domingo, 30 de novembro de 2008

NOVO LIVRO: «Jardim Botânico - Flores»

No âmbito das comemorações dos 130 anos do Jardim Botânico da Universidade de Lisboa, foi lançado no dia 11 de Novembro de 2008 o livro "Jardim Botânico - Flores". Trata-se de um guia de bolso que nos chama atenção para algumas das mais notáveis flores ao longo das quatro estações do ano. Esta obra foi parcialmente financiada pela Liga dos Amigos do Jardim Botânico (LAJB).

O livro pode ser adquirido na sede da LAJB, às segundas-feiras, entre as 15 h e as 19 h. Preço de venda ao público: 8 euros.

LIGA DOS AMIGOS DO JARDIM BOTÂNICO
Rua da Escola Politécnica, 58
1250-102 Lisboa

Tel./Fax: 21 392 18 28
Telemovel: 96 038 24 17
e-mail: amigosdobotanico@gmail.com

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Manuel Aires Mateus vence concurso de ideias para o Parque Mayer e Jardim Botânico

in Público, 27 de Novembro de 2008

Proposta passa por estender Jardim Botânico até ao antigo recinto da revista

O arquitecto Manuel Aires Mateus é o vencedor final do concurso de ideias para a reabilitação do Parque Mayer, em Lisboa, com a sua proposta de estender o Jardim Botânico até ao antigo recinto da revista à portuguesa.

Um hotel, serviços de vária ordem, restaurantes e duas salas de espectáculos – uma das quais o teatro Capitólio, devidamente recuperado – fazem parte dos edifícios previstos por Aires Mateus, que só tinha previsto 25 mil metros quadrados de construção, mas que, tal como os restantes concorrentes, teve de subir esse valor para 32 mil para se adaptar ao programa de concurso estabelecido pela câmara. O arquitecto, que já tinha vencido a primeira fase do concurso, quer criar no antigo Parque Mayer mais um pedaço de cidade, com uma praça à volta do Capitólio e várias ruas. “Toda a zona será pedonal”, explicou hoje, dia em que soube que o projecto que irá por diante será o seu. Como o quarteirão está num declive, foram pensados alguns meios mecânicos, embora restringidos ao mínimo para ajudar os peões a vencer os desníveis que separam a Rua da Alegria da Rua da Escola Politécnica: escadas rolantes e elevadores.

Ainda não é certo que no local fiquem bibliotecas e livrarias especializadas em artes plásticas e artes de palco e residências para artistas, como previu Aires Mateus inicialmente; a autarquia pediu aos concorrentes um programa de ocupação versátil do espaço para poder encaixar as valências que mais tarde entender. Autor, com Frederico Valsassina, do projecto de um polémico edifício para o Largo do Rato que a Câmara de Lisboa não quer deixar construir, o arquitecto irá agora ajudar a autarquia a desenvolver um plano de pormenor para o quarteirão do Parque Mayer, uma área mais vasta que o antigo recinto do teatro de revista. O seu plano prevê ainda a recuperação do museu da Faculdade de Ciências.

O gabinete AXR Portugal Arquitectos, de Nuno e José Mateus, manteve o segundo lugar que conquistou na primeira fase do concurso. A sua proposta assentou em três eixos que caracterizam a zona: Ciência (museus), Natureza (Jardim Botânico) e Arte (Parque Mayer). As intervenções davam novos usos às construções existentes, embora também se admitisse um novo edifício de ligação à Praça da Alegria. Outras apostas: escolas de arquitectura paisagística e de jardinagem, hotel com 60 quartos e casa de chá suspensa (sobre o Parque).

Gonçalo Byrne, que ficara em 5.º lugar, subiu no alinhamento final à 3.ª posição. A sua proposta, com novos acessos à Praça da Alegria e Rua do Salitre, prevê uma capacidade construtiva de 60 mil m2 de habitação, hotelaria, comércio e serviços. O Capitólio, inserido num “denso tecido urbano multiusos”, beneficiaria de uma ligação por meios mecânicos ao Jardim Botânico.

FOTO: arruamento no Parque Mayer com Arboreto do Jardim Botânico em pano de fundo.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

«Miradouros e Jardins vão ser recuperados»

in Jornal de Notícias, 25 de Novembro de 2008
«Esta semana arrancam obras de requalificação de sete jardins e miradouros em Lisboa. As intervenções custarão mais de um milhão e meio de euros e serão integralmente pagas com o dinheiro das contrapartidas do Casino de Lisboa à Câmara.

Até ao início do Verão do próximo ano, sete miradouros e jardins históricos da cidade de Lisboa sofrerão profundas remodelações. Segundo um documento a que o JN teve acesso, a autarquia conta gastar cerca de um milhão e 665 mil euros distribuídos da seguinte maneira: Jardim do Torel (408 mil euros), Santa Luzia (379 mil euros), Graça (104 mil euros), Senhora do Monte (48 mil euros), Monte Agudo (271 mil euros), Penha de França (137 mil euros) e Jardim Boto Machado (317 mil euros). As respectivas verbas contempladas para as acções de requalificação são na totalidade pagas com dinheiro das contrapartidas para a Câmara de Lisboa pelo funcionamento do casino da capital.

Um dos espaços verdes que sofrerá maior intervenção será o jardim e miradouro Boto Machado, junto à Feira da Ladra, no Campo de Santa Clara, freguesia de São Vicente de Fora, a escassos metros do Panteão Nacional. As obras terão início já nos próximos dias e, segundo comunicado do gabinete do vereador do Ambiente e Espaços Verdes, José Fernandes, "contemplam uma profunda renovação dos espaços verdes e espécies arbóreas" com vista a "permitir uma maior amplitude de vistas e utilização do jardim". O jardim será dinamizado através da introdução de um quiosque e de uma esplanada bem como várias remodelações da zona do parque infantil e mesas de jogo. Para a zona do miradouro está prevista a realização de eventos culturais e de animação e a CML promete "dotar o jardim com as infra-estruturas necessárias para a colocação de luz e som". Por último, refira-se que será instalado um telescópio panorâmico.

Entretanto, o gabinete de Sá Fernandes anunciou, também, a recuperação da entrada Norte no Parque Florestal de Monsanto. Trata-se de uma obra "fundamental para a concretização do corredor verde que ligará ao Parque Eduardo VII". Em simultâneo, iniciar-se-ão as obras da pista ciclável e pedonal que ligará o Parque de Monsanto à Avenida Calouste Gulbenkian, assim como as pistas de São Domingos de Benfica e de Entrecampos até Alvalade.»

FOTO: Vista do Miradouro de Santa Luzia (actualmente um dos mais degradados da capital).

