentes implicados na distribuição e comercialização de produtos biológicos, com a intenção de eliminar as barreiras que impeçam o seu consumo, impulsionar, promover o desenvolvimento de canais de venda, com os quais se desenvolve um mercado interno estável, se favorece a estruturação e desenvolvimento do sector da produção biológica, garantindo desta forma o seu futuro e o acesso a estes produtos de qualidade a preços adequados.

Agricultura Biológica e Inovação
A finalidade desta mesa “Agricultura Biológica e Inovação” é, além de reconhecer e colocar em destaque o esforço daqueles produtores que conseguiram converter-se numa referência de inovação e sustentabilidade, sincronizar os interesses comuns de todas as partes que intervêm no sistema e dirigi-los adequadamente com a finalidade de progredir, cimentando as bases que estabeleçam uma relação mais directa entre ambas as partes, orientando o conhecimento no sentido de melhorar a produtividade e a rentabilidade das explorações biológicas de gado.

Desenvolvimento e Promoção Empresarial
O objectivo principal desta mesa “Desenvolvimento e Promoção Empresarial” é colocar como objectivo comum as necessidades detectadas neste campo, estabelecer políticas e estratégias que regulem e facilitem um melhor funcionamento das empresas, especialmente pequenas ou médias empresas, familiares ou artesanais, promovendo desta forma a evolução da capacidade produtiva e a estruturação do tecido biológico empresarial.

Valores Meio-ambientais da Produção Biológica
Com o desenvolvimento desta mesa “Valores Meio-ambientais da Produção Biológica” pretende-se realçar as vantagens da produção biológica como alternativa para combater problemas ambientais tais como a alteração climática, a acumulação de gases, ou o esgotamento dos recursos naturais, em vez de desenvolver acordos através dos quais se impulsione a integração de novas tecnologias, como as energias renováveis ou o uso eficiente da água nas explorações agrícolas e criações de gado biológicas, favorecendo o seu avanço qualitativo.

Cooperação Inter-territorial e Produção Biológica
Esta mesa “Cooperação Inter-territorial e Produção Biológica” pretende que os representantes dos grupos de desenvolvimento rural espanhóis e portugueses estabeleçam contacto, compartilhem experiências e conhecimentos técnicos que permitam o desenvolvimento conjunto de programas, através dos quais possam aproveitar os recursos de que se dispõe, criando sinergias, mediante as quais se pretende dar uma resposta unitária para o sector da produção biológica.

Dia 22 de Março, Domingo, Dia Mundial da Água

Visita a empresas do sector situadas em Doñana
Esta parte do programa consiste em realizar uma rota de visitas entre as diversas indústrias perto da localidade de Almonte, nas quais os visitantes poderão ver a realidade do sector industrial biológico.

Corrida Biológica em Doñana
Trata-se de uma corrida popular na qual pode participar qualquer pessoa interessada em formar parte de tal evento, caracterizado por recolher em si uma série de valores de acordo com a produção biológica e o desenvolvimento sustentável.

Entrega de Prémios
Aos vencedores de cada categoria que integrem a Corrida Biológica de Doñana. O prémio consistirá num cabaz de alimentos biológicos de acordo com o peso vencedor da corrida na sua categoria.

Degustação de Alimentos Biológicos
Depois da corrida os participantes poderão desfrutar de uma degustação de alimentos biológicos com a que poderão recuperar forças apreciando o sabor inigualável dos alimentos provenientes da agricultura biologica.

Área de informação
O recinto onde se realizarão as jornadas contará com uma área de exposição, na qual serão colocados painéis informativos sobre as distintas técnicas de produção da agricultura biológica, a situação das produções biológicas e a sua distribuição territorial, os benefícios para a saúde e o meio ambiente, assim como projectos de investigação realizados por participantes ou assistentes do Encontro.

Exposição de Empresas
Durante as jornadas estarão à disposição de todas as empresas stands para a apresentação dos seus produtos e/ou serviços com o objectivo de confraternizar com clientes novos ou conhecidos, a inclusão em novos mercados e a actualização dos últimos avanços da produção biológica. Esta zona de exposição permanecerá aberta para visita pelos participantes durante os dias do Encontro, 21 e 22 de Março.

FOTO: cebolas no Mercado de Agricultura Biológica no Príncipe Real

sexta-feira, 13 de março de 2009

AS ÁRVORES E OS LIVROS: Manuel Zimbro

Para se reproduzirem, as plantas põem o sexo em festa. Medem a energia cósmica, «mostram» as flores que têm, atraem, exalam... suam líquidos açucarados, que as formigas conhecem bem e perfumam-se com cheiros subtis, por todos nós conhecidos.