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Feira de Comércio Justo: Jardim da Estrela

30 de Novembro de 2008 - 10:00-18:00

Os produtos de Comércio Justo regressam ao Jardim da Estrela, no dia 30 de Novembro, numa iniciativa conjunta da Junta de Freguesia da Lapa com a Cores do Globo. Num dos jardins mais agradáveis de Lisboa, não perca os produtos alimentares e de artesanato de um Mundo mais justo. Este ano poderá também contar com a presença dos Goliardos que nos irão apresentar alguns produtores de vinhos biológicos portugueses. O dia promete ser de alegre convívio e partilha de culturas.

Em simultâneo decorre a campanha da Cores do Globo, "Neste Natal dê outro uso à sua Roupa", na qual se faz um apelo para a recolha de roupas usadas que poderão ser entregues na Feira de Comércio Justo do Jardim da Estrela. As roupas recolhidas revertem a favor das seguintes instituições:

Casa Betânia - instituição de pessoas com deficiência mental (roupa discreta para mulheres adultas e roupa para a casa); GIRA - Grupo de Intervenção e Reabilitação Activa (roupa para adultos); Obra do Ardina (roupa para crianças e jovens dos 6 aos 20 anos, menos sapatos); Centro Social Paroquial de S.Vicente Paulo (roupa para pessoas idosas e crianças); Lar Maria Droste (roupa para raparigas dos 8 aos 18 anos e roupa para a casa); Comunidade Vida e Paz (todo o tipo de roupa); Fundação LIGA (todo o tipo de roupa); Cooperativa de S. Pedro - Educação e Reabilitação de Cidadãos com Deficiência (todo o tipo de roupa).

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Plantação de árvores em Monchique - I

Trabalho Voluntário - SPA – Floresta SOS
Plantação de árvores

A Fundação Kangyur Rinpoche, precisa de voluntários para participar no próximo fim de semana, 22 e 23 de Novembro, na "SPA- Floresta", no C. da Águia, Monchique. A tarefa: plantar cerca de 700 árvores:

- 500 alfarrobeiras
- 200 pinheiros mansos

Programa:
- Abertura de covas 40 x 402
- Plantação das árvores
- Controle de acácias
- Limpeza de um tanque de rega

Deslocações: De modo a que as deslocações de carro sejam do ponto de vista económico e ecológico o mais bem sucedidas, pede-se a quem tenha lugares no carro ou precise de boleia o diga de modo a gerirmos da melhor forma, a logística dos transportes.

Alojamento: Existe a possibilidade de ficar no "Abrigo da Montanha" (fica na estrada da Foia); o custo do quarto para duas pessoas é de 15 euros/pessoa (sem pequeno almoço) e com pequeno almoço são mais 5 euros. Existe ainda a possibilidade de ficar na "Bica Boa" e em Karuna.

Recomendações: É aconselhável levar roupas velhas, galochas e umas boas luvas de jardinagem para proteger as mãos; podem trazer tesouras de poda ou outros equipamentos que julguem adequados para este conjunto de actividades.

Quem estiver interessado em participar, por favor, contactar Dulce Alcobia:

Telemóvel: 968059244 (até 6ª feira)

E-mail: dulcealcobia@gmail.com (até 5ª feira)

sábado, 15 de novembro de 2008

EXPOSIÇÃO «OLHARES»

Integrado nas comemorações dos 130 anos do Jardim Botânico, do Museu Nacional de História Natural da Universidade de Lisboa, foi inaugurado no dia 11 de Novembro, a exposição “Olhares” - esculturas de ar livre realizadas pelos alunos recém licenciados em escultura da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. As obras encontram-se integradas por todo o espaço do Jardim e podem ser vistas até 11 de Março. Ao mesmo tempo abriu ao público, no antigo Palmário, a exposição “Olhares Intimistas” - exercícios de autoretrato - também pelos mesmos alunos (até 10 de Janeiro).

Horário de ambas as exposições: de 2ª a Domingo, entre as 10h00 e as 18h00.

“Escultura é o corpo efectivo, tridimensional, que fica depois de concluídos os processos conceptuais que permitem o desenvolvimento técnico de uma ideia. Escultura é um processo mental que, juntamente com um determinado conhecimento técnico, permite a realização de um objecto tridimensional, concreto. Escultura são sistemas de relações e de causa/efeito que resultam em objectos fruíveis esteticamente.

De uma maneira, ou de outra, é também isto que se aprende no Curso de Escultura da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e é o resultado deste processo físico-mental que podemos observar nas esculturas expostas.

Ferro, madeira, performance, pedra, plástico, pano, vidro, etc, são matérias, meios de uso comum que permitem a visibilidade objectual necessária, mas as formas que vemos são sempre o resultado da expressão idiossincrática de cada um.”

FOTO: a obra «AMA-ME» de Laca = la salete. No Arboreto, ao fundo da escadaria monumental. O Jardim Botânico bem precisa de ser amado!

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

AS ÁRVORES e os LIVROS: Ramos Rosa

O Jardim

Consideremos o jardim, mundo de pequenas coisas,
calhaus, pétalas, folhas, dedos, línguas, sementes.
Sequências de convergências e divergências,
ordem e dispersões, transparência de estruturas,
pausas de areia e de água, fábulas minúsculas.

Geometria que respira errante e ritmada,
varandas verdes, direcções de primavera,
ramos em que se regressa ao espaço azul,
curvas vagarosas, pulsações de uma ordem
composta pelo vento em sinuosas palmas.

Um murmúrio de omissões, um cântico do ócio.
Eu vou contigo, voz silenciosa, voz serena.
Sou uma pequena folha na felicidade do ar.
Durmo desperto, sigo estes meandros volúveis.
É aqui, é aqui que se renova a luz.

António Ramos Rosa

FOTO: o Arboreto visto da Classe do Jardim Botânico

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Jardim Botânico de Lisboa comemora hoje 130 anos

in Público, 11 de Novembro de 2008

«A exposição ao ar livre de 30 esculturas e 20 auto-retratos de alunos de Belas-Artes é uma das iniciativas que assinalam a efeméride na Rua da Escola Politécnica

Um workshop científico sobre o papel dos jardins botânicos, o lançamento de um livro e uma exposição de auto-retratos e de esculturas assinalam hoje as comemorações dos 130 anos do Jardim Botânico, em Lisboa. Conservação e Biodiversidade: O papel dos jardins botânicos, O papel dos jardins botânicos na estratégia de conservação e A conservação ex situ são alguns dos temas do workshop a debater durante o dia em que o Jardim Botânico da Universidade de Lisboa assinala os seus 130 anos. Durante a tarde, os temas em análise são A estratégia global da conservação e a Disponibilidade da informação e "conhecimento mútuo".

Durante a tarde, será ainda lançado o livro Jardim Botânico da Universidade de Lisboa - Flores, da autoria de Ireneia Melo (texto) e José Cardoso (fotos) a apresentar por Fernando Catarino, antigo director do Jardim Botânico. Será também inaugurada a exposição de jóias e objectos E da semente fez-se jóia, da autoria de Maria João Bahia, cujas peças são criadas com sementes de espécies do Jardim Botânico que fazem parte da colecção do banco de sementes António Luís Belo Correia. A inauguração de uma exposição com 30 esculturas ao ar livre e de uma outra com 20 auto-retratos de alunos finalistas do curso de Escultura da Faculdade de Belas-Artes de Lisboa integra também o programa das comemorações. Bruno Nordlund, um dos organizadores da exposição, disse à agência Lusa que a mostra visa chamar a atenção "para a crise que atinge o Jardim Botânico e para as potencialidades" que aquele espaço tem para a realização de várias iniciativas. "É fundamental não deixar morrer o Jardim Botânico, bem como dar-lhe uma nova vida", disse, sublinhando tratar-se de um "espaço único" que, "apesar de se situar na cidade de Lisboa, é um património de todos os portugueses".

Criado em 1878, a data institucionalizada para assinalar o aniversário do Jardim Botânico foi o 11 de Novembro, dia do armistício da I Grande Guerra. As comemorações dos 130 anos do jardim situado entre a Rua da Escola Politécnica e o Parque Mayer, junto à antiga Faculdade de Ciências, visam mostrar as vertentes científica, de divulgação, artística, cultural e formativa que caracterizam o Jardim Botânico e o vizinho Museu Nacional de História Natural. Por coincidirem com o dia de São Martinho, as comemorações terminam com magusto e água-pé.»

terça-feira, 11 de novembro de 2008

130 ANOS DO JARDIM BOTÂNICO: um paraíso mal amado no coração da cidade?

"Os jardineiros que conheci, para não serem vaidosos, bastava-lhes amarem os jardins."

Antoine Saint-Exupéry

Após 130 anos, o que é que sobrevive do Jardim Botânico? Uma sombra perfumada e colorida? Uma ruína assistida pelos homens? Um nobre projecto abandonado a meio? Uma memória sem músculo? Uma bela vocação adormecida? Um paraíso mal amado no coração da cidade? O que é o Jardim Botânico, hoje, no dia do seu 130º aniversário?

130 ANOS DO JARDIM BOTÂNICO: programa

09:00 – 17:00 – Workshop Científico "Conservação e Biodiversidade: o Papel dos Jardins Botânicos" (Anfiteatro Aurélio Quintanilha).

Apresentação:
Neste workshop, que dá início às comemorações dos 130 anos do Jardim Botânico da Universidade de Lisboa e se insere nos 125 anos de saber tropical promovidos pelo Instituto de Investigação Científica Tropical (que integra o Jardim Botânico Tropical), pretende-se responder a perguntas de relevância nacional e internacional: Como é que os Jardins Botânicos, como instituições científicas, têm contribuído para a avaliação da biodiversidade nacional? Que compromissos internacionais e nacionais foram ou puderam ser cumpridos? Como têm procurado divulgar as suas colecções e os seus trabalhos de investigação? Qual a motivação dos investigadores para a disponibilização e o "conhecimento mútuo" da biodiversidade nacional?

09:00 - Recepção dos convidados e participantes
09:30 - Sessão de Abertura

1ª sessão - O papel dos Jardins Botânicos na estratégia da conservação
Moderadores: Dalila Espírito Santo/Rui Figueira
09:45 – Suzanne Sharrock (Botanical Garden Conservation International) - The role of botanic gardens in plant conservation
10:15 – 11:15 – Comunicações orais
11:15 – Coffee-break

2ª sessão - A conservação ex situ
Moderadores: Adelaide Clemente/Helena Cotrim
11:30 – Simon Linington (Kew Garden - ENSCONET) - Seed conservation strategy
12:00 – 12:30 – Comunicações orais
12:30 – 14:00 – Lunch

3ª Sessão - A estratégia global da conservação
Moderadores: Mário Silva/Cristina Antunes
14:00 – Instituto Conservação da Natureza e Biodiversidade - A estratégia de conservação a nível nacional
14:30 – 15:30 – Comunicações orais
15:30 – Coffee-break

4ª Sessão - Disponibilização da informação e "conhecimento mútuo"
Moderadores: Jorge Braga de Macedo/Maria Amélia Martins Loução
15:45 – 17:00 – Painel de Discussão

17:00 - Inauguração da exposição "Olhares intimistas - exercícios de autoretratos " alunos finalistas de escultura da Faculdade de Belas Artes (antigo Palmário do Jardim Botânico). Abertura ao público da exposição "Olhares"- esculturas de ar livre.

18:30 - Lançamento do livro "Jardim Botânico da Universidade de Lisboa - Flores". Apresentação Fernando Catarino (Anfiteatro Aurélio Quintanilha).

19:00 - Inauguração da exposição de jóias e objectos "E da Semente fez-se Jóia" da autoria de Maria João Bahía (Banco de Sementes do MNHN).

Magusto e Água Pé

130 ANOS DO JARDIM BOTÂNICO: 11-11-2008

UM PARAÍSO A DESCOBRIR NO CORAÇÃO DA CIDADE

O Jardim Botânico da Universidade de Lisboa (MNHN), criado em 1878, comemora 130 Anos. Dia 11 de Novembro, dia do armistício da I Grande Guerra foi a data institucionalizada para estas comemorações.

Esta instituição foi desde o início vocacionada para a divulgação, ensino, investigação e conservação dos recursos vegetais. Com enormes carências em recursos financeiros e humanos, o Jardim Botânico tem conseguido desenvolver, nos últimos 5 anos, um valioso programa de Educação Ambiental, sempre com conteúdos inovadores sobre a biodiversidade, suas ameaças e conservação, dando resposta às solicitações mais actuais.

O Jardim Botânico tem assumido a sua missão de sensibilizar políticos e populações para o imperativo estabelecimento de uma estratégia nacional de desenvolvimento sustentável.
Encontrando-nos em contagem decrescente para 2010, ano em que pelo menos 60% da flora ameaçada deveria estar conservada, é tempo de balanço e de avaliar o que foi feito e o que está por fazer. É neste contexto que os Jardins Botânicos têm papel relevante por serem locais de conservação, museus vivos de colecções de plantas, amostras de ecossistemas com uma biodiversidade particular, mas sobretudo locais de investigação com responsabilidade de alterar ou evitar a perda de diversidade a nível nacional, contribuindo com os compromissos globais a nível internacional.