Abrem-se à luz e por ela passeiam todos os seus atributos com todo o à-vontade, sem pensar.

in o mundo, visto da terra, aqui à volta de casa

FOTO: Flor de Strelitzia reginae na Classe do Jardim Botânico

quinta-feira, 12 de março de 2009

PUALZE: os comentários da LAJB

Exmo. Senhor Presidente da CML

A LIGA DOS AMIGOS DO JARDIM vem apresentar junto de V. Exa., ao abrigo do artigo 77.º nº3 do Decreto-Lei nº 380/99, de 22 de Setembro, com a redacção que lhe foi conferida pelo Decreto-Lei nº 316/2007, de 19 de Setembro, no âmbito do período de Participação Pública do Plano de Urbanização da Avenida da Liberdade e Zona Envolvente os seguintes, comentários, sugestões e reclamações:

1. CONSIDERAÇÕES GERAIS

1.1 Os portugueses em geral e os lisboetas em particular precisam de alterar os actuais comportamentos insustentáveis - são dos cidadãos da UE com maior pegada Ecológica;

1.2 Cada português gasta em média 2,26 milhões de litros de água por ano, um resultado muito mais elevado do que a média mundial – 1,24 milhões de litros anuais por pessoa – e que coloca Portugal no sexto lugar dos piores gestores mundiais deste recurso vital;

1.3 Portugal tem dos sectores imobiliários mais insustentáveis da UE – o investimento na reabilitação urbana não ultrapassa os 4% do valor de todas as empreitadas quando a média europeia é de 33%;

1.4 A actual primazia das viaturas de transporte particular na maioria das deslocações dentro da capital penaliza a qualidade de vida dos lisboetas resultando em parte, da oferta de transportes colectivos deficiente – a importância do transporte particular na região de Lisboa aumentou de 26% para 46% entre 1991 e 2001;

1.5 A Av. da Liberdade regista níveis de poluição do ar muito acima do estabelecido na legislação – apresenta níveis de poluição dos mais elevados do país e do conjunto das capitais europeias;

2. LIMITES DA ÁREA DE INTERVENÇÃO Os limites da área de intervenção do PUALZE devem ser revistas pois apresentam incoerências, como por exemplo:

-Apenas o Arboreto do Jardim Botânico foi incluído, estando inexplicavelmente excluída toda a zona da Classe. Também o antigo Picadeiro do Colégio dos Nobres e os edifícios da antiga Escola Politécnica, actual MNHN estão fora do plano. Sendo o Jardim Botânico uma unidade indivisível sob todos os aspectos (Ambientais, Paisagísticos e Históricos) consideramos que o PUALZE deve assumir essa realidade. Acresce ainda que a Classe, estando a uma cota mais elevada, tem relações de vistas muito importantes com a envolvente urbana que não podem ficar excluídas deste instrumento de planeamento urbano. Alguns dos problemas actuais de desordenamento e de destruição de vistas de que sofre a Classe resultam precisamente da falta de consideração desta plataforma como miradouro sobre a cidade. Desenvolvemos esta questão no Ponto 5.

-Sendo a Av. da Liberdade um vale, seria natural que os limites do PUALZE seguissem as cumeadas das encostas. Assim, do lado do Jardim Botânico, o limite deveria seguir a antiga estrada formada pela R. de S. Pedro de Alcântara/R. D. Pedro V/R. da Escola Politécnica. Não vemos razão para, por exemplo, excluir o Miradouro de S. Pedro de Alcântara (tão interdependente das vistas de/da Av. da Liberdade) e a frente urbana da R. D. Pedro V (do nº 2 ao 108). É mais coerente que o PUALZE pare no Largo do Rato onde de facto termina o plano urbano de Ressano Garcia. Mas o limite proposto não só deixa de fora arruamentos como a R. Nova de S. Mamede como também não inclui os últimos imóveis da R. do Salitre e da Ru. Alexandre Herculano. Noutros locais os limites do PUALZE não parecem respeitar as unidades lógicas que formam a cidade tradicional, sejam elas a rua, o quarteirão, o edifício/logradouro, ou o jardim. Vemos ruas, quarteirões, edifícios e jardins cortados a meio pelas linhas que delimitam a área do PUALZE. Se do lado da encosta do Torel o PUALZE inclui, na íntegra, a Calçada do Lavra e o seu Ascensor da Carris, já na encosta oposta o limite da área-plano corta a meio a Calçada da Glória, deixando de fora o troço superior do seu Ascensor. Estas desigualdades devem ser corrigidas para que o PUALZE corresponda à realidade como os cidadãos a vivem. Desenvolvemos esta questão no Ponto 3.

3. MOBILIDADE

3.1. Mobilidade Rodoviária e Estacionamento - Apesar de todos os estudos efectuados para a caracterização do tráfego rodoviário em circulação na Av. da Liberdade demonstrarem a prevalência de comportamentos insustentáveis na área da mobilidade (ex: cerca de 40% dos veículos são viaturas propriedade de empresas) o PUALZE, revela uma preocupação excessiva com o estacionamento para viaturas de transporte particular. Actualmente um peão não pode fazer um percurso contínuo através das placas arborizadas da Av. da Liberdade. A um cidadão a pé é exigido que interrompa o seu percurso de cada vez que termina uma placa arborizada. Para chegar à seguinte placa tem de atravessar 3 passadeiras – situação que multiplica em seis locais. Ou seja, um peão tem de atravessar 18 passadeiras para passear nos jardins da Av. da Liberdade. Deveria ser possível fazê-lo atravessando, no máximo, 6 passadeiras. Por contraste, os veículos automóveis têm várias regalias, desde o estacionamento (à superfície e no subsolo) à circulação. Houve nas últimas três décadas grandes investimentos na área do estacionamento e da circulação rodoviária e pouca atenção aos direitos dos peões.

“A circulação automóvel na cidade histórica deve ser controlada, da mesma forma que zonas de parqueamento não devem lesar o tecido antigo ou a sua envolvente."