O nosso compromisso é cada vez maior no desenvolvimento de investigação credível e continuada sobre a biologia e ecologia das espécies, na integração desse conhecimento nos sectores públicos e político-económicos, na definição de medidas de gestão mais adequadas de forma a adaptar os interesses económicos à preservação dos habitats naturais, no apoio aos decisores políticos para o cumprimento das metas a nível internacional e na disponibilização e divulgação dos dados das nossas colecções e conhecimento.

As comemorações dos 130 anos vão procurar mostrar a vertente científica, de divulgação, artística, cultural e formativa que o Jardim Botânico do MNHN pode oferecer. O programa é ambicioso mas pretende continuar a linha de trabalho iniciada há 5 anos: virar-se e estar aberto à cidade de Lisboa, desenvolvendo conhecimento sobre a biodiversidade e sua conservação, estimulando a cultura, educação e o desenvolvimento económico e social, e procurando integrar os interesses da cidade.

FOTO: a extraordinária biodiversidade do Jardim Botânico

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Blogues estão a (re)acender debate sobre as cidades

in Público, 9 de Novembro de 2008, Alice Barcellos

Os assuntos ligados a cidades são cada vez mais comuns na blogosfera do país. São intervenções que contribuem para a participação cívica e promovem a reflexão

Há uns anos, um cidadão que quisesse participar de forma activa na vida da sua cidade tinha poucas hipóteses de ser ouvido. Se a vocação fosse muita, poderia tentar entrar no mundo político; se não fosse este o caso, sobravam as hipóteses de recorrer às reuniões da câmara municipal ou tentar entrar em contacto com algum dirigente. Hoje, quem tem algo a dizer sobre a cidade onde vive pode criar um blogue. E já são muitos os que fazem isto.

Os blogues que dedicam as suas páginas e posts sobre assuntos relacionados com uma cidade são cada vez mais frequentes em Portugal. Com mais ou menos qualidade e credibilidade, é possível encontrar na blogosfera portuguesa espaços que discutem o país de norte a sul à distância de um clique. Até que ponto estes blogues são uma nova ferramenta de participação cívica ou constituem um local de difamação e crítica do sistema político estabelecido? João Canavilhas, professor de comunicação na Universidade da Beira Interior e investigador no Labcom (Laboratório de Comunicação Online), considera que a resposta para esta questão centra-se "nos objectivos de quem administra o blogue".

"Um blogue genuinamente produzido por um cidadão, ou um grupo de cidadãos, sem interesses políticos é uma excelente forma de participação cívica", diz o investigador, realçando que "muitos destes blogues nascem da impossibilidade do comum cidadão publicar nos jornais regionais". Por outro lado, João Canavilhas não se esquece de referir a outra face de blogues urbanos: "Há blogues que são apenas mais um palco para as oposições e blogues anónimos que servem apenas para achincalhar os autarcas".

Da discussão cívica...
Os blogues "permitem a qualquer cidadão ter voz na sua comunidade", apesar de ainda estarem dependentes da "amplificação da imprensa tradicional" para ganharem mais reconhecimento público, defende João Canavilhas. "Estes blogues continuam a ganhar terreno e penso que nas próximas autárquicas já serão um importante espaço de debate", completa o investigador. Entre os administradores dos principais blogues urbanos do país, a opinião é quase unânime: os blogues surgiram para colmatar a falta de discussão pública sobre os assuntos locais e tentar melhorar aquilo que está mal. Um exemplo já conhecido é o blogue A Baixa do Porto. Surge em 2004 na sequência do encerramento de um fórum on-line criado pela Câmara do Porto para discutir a revisão do Plano Director Municipal. "Quando esse espaço fechou, os seus frequentadores habituais ficaram "sem abrigo" e eu resolvi lançar uma alternativa que mantivesse a característica de praça pública, ou seja, de um local onde qualquer pessoa pudesse se exprimir", conta ao PÚBLICO o criador e administrador do A Baixa do Porto, Tiago Azevedo Fernandes, também conhecido pelas iniciais T.A.F. "Verifiquei que havia muitas cabeças a pensar, mas não estavam, na altura, disponíveis ferramentas adequadas para permitir a troca eficaz de ideias nem para a formação sustentada e construtiva de opinião", recorda-se. Hoje, o A Baixa do Porto recebe cerca de 1000 visitas diárias e conta com textos de membros do "executivo e da oposição autárquica", além de outros especialistas. Tiago Azevedo Fernandes acredita que a diversidade de opiniões é um dos factores para o reconhecimento do blogue, ao qual também se juntam "a necessidade que a sociedade civil sente em agir" e a existência de "regras claras de participação". No A Baixa do Porto, os textos publicados devem ter "impacto na vida" da cidade e cumprir "regras mínimas de civismo", "para que haja uma utilização responsável da liberdade de expressão", explica o administrador do blogue.

... à força da imagem
Para dar mais credibilidade ao seu blogue, Paulo Morgado, criador e administrador do bracarense Avenida Central, optou por identificar-se, contrariando a tendência do anonimato presente em outros espaços virtuais. "Eu penso que a participação deve fazer-se com rosto", afirma o blogger. O Avenida Central, que aparece em 2006, tem como "principal objectivo estimular a reflexão e o debate sobre a cidade e a região, sem deixar de ter um olhar atento à actualidade nacional e internacional", explica Pedro Morgado, que considera "que o número de blogues locais com qualidade ainda é baixo, mas que tenderá a crescer". O administrador vê o Avenida Central, que tem 800 a 1000 visitantes diários, como "mais uma forma de fazer cidadania", justificando que "em Braga a discussão pública é muito rara". Como facto mais mediático lançado pelo blogue, Pedro Morgado destaca "a Petição pelo Regresso do Eléctrico que resultou em várias iniciativas e tomadas de posição tanto na Assembleia Municipal de Braga como no próprio executivo municipal".

Quando a discussão virtual tem repercussões na vida real, o objectivo de certos blogues é concretizado. Aconteceu com o Avenida Central, com o A Baixa do Porto e acontece com o recente, mas já bastante conhecido, Lisboa S.O.S. Preocupado com o "estado de degradação" da capital, o Lisboa S.O.S. aposta, sobretudo, no impacto da imagem."As pessoas estão cansadas de muito texto", explica um dos criadores e administradores do blogue que prefere manter o anonimato, realçando que o faz "não para esconder mas para que o blogue seja de todos e não seja de ninguém". "Não queremos ligar o blogue a nenhum nome", diz o administrador. Terreiro do Paço, Jardim Botânico, Mosteiro dos Jerónimos e outros locais emblemáticos de Lisboa já foram alvo das lentes atentas dos cinco participantes do blogue, que também se preocupa com problemas de certas freguesias ou bairros. O Lisboa S.O.S. conta com oito colaboradores que mandam fotografias, mas, todos os dias, recebem centenas de comentários e e-mails, que vão desde o apoio pelo trabalho feito no blogue até a denuncia de outras situações."Sabemos que a câmara e as juntas de freguesia vêem o blogue", conta um dos administradores, afirmando que "o blogue tem mais actuação a nível de micro-situações e alerta para problemas 'macro'". Além do trabalho de denúncia, o blogue também mostra o lado positivo de certos factos, por exemplo, quando as situações problemáticas ou degradadas são arranjadas. Também através de fotografias, o blogue A Cidade Surpreendente pretende mostrar o lado belo e contemplativo do Porto. O criador e administrador, Carlos Romão, vê no blogue "um acto de devoção com o Porto e uma prova de amor pela cidade". E como a degradação do património não passa despercebida, Carlos Romão decidiu criar o blogue A Outra Face da Cidade Surpreendente, porque não era justo mostrar só a parte bela da cidade", explica.

FOTO: Olhar a cidade... a Igreja da Graça vista do Jardim Botânico.

Peão esquecido é o elo mais fraco da vida do Largo do Rato

in Público, 9 de Novembro de 2008, Inês Boaventura

Estudo sobre fluxos pedonais concluiu que o largo só se torna "realmente humano" em ocasiões específicas como manifestações

O Largo do Rato, em Lisboa, é "um lugar hostil e perigoso para o peão", onde todos aqueles que não circulam em veículos motorizados foram afastados da parte central do largo e confinados às "zonas marginais" da praça e ao espaço privado dos pequenos comércios, que "tem vindo a tornar-se o único espaço de convivência possível".

Estas são algumas das conclusões da pesquisa desenvolvida entre Setembro de 2006 e Setembro de 2007 pelo investigador francês Aymeric Böle-Richard, no âmbito de um doutoramento em antropologia social. O trabalho, que procura dar conta daquilo que significa ser peão numa praça de Lisboa definida como "um exemplo paradigmático da recente motorização da sociedade portuguesa", deu origem ao livro Pedonalidade no Largo do Rato: Micropoderes, que será lançado na quarta-feira, numa edição daAssociação de Cidadãos Auto-Mobilizados. paralelamente à realização do colóquio O Peão e a Cidade, no Goethe-Institut de Portugal, em Lisboa. Para Böle-Richard, o objecto da sua pesquisa pode ser encarado "como um símbolo da situação rodoviária geral de Lisboa e, portanto, de um processo de alienação e delapidação da cidadania pedonal e do espaço dito 'público', em benefício de uma sociedade motorizada desigual e cada vez mais constrangedora".

Itinerários impostos
O investigador defende que a "intensidade maciça do trânsito rodoviário" e o "agenciamento impositivo da mobilidade pedonal", em que as guardas metálicas, os pilaretes e as passadeiras "impõem determinados itinerários ao peão", foram os responsáveis pelo "processo centrípeto de afastamento do cidadão peão da parte central do largo". O resultado, diz, é "a agonia lenta e dolorosa de um espaço que devia ficar um lugar público, isto é, de encontros, de diálogo e de vivência". Böle-Richard fala mesmo numa "inversão dos papéis entre espaço privado e espaço dito público", já que o Largo do Rato passou de espaço de "convivência" a espaço de "atravessamento", fazendo com que os estabelecimentos comerciais nas suas margens se tenham tornado "o único espaço de convivência possível, concentrando as sociabilidades mais 'tradicionais' de rua". Actualmente, afirma, "para conviver, torna-se necessário entrar num café, numa loja, ou seja, em lugares privados que implicam o dispêndio de dinheiro, esquecendo a premência de utilizar o espaço público do Rato, dando-o desta forma, à partida, como perdido para o automóvel".

Manifestação/metamorfose
Apesar desta realidade e de o largo se transformar num "local desertificado" aos fins-de-semana, "altura em que os tais espaços comerciais estão encerrados", Böle-Richard sublinha que "de vez em quando ainda pode observar-se formas espontâneas de encontro e de ocupação cidadã do espaço público". Como exemplo, o antropólogo aponta "a manifestação dos sindicatos do 2 de Março de 2007", em que "durante cerca de uma hora e meia o largo metamorfoseou-se num espaço realmente humano". Mas Böle-Richard aponta ainda outros factores que contribuem para a hostilidade do Largo do Rato: "Poluição hedionda devido a emissões de CO2 e monóxido de carbono por parte do trânsito rodoviário; ausência de fonte pública de água; escassez de vegetação - o largo contabiliza apenas 18 pequenas árvores situadas em locais pouco frequentados pelos peões". Em suma, diz o investigador, "o peão parece ter sido esquecido, enquanto elemento participante da vida do largo".

Na sua pesquisa, o antropólogo procurou ainda observar as "relações de força" que se estabelecem entre os condutores e peões, tendo notado que os últimos "geram estratégias temporárias espontâneas de resistência relativamente ao poder impositivo do trânsito e da própria organização infra-estrutural do referido largo". Isto acontece, por exemplo, quando o peão abandona o passeio e caminha pela estrada ou, como coloca Böle-Richard, quando este, "para retomar posse do espaço cívico que jamais devia ter deixado de ser seu, a rua, se atreve a abandonar as estruturas autoritárias que lhe estão destinadas". Para esta atitude dos peões contribuem, segundo o antropólogo, a ocupação dos passeios com estacionamentos abusivos, com lixo, obras e outros obstáculos, bem como o facto de alguns passeios serem demasiados estreitos para permitirem, por exemplo, a passagem de um carrinho de bebé ou de uma cadeira de rodas.

Gosto pelo risco
Outro problema apontado por Böle-Richard é o dos "semáforos pedonais com tempos de verde curtíssimos", que "incentivam" o peão a atravessar com o vermelho. Apesar disto, o investigador reconhece que algumas das "afrontas" dos peões ao Código da Estrada e à "sua própria segurança" se devem à "falta de civismo". "Seja para atalhar uma trajectória ou para ganhar tempo, os peões revelam um gosto bastante pronunciado pelos comportamentos e percursos arriscados", diz Böle-Richard, notando que estes comportamentos "caracterizam todas as faixas etárias e camadas da população".