Adoptada em 1987, a Carta para a Conservação das Cidades Históricas, Carta de Washington, figura entre os muitos documentos do normativo internacional para a área do património nos quais se recorda que a cidade histórica requer tratamento de excepção também em matéria de gestão de tráfego. Outra recomendação mais recente, da UNESCO, Memorando de Viena, 2005, defende uma vez mais fortes restrições à circulação e estacionamento de veículos particulares nos centros históricos. Assim, a projectada construção de dois parques de estacionamento (com 264 lugares cada) sob a Av. da Liberdade (um no cruzamento da R. Barata Salgueiro e outro na R. Manuel Jesus Coelho) constitui um erro estratégico. Não só ignora as normativas internacionais de gestão dos centros históricos como também dificulta a adopção dos transportes públicos como primeira escolha da mobilidade urbana. Em Lisboa a norma tem sido a de pôr os carros em parques subterrâneos construídos à custa do património cultural (destruição de vestígios arqueológicos) e do património natural (impermeabilização de solos inviabilizando a arborização do espaço público). Como é fácil de constatar, os novos parques de estacionamento não conseguem resolver a procura nem de visitantes nem de moradores. Na sessão de debate pública vários moradores criticaram a construção de parques de estacionamento em zonas residenciais. Numa zona central, como a Av. da Liberdade, acabam por ser apropriados por visitantes que vêm para o centro da cidade de transporte particular. A serem construídos, os parques devem ser exclusivamente para moradores para que não se crie uma oferta que irá atrair o uso do transporte particular, algo que o PUALZE tem pretensão de reduzir.

A solução do estacionamento não pode passar pelo investimento, que se revela sempre fútil porque insuficiente, em mais lugares de estacionamento no centro histórico mas sim numa rede coerente de transportes colectivos capaz de mudar hábitos de mobilidade insustentáveis. O facto de nos próximos anos estar prevista a construção/reconstrução de vários edifícios na área do PUALZE, nomeadamente vários hotéis e escritórios, com oferta de centenas de novos lugares de estacionamento subterrâneo, tira relevância ao projecto de construção dos dois parques subterrâneos nos cruzamentos da Av. da Liberdade.

Tal como noutros planos de urbanização, verificamos também no PUALZE pouca atenção dada ao Transporte Público. Estranhamos a falta de estudos/pareceres por parte da Carris e do Metro. Se no caso do Metro a rede estará consolidada na área do PUALZE, já a Carris pode ter um papel fulcral na melhoria da mobilidade da zona. Não só há a considerar as ligações entre a Avenida da Liberdade e as colinas (Ascensor do Lavra e Ascensor da Glória) como também as ligações a sul e a norte. Até por razões históricas a Carris devia ter sido convidada a participar – o Ascensor do Lavra que liga a Av. da Liberdade com a colina de Santana celebra, no dia 19 de Abril, 125 anos.

Depois do declínio verificado no modo eléctrico na maioria das grandes cidades do mundo nos anos 60 e 70, verifica-se actualmente um relançamento deste meio de transporte confortável e amigo do ambiente. É pois com preocupação que notamos a ausência do transporte público eléctrico no PUALZE. Lembramos que Lisboa não investe em eléctricos de nova geração desde o primeiro - e único até à data - inaugurado em 1995 (E15: Belém/Praça da Figueira). Lisboa é a única capital da UE sem investimento na expansão do transporte público eléctrico. Para além do regresso do Eléctrico 24 (Cais do Sodré/Campolide), é importante equacionar um eléctrico de nova geração que atravesse o eixo da Av. da Liberdade ligando a Baixa ao alto do Parque Eduardo VII.

3.2 Mobilidade Pedonal - A Liga dos Amigos do Jardim Botânico aprova as propostas de pedonalização de alguns arruamentos, como por exemplo o Largo da Anunciada, mas alerta para a urgência de investir na correcção dos graves problemas na área da mobilidade pedonal em toda a área do PUALZE, como por exemplo:

-R. de S. José e R. de Santa Marta: apesar de estas serem artérias de grande tráfego pedonal, encontramos aqui passeios com dimensões inaceitáveis fruto da primazia que se tem dado ao automóvel. No passado não houve hesitação em se reduzir os passeios para 30cm (ex: R. de Santa Marta, 5) ou até para 20cm (ex: R. de S. José, 154) para possibilitar a circulação e o estacionamento, à superfície, de viaturas de transporte privado.

-Calçada da Patriarcal, R. da Mãe D’Água e R. da Alegria: um conjunto de arruamentos de grande importância para a acessibilidade pedonal entre o vale da Av. da Liberdade e a zona urbana da Praça do Príncipe Real. A meio desta encosta existe uma entrada para o Jardim Botânico - Portão da Praça da Alegria. O potencial pedonal destes arruamentos encontra-se desaproveitado devido, em parte, à má qualidade do espaço público: passeios de dimensão insuficiente, excesso de estacionamento à superfície e falta de árvores.

Para o PUALZE cumprir a sua missão de reduzir o tráfego rodoviário, precisa também de um investimento estratégico na mobilidade pedonal:

-Alargar passeios (com instalação de barreiras de protecção do estacionamento)
-Pedonalizar arruamentos
-Retirar estacionamento à superfície em arruamentos com passeios insuficientes
-Arborizar arruamentos (criar o conforto Ambiental propício ao andar a pé)

LAJB quer que o PUALZE prepare a Av. da Liberdade para o novo paradigma da mobilidade urbana - a mobilidade sustentável. Para cumprir essa missão é preciso desinvestir nos equipamentos e projectos que promovem o uso do transporte particular e investir em projectos que incentivem o andar a pé e o uso dos transportes colectivos. Precisamos de preparar o espaço público para o conforto e a segurança dos peões de forma a fazer do andar a pé uma opção válida e atraente.

4. ESPAÇOS VERDES E ÁRVORES DE ALINHAMENTO

4.1 Logradouros e Jardins: A LAJB fica satisfeita com a proposta de expansão da área verde no Ateneu/Torel, garantindo assim a sobrevivência de uma das últimas parcelas de solos livre de construções na envolvente da Av. da Liberdade. O novo espaço verde a criar deverá ser articulado com o Jardim do Torel e o Campo dos Mártires da Pátria.

No entanto, continuamos a recear a densificação urbana e aumento da impermeabilização dos solos nesta zona sensível do sistema hídrico. A ocupação dos logradouros é um problema grave que o PUALZE deve assumir propondo soluções urgentes sob pena de chegarmos a situações irreversíveis. Constatamos com preocupação que o PUALZE não considera uma classificação especial para os logradouros e jardins confinantes com o Jardim Botânico. Uma distinção destas justifica-se dada a importância do ecossistema deste jardim classificado «Monumento Nacional».

Na nossa opinião o PUALZE não aprofunda suficientemente a Estrutura Verde da zona. É importante fazer o levantamento de espécies arbóreas com valor patrimonial. A título de exemplo, referimos a falta de reconhecimento de alguns jardins/logradouros privados onde existem arboretos com espécies arbóreas de grande interesse Botânico, e que em certos casos são um indispensável enquadramento da arquitectura:

-Logradouro do edifício na R. D. Pedro V, 76: Araucaria excelsa

-Logradouro do edifício na R. Barata Salgueiro, 21: Celtis australis (Lodão)

-Jardim do edifício na Av. da Liberdade, 187: Ficus macrophylla

-Jardim do palacete na R. do Salitre, 142: Ficus macrophylla

-Jardim do palacete da R. do Salitre, 146: Dracaena drago (Dragoeiro)

-Jardim do Palacete Fontana na R. da Escola Politécnica 100: Ficus macrophylla

-Jardim do Palácio da Anunciada / R. das Portas de Santo Antão, 118-126: Dracaena drago (Dragoeiro) e Schinus molle (Pimenteira); Este jardim em terraços deveria ser classificado como «Área Verde Privada a Salvaguardar».

-Jardim do Palacete Ribeiro da Cunha / Praça do Príncipe Real, 26: neste arboreto existem várias espécies centenárias com valor botânico como por exemplo, Phytolacca dioica (Bela-Sombra), Phoenix canariensis (Palmeira das Canárias), Araucaria excelsa e um Celtis australis (Lodão). De realçar ainda o facto do conjunto arbóreo deste jardim desempenhar um papel essencial de enquadramento do palacete romântico. Por último alertamos para o facto deste jardim, conjuntamente com os logradouros arborizados dos imóveis vizinhos, funcionarem como «zona tampão» de protecção do Jardim Botânico. Estes jardins, apesar de privados, fazem parte integrante do ecossistema do Jardim Botânico – notar que as copas das árvores do Jardim Botânico se fundem com as copas das árvores dos jardins privados. Assim, ao analisarmos a «Planta 47 – Identificação das áreas onde o PUALZE altera o PDM de 1994», a LAJB constatou que o Jardim do Palacete Ribeiro da Cunha foi desclassificado do seu anterior estatuto de «Área Verde Privada a Salvaguardar». Pelas razões expostas, a LAJB opõe-se a esta desclassificação.

A LAJB considera que o PUALZE não previne a impermeabilização dos solos na zona de protecção do Jardim Botânico. Prova disso é o facto de apenas dois logradouros confinantes com o Jardim Botânico estarem classificados como «Área Verde Privada a Salvaguardar» (Pr. Príncipe Real, 20-22; R. da Escola Politécnica, 12-26). Outra prova da falta de protecção é o facto de existem vários projectos imobiliários a decorrer, ou já terminados, na envolvência directa do Jardim Botânico que incluíram o abate de árvores e a impermeabilização de logradouros. Desenvolvemos esta questão no Ponto 5.

4.2 Árvores de Alinhamento: Para a LAJB, o arvoredo da Av. da Liberdade é um dos mais importantes elementos caracterizadores de toda esta zona urbana. A salvaguarda, e melhoria das condições de vida, destas árvores de alinhamento deve ser uma prioridade do PUALZE. Lamentavelmente, na segunda metade do séc. XX foram abatidas quase duas centenas de árvores por falta de cuidado no planeamento de várias obras públicas, nomeadamente, a construção do metropolitano e do estacionamento subterrâneo nos Restauradores. Só a construção da estação Avenida, por ser demasiado à superfície e exactamente por baixo das placas arborizadas, provocou a exclusão definitiva de 64 árvores. Mais recentemente, as obras de alargamento da estação Marquês de Pombal provocou, pelos mesmos motivos, a exclusão de 45 caldeiras de árvores. Também a construção do estacionamento subterrâneo de grandes dimensões no subsolo da Praça dos Restauradores levou à sua impermeabilização quase total, inviabilizando a arborização. Das mais de 50 árvores de alinhamento que existiam nos Restauradores sobrevivem apenas 12 no passeio lateral nascente. Segundo o levantamento da LAJB já existem 148 caldeiras inviáveis para receber árvores:

-Placas lado nascente: 47 árvores perdidas
-Placas lado poente: 101 árvores perdidas

A sobrevivência das árvores da Av. da Liberdade ficará em perigo com as novas «ilhas de calor» que serão criadas com a proposta dos parques de estacionamento subterrâneo sob cruzamentos da Av. da Liberdade. Os sistemas radiculares das árvores na proximidade dos novos parques subterrâneos serão negativamente afectados. Por último, lembramos que as árvores ajudam a poupar até 10% do consumo de energia dos edifícios ao moderarem o microclima de um arruamento. Por todas estas razões, o PUALZE deve dar prioridade total à conservação, em boas condições, de todas as árvores da Av. da Liberdade. Sugerimos ainda que o PUALZE inclua um levantamento dos arruamentos que podem receber árvores de alinhamento não só como forma de compensar as árvores perdidas na Av. da Liberdade mas também para reduzir consumos energéticos dos edifícios.

5. PATRIMÓNIO, CÉRCEAS E SISTEMA DE VISTAS

É com preocupação que vemos a delapidação do património arquitectónico, em particular na Av. da Liberdade. Não parece existir ainda um entendimento profundo da paisagem urbana consolidada enquanto todo coerente de interesse histórico, artístico, científico para Lisboa. Os testemunhos arquitectónicos do final do séc. XIX e início do séc. XX estão a ser reduzidos a fachadas descontextualizadas. Ao analisar as intervenções recentes, só na Av. da Liberdade, é claro que se está a reduzir o património arquitectónico a uma questão de fachadas. Não se valoriza suficientemente os interiores enquanto recurso patrimonial para uma capital competitiva no contexto da EU.

Também o aumento de cérceas, a alteração da geometria dos telhados e a ocupação caótica de coberturas tem vindo a comprometer o sistema de vistas entre o vale da Av. da Liberdade e as cumeadas. Numa cidade como Lisboa, com uma topografia marcada por colinas, as coberturas dos edifícios devem ser tratadas com especial cuidado – devem ser concebidas como a quinta fachada de um imóvel.

Preocupante também é a falta de qualidade arquitectónica dos novos edifícios. A área do PUALZE contém uma grande diversidade patrimonial com obras assinadas por alguns dos melhores arquitectos e artistas dos diferentes períodos históricos. Mas se até aos meados do séc. XX ainda se ergueram imóveis de arquitectos como Ventura Terra, Raul Lino, Cassiano Branco, Cristino da Silva ou Fernando Silva, já nas últimas décadas só muito raramente apareceram obras de autores qualificados.

Lamentamos igualmente a continuada desqualificação do enquadramento urbano do Jardim Botânico. Nos últimos anos temos assistido a remodelações de antigos edifícios de habitação segundo maus padrões. Na maior parte dos casos nem se podem classificar de reabilitação mas somente de construção nova com retenção da fachada. Dado o estatuto patrimonial do Jardim Botânico, impõe-se que a CML e o IGESPAR adoptem no futuro critérios mais elevados na avaliação dos projectos de arquitectura. Só assim será possível evitar que o Jardim Botânico fique rodeado de fachadas mais próprias de um subúrbio desqualificado do que de uma zona classificada. E, como já referimos, a ocupação caótica de logradouros na Zona de Protecção do Jardim Botânico é outro motivo de grande preocupação da LAJB. Denunciamos de seguida alguns casos para melhor ilustrar os problemas enunciados:

Hotel ÉDEN-VIP / Praça dos Restauradores, 17 a 24: no projecto de adaptação do antigo Cine-Teatro Éden não se respeitou a volumetria original. Como a cércea do edifício foi aumentada em cerca de mais 4 pisos, o resultado foi negativo para as vistas do Miradouro de São Pedro de Alcântara. A empena cega com mais de 4 pisos de altura ganhou uma importância indesejável na encosta, constituindo um obstáculo na paisagem urbana consolidada como se pode verificar pela pela fotografia tirada do Miradouro.

Edifício XENON / Av. da Liberdade, 9: Com uma fachada de vidro com mais quatro pisos que os imóveis vizinhos, o Xenon não respeita nem as cérceas, nem a lógica de composição da frente urbana. Quando visto da Praça dos Restauradores é evidente o impacto negativo que tem nas relações de vistas entre a praça e o Miradouro de São Pedro de Alcântara. Esta volumetria tem um impacto muito negativo nos imóveis classificados que existem na sua proximidade, como é o caso do Palácio Foz (IIP) e do Edifício Paladium. Visto do Miradouro de São Pedro de Alcântara, o impacto negativo do edifício Xenon é também evidente. A vista da Av. da Liberdade encontra-se parcialmente destruída pela volumetria excessiva deste edifício.