O medo de atravessar a estrada
O Largo do Rato é ou não um ponto negro na sinistralidade rodoviária da cidade? O Largo do Rato só não é considerado um ponto negro na sinistralidade rodoviária em Lisboa - conceito que o antropólogo Aymeric Böle-Richard diz ser "contestável, segundo o ponto de vista do cidadão peão" - porque "o seu índice anual de mortalidade e de feridos graves registados no local não ultrapassa o limite daquilo que é politicamente aceitável". Mas a realidade é outra, sublinha Böle-Richard no seu estudo, quando constatou que nesta praça de Lisboa o peão "tem medo de atravessar a estrada, que também pensa duas vezes antes de sair de casa, que reduz propositadamente as suas deslocações no local e, pior ainda, porque abandona progressivamente o espaço cívico para se refugiar dentro de zonas comerciais, nos jardins dos arredores ou até em condomínios". Nesse sentido, uma das conclusões do trabalho do antropólogo é que "entre a situação real do Largo do Rato e o discurso oficial existe um abismo". Böle-Richard acredita que isto acontece porque o último se baseia numa análise "apenas em termos de fluxos motorizados", que não tem em conta "a realidade vivida pelos seus utentes".

FOTO: Largo do Rato em 1917. Fotógrafo Joshua Benoliel. Fonte: Arquivo fotográfico Municipal. Actualmente há apenas 18 árvores no Largo do Rato, onde não há fonte de água e abundam as emissões de monóxido de carbono.

sábado, 8 de novembro de 2008

Orçamento Participativo: Proposta da LAJB seleccionada! Jardim no Largo Hintze Ribeiro

Começa hoje a 2ª fase do processo do Orçamento Participativo (OP) em Lisboa. As mais de 600 propostas apresentadas na 1ª fase pelos cidadãos já foram analisadas tecnicamente pelos serviços da Câmara. Um dos projectos da LAJB foi escolhido para esta 2ª fase! Trata-se da Requalificação do Largo Hintze Ribeiro.

Solicitamos agora, até ao dia 14 de Novembro, que consultem as propostas seleccionadas, e votem nas três que gostariam de ver inscritas no Plano de Actividades da CML para o ano de 2009.

Para tal, basta aceder ao sítio do OP (www.cm-lisboa.pt/op), com a sua palavra-chave. Relembramos que para votar é necessário proceder previamente ao registo. Trata-se de uma operação que demora apenas 1 minuto. Se já se registou na 1ª fase, não necessita de voltar a fazê-lo. Até dia 14 de Novembro, será possível o registo no sítio do OP e concretizar a votação on-line.

Os projectos mais votados nesta 2ª fase serão integrados no orçamento municipal até ao valor de 5 milhões de euros, montante definido pela Câmara para afectar ao orçamento participativo.

Para poder votar, seleccione a área ou as áreas que pretende e vote nos projectos que lhe são apresentados. Pode votar num máximo de três projectos, por ordem de prioridade (de 1 a 3, sendo 1 o mais importante), desde que a soma dos projectos não exceda o valor máximo de 5 milhões de euros. Os três projectos poderão ser todos da mesma área ou não. Existem 88 projectos distribuídos pelas três áreas de intervenção mais pontuadas na 1ª fase do orçamento participativo:

Espaço Público e Espaço Verde: 61 projectos

Infraestruturas Viárias, Trânsito e Estacionamento: 24 projectos

Urbanismo e Reabilitação Urbana: 3 projectos

Participe! Vote no projecto da LAJB! Solicitamos que reencaminhem este mail para todos os possíveis interessados neste processo.

FOTO: Projecto da LAJB para um Jardim no Largo Hintze Ribeiro mais perto de ser uma realidade.

Lisboetas querem mais JARDINS e ÁRVORES

in Público, 8 de Novembro de 2008

Resolver os problemas do trânsito e recuperar os espaços verdes devem ser as principais prioridades de investimento, dizem cidadãos

Os lisboetas querem ver actuar as autoridades no estacionamento ilegal. Querem menos carros na cidade e passeios mais largos, para poderem passear à vontade, e também mais espaços verdes.

Hoje é o primeiro dia de votação das propostas que os cidadãos - lisboetas e não só -apresentaram para o orçamento de 2009 da Câmara de Lisboa. E as prioridades de investimento escolhidas vão precisamente para as questões relacionadas com o trânsito e com os espaços verdes. A autarquia reservou cinco milhões de euros para o chamado orçamento participativo. Esta verba será gasta consoante os desejos dos munícipes. Após a fase inicial de apresentação de propostas, volta agora a caber aos cidadãos escolher as ideias que mais lhes agradam, através do site da câmara (www.cm-lisboa.pt/).

Uma das sugestões mais frequentes relaciona-se com a adopção de medidas para acabar com o estacionamento selvagem em cima dos passeios. São vários os munícipes que sugerem que se limite a entrada de carros na cidade, nomeadamente através de portagens, e o aumento do número de bairros históricos sem trânsito. "Se brevemente nada se fizer para recuperar o Largo da Graça, então mais vale alterar a toponímia para Parque de Estacionamento da Graça", observa um morador.

O fim do estacionamento em segunda fila na cidade é igualmente alvo de vários pedidos, tal como a reparação de ruas e passeios. São quase todos eles problemas que o presidente da câmara, António Costa, prometeu resolver com urgência durante a campanha eleitoral, mas que continuam a incomodar quem mora na cidade.

No que aos espaços verdes diz respeito, as prioridades de investimento reivindicadas pelos cidadãos vão não apenas para a criação de novos jardins mas também para a reabilitação dos existentes. Coisas tão simples como, por exemplo, a reconstrução daquele que existe entre o Cais das Colinas e o Cais do Sodré, uma zona privilegiada de passeio à beira-rio, no centro da cidade, que, a pretexto das obras do metropolitano e das agências europeias, foi transformado num local de estacionamento clandestino de veículos pesados. Ou a zona envolvente do Palácio da Ajuda, que continua, apesar das promessas camarárias, em estado de degradação, conforme critica um munícipe que tomou igualmente parte na primeira fase da preparação do orçamento participativo.