Edifício de Escritórios / Av. da Liberdade, 69: um exemplo do tipo de construção nova erguida em que apenas se dá alguma atenção à fachada virada para a Av. da Liberdade. Neste caso concreto o alçado de tardoz, visível da Praça da Alegria, não foi tratado como fachada tendo por isso um impacto negativo. Ao longo de todo o processo de licenciamento desta obra não houve capacidade de antecipar este resultado. Acresce ainda o problema, infelizmente comum, da cobertura do edifício de apresentar instalações técnicas de ar condicionado e de extracção de fumos de cozinhas. Para quem está na Praça da Alegria, a visão da empena e cobertura descuidada deste edifício afecta negativamente o perfil dos telhados dos edifícios daquele conjunto urbano. Não percebemos como é que o PUALZE vai impedir o surgimento de novas situações desqualificadas como a deste edifício.

Hotel / R. Rodrigo da Fonseca, 2; R. do Salitre; R. Barata Salgueiro, 55: Apesar de ainda estar em construção, já é possível identificar nesta obra alguns dos erros mais comuns que se estão a cometer na área do PUALZE. Por exemplo, a LAJB constata que tem sido um hábito permitir aumentos substanciais do número de pisos aos projectos de construção de unidades hoteleiras. É o caso desta obra de adaptação de um antigo prédio dos finais do séc. XIX em Hotel. O aumento da cércea e a alteração da geometria original da cobertura do edifício veio destruir o perfil homogéneo das coberturas dos imóveis da Rua do Salitre. O aumento da cércea deste imóvel veio destruir também uma das vistas do Jardim Botânico, nomeadamente da Classe.

Rua do Salitre, 149: um exemplo da falta de qualidade arquitectónica nas obras de reconstrução de edifícios de habitação dos finais do séc. XIX. Os interiores foram demolidos na íntegra. A fachada de tardoz foi reconstruída sem considerar o desenho e as linhas de composição das varandas de ferro características da arquitectura lisboeta dos finais do séc. XIX. Depois de concluída, o novo alçado de tardoz assemelha-se às fachadas dos prédios de habitação de génese ilegal.

Rua do Salitre, 151-157: outro projecto que nos preocupa pois confina com o Jardim Botânico. Trata-se de um exemplo paradigmático da facilidade com que os logradouros em redor do Jardim Botânico são destruídos por um sector imobiliário ainda centrado no modelo insustentável do «2 estacionamentos por fogo». Para que fosse possível concretizar esse modelo, o interior foi totalmente demolido, incluindo a fachada virada para o Jardim Botânico, e apenas uma faixa estreita do logradouro não foi impermeabilizada. O início das obras foi marcado pelo abate de várias árvores, incluindo um centenário Celtis australis (Lodão) cuja copa se fundia com as árvores do Jardim Botânico. Toda esta operação urbanística ocorre na zona de protecção do Jardim Botânico, junto da antiga cerca pombalina.

Rua do Salitre, 143 e 145-147: Dois antigos imóveis de habitação com pedido de emparcelamento entregue na CML. Como os logradouros confinam com o Jardim Botânico, receamos a repetição dos erros já cometidos nos números 149 e 151-157, isto é, o aumento da volumetria e de cércea, fachada de tardoz com desenho pobre, e a destruição do coberto vegetal seguida por impermeabilização do solo para construção de parqueamento subterrâneo. Estamos particularmente preocupados com o futuro do exemplar centenário de Washingtonia filifera (Palmeira da Califórnia) no jardim do imóvel da R. do Salitre, 143.

Edifício de escritórios / Largo de Jean Monet, 1: Esta obra da década de 70 do séc. XX, exemplifica bem as consequências negativas da construção em altura numa zona histórica consolidada. E apesar deste edifício, de arquitectura banal, se localizar a 200 m da cota mais alta do Jardim Botânico (terraço da Classe), é evidente o impacto negativo que a sua empena cega com 8 pisos de altura tem no sistema de vistas.

Rua Vale do Pereiro, 7-9: Este raro imóvel pombalino, que não vem referenciado na Carta Municipal do Património anexa ao PDM, revela que o levantamento do património na área do PUALZE precisa de ser revisto. A Rua do Vale do Pereiro é um arruamento anterior à abertura do Bairro Barata Salgueiro nos finais do séc. XIX. Este esquecido edifício do séc. XVIII sobreviveu às transformações urbanas dos últimos dois séculos, apresentando coberturas em mansarda segundo o desenho criado por Carlos Mardel para os prédios pombalinos. Foi entregue na CML um pedido de licenciamento para construção nova (Processo Camarário nº 1564/EDI/2006). O PUALZE vai conseguir estancar a demolição do património arquitectónico, como é o caso do mais antigo testemunho da Rua do Vale do Pereiro?

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Liga dos Amigos do Jardim Botânico manifesta a sua oposição:

-Á redução do peão e do transporte colectivo a papel secundário na mobilidade

-Á construção de estacionamento subterrâneo nos cruzamentos da Av. da Liberdade

-Á construção de estacionamento subterrâneo em logradouros e jardins

-Á redução da área verde e do número de árvores de alinhamento

-Á demolição de interiores do património arquitectónico do séc. XIX e início do XX

-Á alteração de cérceas e da geometria das coberturas do séc. XIX e início do XX

A Liga dos Amigos do Jardim Botânico recomenda:

- Que o PUALZE prepare o espaço público para o conforto e a segurança dos peões de forma a fazer do andar a pé uma opção de mobilidade atraente.

-Que a versão final do PUALZE contemple uma estratégia para os transportes públicos na área em estudo, com pareceres, por exemplo, da Carris e que considere um eléctrico de nova geração que circule nas faixas laterais da Av. da Liberdade.

-Que a "Estrutura Verde" do PUALZE seja aprofundada e que inclua o levantamento de árvores notáveis assim como a efectiva protecção de logradouros e jardins privados.

-Que o Jardim Botânico, por desempenhar um papel importantíssimo na absorção das emissões de Dióxido de Carbono da Av. da Liberdade, seja incluído na íntegra na área do PUALZE.

-Que os logradouros e jardins confinantes com o Jardim Botânico (50 m a contar do muro pombalino do jardim) sejam tratados como "zona tampão", protegendo a hidrologia e por consequência a saúde e sobrevivência deste ecossistema; propomos a sua classificação como «Área Verde Privada a Salvaguardar».

-Que o Património arquitectónico seja considerado de uma forma global e integrada, valorizando os interiores e promovendo padrões elevados nas obras de recuperação e reabilitação; propomos estatuto especial de protecção para a arquitectura do séc. XIX, nomeadamente através da revisão da Carta Municipal do Património anexa ao PDM.

Em conclusão:

A LAJB espera que o PUALZE se afirme pela mudança de paradigma do planeamento da capital e não repita os erros que destruíram algumas das qualidades da Av. da Liberdade e zona envolvente. Preocupa-nos que, de uma forma geral, o PUALZE esteja demasiado centrado no transporte particular em vez do colectivo. Devemos abandonar o actual modelo insustentável da criação de parques de estacionamento subterrâneo no centro da cidade. Lisboa deve privilegiar a direcção de mobilidade e não de tráfego.

Mostramo-nos desde já inteiramente disponíveis para todo e qualquer esclarecimento e colaboração cívica que julgar necessários.

FOTO: uma das 148 caldeiras inviáveis na Av. da Liberdade

quarta-feira, 11 de março de 2009

EXPOSIÇÃO OLHARES: Márcio Domingues


Integrado nas comemorações dos 130 anos do Jardim Botânico, do Museu Nacional de História Natural, foi inaugurado no dia 11 de Novembro, a exposição “Olhares” - esculturas de ar livre realizadas pelos alunos recém licenciados em escultura da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. As obras encontram-se integradas por todo o espaço do Jardim e podem ser vistas até ao final de Março.

Alguns dos autores promovem um ciclo de visitas guiadas às suas obras até ao final do mês. No próximo dia 14 de Março será a vez de Sérgio Carronha e Cláudia Ferreira. A 21 de Março a visita ficará a cargo de Sandra Grandíssimo e Bruno Nordlund. E a última sessão será no dia 28 de Março com as artistas Isolda Guedes e Lília Carvalho.

Horário da exposição: de 2ª a Domingo, entre as 10h00 e as 18h00.

FOTO: obra de Márcio Domingues, «formas complexas - estudo 3» (aço oxidado), no Arboreto.

I Encontro Luso-Espanhol sobre Conservação e Produção Biológica

O prazo de inscrições para este I Encontro Luso-Espanhol sobre Conservação e Produção Biológica termina a 16 de Março. Para se inscrever basta enviar um email com o seu nome completo, morada, contacto e nome da empresa na qual exerce funções (se for o caso).

O encontro vai decorrer nos dias 21 e 22 de Março em Almonte, Espanha. A Interbio assegurou um autocarro que irá levar e trazer os interessados. O transporte terá o custo de 20€ por participante, quantia que deverá ser paga até ao dia 16 de Março para o NIB da Interbio: 004590114020296324607. Após o pagamento deve ser enviado o comprovativo para interbio.bio@gmail.com.

Dia da Partida: 20 de Março, Sete Rios, 19.45h
Dia da Chegada: 22 de Março, 23.00h

INTERBIO – Associação Interprofissional para a Agricultura Biológica
R. Pascoal de Melo, 49
1000-232 Lisboa – Portugal
Tel. [+351] 916576365

FOTO: nabos no Mercado de Agricultura Biológica no Príncipe Real

terça-feira, 10 de março de 2009

EM FLORAÇÃO: Cercis siliquastrum


Nome científico: Cercis siliquastrum L.
Família: Leguminosae (Fabaceae)
Nome vulgar: Olaia, "Árvore de Judas"

E a Primavera instala-se no Jardim Botânico! Nos últimos dias a velhinha Olaia que guarda o Portão Sul do nosso jardim, começou a florir, vestindo-se de milhares de flores cor-de-rosa brilhante.

A espécie é nativa da Ásia ocidental, incluindo Irão, Iraque, Israel, Jordânia, Líbano, Síria e sul da Europa. Gosta de lugares soalheiros e é bastante resistente à seca. Por estas razões é uma óptima opção para arborizar as cidades no sul do nosso país.

Esta espécie foi descrita pela primeira vez por Linnaeus em 1753 que lhe deu o nome siliquastrum que deriva da palavra latina siliqua, que significa "vagem".