Foram cinco centenas as pessoas que participaram nesta consulta da Câmara de Lisboa, 290 das quais homens. Além do trânsito e dos espaços verdes/espaços públicos, a reabilitação urbana e o urbanismo foi a terceira área mais abordada, tendo os assuntos de cultura ficado em quarto lugar nas prioridades dos cidadãos. Os serviços camarários estiveram até ontem a transformar estas sugestões em propostas, consoante a sua exequibilidade. São essas propostas que estão à votação a partir de hoje, e durante toda a semana. É o caso, por exemplo, da criação de uma zona de recreio de grandes dimensões e para todas as faixas etárias no Parque Eduardo VII, com custo estimado em 250 mil euros. Ou da plantação de árvores no Terreiro do Paço, que poderá custar outro tanto."Pelo enorme contraste entre aquilo que os cidadãos querem e aquilo que os serviços e os responsáveis camarários pensam que eles querem, o orçamento participativo é pedagógico para estes últimos", disse ontem António Costa num balanço dos primeiros quatro meses da aplicação do programa de simplificação dos procedimentos administrativos do município. "

FOTO: O Jardim do Campo Pequeno visto da Rua Chaby Pinheiro. A recuperação de jardins e a arborização de arruamentos foram das prioridades mais reivindicadas pelos lisboetas no âmbito do OP.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

LISBOA, TEJO E TUDO

In Público, 5 de Novembro de 2008, Helena Matos

«Soltam-se ais por causa de um prédio no Rato, enquanto a cidade assiste impávida à degradação do Jardim Botânico»

As cidades têm mercados e cemitérios. Aeroportos e estações. Algumas, como Lisboa, também têm portos. Isto pode parecer óbvio, mas não é de mais repeti-lo quando vemos as questões de ordenamento do território restringidas a uma espécie de capítulo duma revista de decoração e consensualmente instituído que para evitar polémicas a cidade deveria ser uma espécie de continuum de cafetarias, com empregados de aventais pretos, espaços ditos culturais com muitas valências e articulações multidisciplinares, quiçá multiculturais, e prédios, de preferência baixinhos.Vem isto naturalmente a propósito da ampliação do cais de contentores de Alcântara. Contudo, antes de lá chegarmos, convém lembrar que Lisboa é uma cidade suja e degradada, onde o poder gasta o dinheiro dos contribuintes em obras de utilidade questionável e manutenção rapidamente esquecida. (...)

Seja portanto pela profusão dos monos recentemente construídos ou pelo balanço do muito que se tem destruído, temos sido levados a defender que, na dúvida, não se faça. Assim soltam-se ais desesperados por causa da construção dum prédio no Largo do Rato, na mesma cidade que assiste impávida à degradação do Jardim Botânico uns passos mais à frente, do cinema Europa mais acima, ou ao roubo dos azulejos das fachadas oitocentistas.

Nesta perspectiva da cidade enquanto mesinha redonda duma salinha de tias - arruinadas e desmazeladas, mas tias! -, aquilo que não se vê não interessa. Por exemplo, é praticamente impossível suscitar a mínima atenção em quem quer que seja para o plano de drenagem da cidade, sendo certo que as lacunas, os erros e os muitos preconceitos existentes nesta matéria nos entram pela porta dentro cada vez que chove.

Ao contrário de muitas outras pessoas, profundamente conhecedoras do universo das cargas e descargas, não faço a menor ideia se Lisboa precisa da ampliação deste cais. Mas gostaria de saber. Por exemplo, ao ouvir o primeiro-ministro dizer que toda esta obra servirá para desbloquear o problema económico que afecta o porto de Lisboa, e, por arrasto, todo o país, vem-me imediatamente à lembrança o conto da leiteira que ia enriquecer vendendo leite e comprando ovos, que por sua vez davam patinhos, que por sua vez davam mais ovos e que acabou estatelada no chão mais o leite e as fantasias. "Todo o país por arrasto"? Declarações destas teriam arruinado o sossego de vários chefes de governo em Portugal mas agora não só são banais como já ninguém espera uma posição que não seja de absoluta subserviência e encadernação verde do projecto por parte daquele senhor que faz de conta que é ministro do Ambiente e do Ordenamento.

De igual modo, gostaria de ser esclarecida sobre se o melhor local para esse cais será Alcântara, como defende o actual Governo e o actual presidente da CML, ou Setúbal e Sines como diz o Movimento Lisboa É das Pessoas. Mais Contentores Não e propõe o anterior presidente da CML Carmona Rodrigues.

Aproveitando o balanço da polémica também podemos ser esclarecidos sobre a efectiva utilização dos edifícios e terrenos da Docapesca, na zona de Algés, e toda aquela traquitana que se acumula entre o cais da Matinha e Santa Apolónia; se nos vamos continuar a dar ao luxo e à loucura de mantermos longe da cidade a estação da Rocha do Conde de Óbidos e já agora também não desgostaria de ser mais informada sobre a actuação dos piquetes de trabalhadores perante aqueles que consideram que põem em causa os seus postos de trabalho e se se justifica que se prolongue por mais 27 anos a concessão do cais à Liscont/Mota Engil.

Não tenho grandes ilusões sobre a possibilidade de ver todas estas minhas questões esclarecidas, mas do que tenho absoluta certeza é que não fosse a CML actualmente da responsabilidade do PS já inúmeras vozes da cultura e da cidadania socialista tinham rumado para as margens do Tejo onde, sob o alto patrocínio das Tágides, leriam poemas alusivos à partida do Gama, às grilhetas do fascismo, às mordaças do PREC e claro acabavam a performance denunciando as ligações da Mota Engil à Administração Bush, responsável directa pela subida galopante, não das águas do mar porque entretanto o apocalipse climático foi substituído pelo apocalipse económico, mas sim da altura dos contentores. (...)

Mas como estamos em 2008, no terceiro ano da era Sócrates, não é suposto que o povo tenha dúvidas sobre o superior esclarecimento dos desígnios governamentais. Isso era coisa dos tempos passados. Por ironia, José Sócrates pode agora estar a experimentar nesta contestação à NovAlcântara as consequências de o PS ter alinhado com o que de mais demagógico existiu na oposição às obras do cavaquismo. Eu, que até gosto de portos, que detesto cidades assépticas e que sobre a NovAlcântara só tenho a certeza que o nome é uma pepineira, espero bem que sobre esta obra exista a discussão que não se conseguiu fazer sobre Foz Côa."»

FOTO: o Tejo, visto do Castelo de São Jorge.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Serviço de Arboricultura de Serralves: visita de inspecção ao Jardim Botânico

Preocupada com o abandono e a falta de conservação do património arbóreo do Jardim Botânico, a LAJB solicitou no passado dia 21 de Outubro a visita de especialistas do Serviço de Arboricultura da Fundação de Serralves.

No dia 5 de Novembro, o arboricultor Jorge Rocha realizou a primeira inspecção ao Jardim Botânico. O diagnóstico das árvores da Classe e do Arboreto decorreu entre as 11:00 e as 15:30.

Esta iniciativa da LAJB tem como objectivo orçamentar trabalhos de gestão e conservação do património arbóreo. No âmbito de um plano de melhoramentos das colecções vivas, a LAJB pretende patrocinar a valorização e manutenção das árvores do Jardim Botânico. Actualmente existem alguns espécimes arbóreos que precisam de tratamento urgente. As intervenções irão abranger: limpeza de ramos mortos; tratamento de cortes, feridas e cavidades; escoramento; tratamentos fitossanitários; abate e desmonte (árvores mortas ou em debilidade crítica).