A tradição relata que Judas se enforcou nesta árvore e que as suas flores, que antes eram brancas, coraram de vergonha.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Adiada sessão de debate do PP do Parque Mayer e Jardim Botânico

Foi alterada a data de apresentação dos Termos de Referência do Plano de Pormenor do Parque Mayer e Jardim Botânico que estava agendada para hoje. A sessão de apresentação e debate presidida pelo Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, com a presença do Vereador Manuel Salgado, irá realizar-se na próxima segunda-feira, dia 16 de Março, às 18h00, no auditório Manuel Valadares.

domingo, 8 de março de 2009

Apresentação dos Termos de referência do Plano de Pormenor do Parque Mayer e Jardim Botânico

Amanhã, dia 9 de Março, às 17h00, terá lugar no antigo Laboratório Chimico da Escola Politécnica a sessão pública de apresentação dos Termos de Referência do Plano de Pormenor do Parque Mayer e Jardim Botânico. Estará presente o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa. A LAJB apela á participação de todos os interessados, em particular dos seus sócios.

FOTO: Maqueta da proposta vencedora para o Plano de Pormenor

sexta-feira, 6 de março de 2009

A Linha do Tua como Património Nacional!

Comunicado do Movimento Cívico pela Linha do Tua:

Ontem, dia 5 de Março discutiu-se na Assembleia da República, o projecto apresentado pelo PEV, que visa a classificação da Linha do Tua como Património de Interesse Nacional. Hoje, este projecto vai ser votado pelas várias bancadas parlamentares. De modo a sensibilizar e a alertar todos os senhores deputados portugueses, para a necessidade de preservar e valorizar este património, que leva a Trás-os-Montes mais de 40.000 pessoas por ano, lembramos alguns textos. São três artigos de opinião, bem ilustrativos da opinião generalizada sobre a questão do Tua, o parecer da APPI (orgão consultivo da Unesco) que considera o eventual desaparecimento desta via férrea como uma dos maiores atentados culturais desde o 25 de Abril de 1974, e ainda, um pequeno texto sobre o que pode significar a Linha do Tua, enquanto património, paisagem, transporte, desenvolvimento. O Movimento Cívico pela Linha do Tua pretende a preservação e dinamização da Linha do Tua e está disponível para apresentar aos ilustres deputados que o solicitem, informações, entre outras, sobre a história e alguns dos projectos de desenvolvimento alternativos a aplicar no Vale do Tua. A classificação da Linha do Tua é um dos instrumento, a par da recuperação e revitalização, que lhe garante a dignidade e respeito que merece enquanto património-cultural e industrial único reconhecido e parte integrante da paisagem do Vale do Tua.

Ou Tua, ou rua! por Manuel Igreja
Num país que com toda a parolice e contra o correr dos tempos desactivou quase tudo o que era linha de caminho de ferro no seu interior a troco de rodovias mais prejudiciais que benéficas em termos de ordenamento do território, parecia que se salvava assim uma das jóias ferroviárias da rede nacional de comboios. O turismo virou moda, e com ele a linha do Tua ganhou procura e valor. Nada mais nada menos que 40 mil almas passam anualmente pelos bancos das carruagens que circulam ou circulavam a roçar o rio Tua.

Os Clérigos, os Jerónimos e a Linha do Tua por José Moreira
O património histórico-cultural não tem preço, não é negociável ou não é passível de qualquer tipo de apropriação, independentemente de hipotéticas vantagens ou dos valores económicos em causa.(...) Além do disparate, o seu desaparecimento constituiria um hediondo crime contra a natureza e o património, que nada poderá justificar, a não ser a absurda cegueira de alguns governantes que, incapazes de deixar obra válida, parecem primar pela destruição do que de mais belo e ousado outros edificaram.

Parecer da Associação Portuguesa para o Património Industrial
(...) um dos mais graves atentados ao património cultural do País desde o 25 de Abril de 1974, a destruição da Linha do Tua.

Movimento Cívico pela Linha do Tua
linhadotua@gmail.com / 939 333 900

FOTO: Linha do Tua junto da estação de Cortiços (2ª metade séc. XX)

Visitas guiadas à Exposição «OLHARES»

Os finalistas de Escultura da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, autores da exposição de esculturas ao ar livre, "Olhares", integrada nas comemorações dos 130 anos do Jardim Botânico do Museu Nacional de História Natural da UL, promovem um novo ciclo de visitas guiadas às suas peças a partir de 7 de Março.

Na primeira sessão, Constança Saraiva e Ana Mena, irão convidar o público do Jardim Botânico a conhecer melhor o trabalho exposto. A 14 de Março será a vez de Sérgio Carronha e Cláudia Ferreira. A 21 de Março a visita ficará a cargo de Sandra Grandíssimo e Bruno Nordlund. A última sessão será no dia 28 de Março com as artistas Isolda Guedes e Lília Carvalho.

Todas as visitas guiadas têm início às 15h30.

Horário do Jardim Botânico:
Segunda a Sexta -8h00 às 18h00
Fim de semana e feriados - 10h00 às 18h00

FOTO: «Vertical II» (ferro) de Bruno Nordlund, no Arboreto

quarta-feira, 4 de março de 2009

Habitats naturais e seminaturais de Portugal

O Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) e a Editora Assírio & Alvim promovem no dia 5 de Março, no auditório Aurélio Quintanilha, a apresentação do livro Habitats naturais e seminaturais de Portugal Continental - tipos de habitats mais significativos e agrupamentos vegetais característicos. O lançamento do livro terá início às 16h00 com a sessão pública A importância da Flora e da Vegetação no contexto do ordenamento do território, contando com a presença do Secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa.

FOTO: Carrascal nas encostas da colina de Monsaraz