A Fundação de Serralves foi pioneira em Portugal na gestão, preservação, conservação e manutenção de espécimes arbóreos. O seu Serviço de Arboricultura tem como principais objectivos:

-Divulgar e implementar formas optimizadas de gestão e conservação do património arbóreo, respeitando o valor estético e funcional;

-Garantir a conservação, manutenção e sanidade dos espécimes arbóreos, isolados ou em conjunto;

-Aumentar a esperança de vida dos espécimes e, simultaneamente, a qualidade dos jardins e outros espaços arborizados, promovendo o seu reconhecimento enquanto valor patrimonial.

FOTO: Jorge Rocha, arboricultor da Fundação de Serralves, na companhia de membros da LAJB.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Colóquio Internacional: O PEÃO E A CIDADE

Colóquio Internacional: The Walker and the City

O encontro fortuito entre cidadãos anónimos é a pedra de toque da vida urbana. Os espaços exteriores de atracção de gente são o garante da interacção entre gerações, classes sociais e comunidades, e de construção da "coisa pública". Por toda a Europa, as preocupações ambientais e energéticas, associadas a novas exigências de qualidade na vivência urbana, têm contudo promovido visíveis alterações nos paradigmas ideológicos que balizam o discurso e a prática da gestão urbana.

O presente colóquio procura reflectir, numa perspectiva comparada e a nível europeu, sobre essa categoria funcional da mobilidade urbana, tão ubíqua e estigmatizada que é o "peão". Para tal, foram convocados especialistas europeus de reconhecido mérito em áreas tão diversas como a engenharia de transportes, o urbanismo e as ciências sociais. No contexto deste Colóquio Internacional, é também promovida uma Mesa Redonda juntando investigadores e organizações da sociedade civil portuguesa, onde se procurará fazer uma avaliação da situação da pedonalidade em Portugal.

No final do colóquio será lançado o livro de Aymeric Bôle-Richard, Pedonalidade no Largo do Rato: Micro-poderes.

Dia 12 de Novembro das 9.45h às 18.00h.
Goethe-Institut Portugal
Campo dos Mártires da Pátria, 37
1169-016 Lisboa

Organização: ACA-M, Mestrado em Risco, Trauma e Sociedade - ISCTE, PQN-COST Action 358, Fundação Friedrich Ebert

Inscrições: Tel. 213573375, e-mail: info@feslisbon.org

FOTO: O portão Norte do Jardim Botânico no início do século XX. Quando a Rua da Escola Politécnica ainda era dos peões! Fotografia de Alberto Carlos Lima. Fonte: Arquivo Fotográfico Municipal

domingo, 2 de novembro de 2008

ELÉCTRICO 24 FARIA HOJE 101 ANOS!

Durante quase um século o 24 subiu e desceu a Sétima Colina. A sua vida foi suspensa em Agosto de 1996. Mas logo no ano seguinte foi prometido aos lisboetas o seu regresso em 1998, a tempo da Exposição Universal dos Oceanos - Expo 98. A promessa está por cumprir.

Em 2007 teve início um movimento cívico para trazer de volta o eléctrico 24. O movimento cívico aproveitou o centenário do 24 - o dia 2 Novembro de 2007 - para lançar uma campanha pública que pedia ao novo Presidente da CML e à CARRIS a devolução desta linha de eléctrico clássico.

O regresso da linha 24 beneficiaria não só a mobilidade dos lisboetas em geral, como também o sector do turismo em Lisboa. Segundo as previsões do World Travel and Tourism Council (WTTC), em 2017 a cidade de Lisboa deverá atingir os 3 milhões de hóspedes estrangeiros, ou seja, mais 1 milhão do que em 2007. Ou seja, não será possível oferecer um bom serviço público, não só aos lisboetas como também aos turistas, se em 2017 Lisboa continuar reduzida à mesma oferta de eléctricos clássicos de hoje.

Esta é a única linha que ligava a zona ribeirinha do Cais do Sodré/São Paulo à Sétima Colina: trepando a Rua do Alecrim e da Misericórdia até à Igreja de S. Roque e Jardim de São Pedro de Alcântara, seguindo depois por toda a Rua D. Pedro V e Rua da Escola Politécnica em direcção ao Rato e às Amoreiras. A sua importância para a melhoria da mobilidade da cidade, assim como o seu grande potencial para o desenvolvimento do turismo de qualidade na capital, são evidentes.

O eléctrico 24 já tem o apoio das seguintes instituições da cidade:

-Associação Turismo de Lisboa

-Associação de Valorização do Chiado

-Agência Baixa-Chiado

-Associação dos Comerciantes do Bairro Alto

-Liga dos Amigos do Jardim Botânico

-Centro Nacional de Cultura

CRONOLOGIA DO ELÉCTRICO 24:

2 Novembro 1907: inauguração da linha entre Carmo-Campolide;

13 Setembro 1936: prolongamento de Campolide à Praça do Chile;

17 Janeiro 1974: prolongamento da Praça do Chile à R. Alfândega;

21 Maio 1985: automatização da cobrança da linha 24;

1994: prolongamento ao Cais do Sodré;

27 Janeiro 1991: encurtamento da R. Alfândega ao Alto de S. João;

Agosto 1996: suspensão temporária devido à construção de um parque de estacionamento em Campolide;

20 Novembro 1997: assinado protocolo entre CARRIS e CML para o regresso do 24, Largo do Carmo-Campolide (reabertura prevista para Abril de 1998);

2 Novembro 2007: no dia do centenário o Forum Cidadania LX lança uma petição solicitando ao novo presidente da CML o seu definitivo regresso, conforme prometido aos munícipes em 1997.

FOTO: O eléctrico 24 na Rua D. Pedro V, na direcção do Jardim Botânico, em 1983. Esperamos em breve voltar a ver o 24 em frente do portão do Jardim Botânico! Fotógrafo: Bernd-Kitendorf

sábado, 1 de novembro de 2008

Faltam 100 árvores de alinhamento na envolvente urbana do Jardim Botânico

A Liga dos Amigos do Jardim Botânico (LAJB), na sequência do projecto municipal de substituir todos os cepos da cidade por novas árvores, escreveu no dia 31 de Outubro uma carta ao Vereador José Sá Fernandes a informar dos arruamentos na envolvente do Jardim Botânico onde faltam árvores.

Segundo um inventário, realizado durante o verão por sócios da LAJB, na envolvente urbana do Jardim Botânico faltam 100 árvores de alinhamento - entre cepos, árvores mortas, caldeiras vazias e tapadas (foi entregue a listagem dos locais de cada freguesia).

A LAJB aguarda ansiosamente pela resolução deste problema que tem privado Lisboa de uma importante fonte de qualidade de vida.

FOTO: um dos vários cepos na Rua Braamcamp